quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A INDEPENDÊNCIA NACIONAL


Em 1 de Dezembro de 1640, alguns fidalgos portugueses restauraram a independência nacional, no que é considerado um acto altamente patriótico. Deve dizer-se, em abono da verdade, que Portugal não perdera a sua independência em 1580, quando Filipe II, pela morte sucessiva de D. Sebastião e do Cardeal D. Henrique,  invadiu o país e se tornou rei de Portugal. Monarca eminentemente burocrata, Filipe II nunca integrou Portugal na Espanha nem sequer criou um novo Estado incluindo as duas nações. O mesmo aconteceu com os seus sucessores. Foram sempre reis de Portugal e de Espanha. Acumularam as duas coroas. E acrescente-se que, face ao direito da época, era Filipe II, por virtude do parentesco, quem, de todos os pretendentes, tinha mais direito ao trono português.

Mas, por razões também compreensíveis, os portugueses não queriam um rei espanhol e apoiaram o golpe de 1640. É curioso notar que muitos anos depois, os espanhóis ofereceram a sua coroa a dois reis portugueses, D. Fernando II e D. Luís, tendo ambos sabiamente recusado a oferta.

Evoco a efeméride, porque os portugueses se encontram em risco de voltar a perder, não a independência total, que já perderam, mas o que ainda resta de soberania nacional. Tendo uma parte desta sido alienada a favor da União Europeia, essa coisa esquisita, hidra de sete cabeças, que dirige a União supostamente a partir de Bruxelas, já que os centros de decisão se encontram algures, a (desastrosa) situação financeira do país em breve levará a que outros, não eleitos por nós, tomem em suas mãos os destinos de Portugal.

Com um Estado profundamente endividado e uma economia débil, entendem os credores que devem ser eles a administrar-nos e parece que os portugueses aceitarão essa tutela sem muitos protestos. Esquecidos que estão que a grave situação a que chegámos é fruto, certamente, de má gestão, incompetência e corrupção internas, mas também das directivas dessa União e de toda a nefasta acção do capitalismo financeiro internacional, que através de propagandas ilusórias convenceu o país a viver acima das suas possibilidades.

Não querendo alargar-me em matéria que todos conhecem, deixo apenas no ar uma pergunta: Haverá ainda em Portugal portugueses como os conjurados de 1640?

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