sábado, 28 de março de 2009

CRIME E CASTIGO



Discute-se na comunicação social o aumento da criminalidade no nosso país. Duvidam os políticos dos números do Relatório de Segurança Interna. É por demais evidente que a criminalidade, pequena, média e grande tem aumentado significativamente; basta ler os jornais, ouvir a rádio, ver a televisão. E tenha-se em conta que muitos dos pequenos crimes, por não serem participados, nem sequer são noticiados e também não constam das estatísticas.

Gerou-se em Portugal, desde a Revolução de Abril, é forçoso reconhecê-lo, um sentimento de impunidade, criado em primeiro lugar pela desautorização das polícias. Depois, as sucessivas reformas da Lei em nada ajudaram, pelo contrário, a conter uma vaga sempre crescente de delitos cuja punição, quando existe, é tão fraca que demonstra que o crime compensa. A hierarquia dos crimes tem andado também ao sabor das flutuações da opinião pública, sem que os legisladores tenham conseguido estabelecer padrões objectivos do grau de gravidade. Há alguns anos atrás, uma jornalista da televisão considerava um simples contacto sexual, numa determinada circunstância, como o pior dos crimes, pior que um homicídio. Com opiniões destas, transmitidas ao público, contribui-se para a subversão de todos os valores e abre-se a porta aos raciocínios mais delirantes.

O crime individual sofisticou-se e apareceram redes do crime organizado, algumas, certamente, de âmbito internacional. Será isto uma inevitabilidade dos tempos que correm. Parece-me que não. Crimes sempre houve, mas a sociedade de consumo, difundida até à náusea pelos meios de comunicação, quer pela publicidade, quer pelas próprias notícias, criou apetências que não estão ao alcance da maioria. E as tentações são grandes, porque mesmo que o espírito estivesse pronto, e não está, a carne é fraca. Uma larga fatia da criminalidade diz respeito aos crimes associados à droga, dos mais vultosos ao pequeno assalto do junkie que quer comprar a sua dose. Há também quem assalte e roube para comer ou dar de comer aos seus; esta versão vai acentuar-se nos próximos tempos. E, como temos sabido, não é despiciendo o crime económico e financeiro que assola os nossos dias.

A descolonização, que não soubemos (ou não pudemos) fazer, contribuiu para encerrar em guetos populações que se marginalizaram da sociedade "integrada". O resultado, ao fim de duas gerações, está aí, ou melhor, está aqui! A imigração também tem contribuído, embora menos do que se julga, para a situação actual. E a supressão de fronteiras, graças a Shengen, foi uma bênção para as máfias internacionais. Sem contar com a livre circulação de capitais, a lavagem de dinheiro, e tantas outras coisas.

QUE FAZER? Legislar com conhecimento das realidades, e com a objectividade possível, para repor a escala de valores tradicionalmente aceite; prender os delinquentes, pelo que é necessário mais polícia e melhor polícia; julgar os criminosos e condená-los a penas efectivas, de acordo com a gravidade dos seus actos. A história do juiz que manda para casa (por ausência ou má interpretação da lei) o criminoso que a polícia acabou de prender tem de acabar, sob pena da total subversão da sociedade portuguesa.

Todo o CRIME merece um CASTIGO. Esta a verdade incontroversa. Tomem-se as medidas necessárias JÁ. Até porque já é tarde. E AMANHÃ será demasiado tarde!

terça-feira, 24 de março de 2009

O ESTADO TOTALITÁRIO

Fui hoje à Loja do Cidadão dos Restauradores tratar da revalidação da minha carta de condução. Preenchi cuidadosamente todos os impressos, porque conheço o zelo inquisitorial com que os funcionários dos serviços públicos analisam todos os papéis. O pedido de revalidação deve ser entregue em duplicado, cada exemplar com uma fotografia colada. EM DUPLICADO, PARA QUÊ? Enfim, procedi em conformidade com as instruções.

Depois de esperar quase duas horas, fui atendido. Para meu espanto, a funcionária reparou que o meu bilhete de identidade (vitalício), que mencionava o concelho e a freguesia, estava desactualizado, já que o local da minha residência fora elevado a freguesia, dentro do mesmo concelho. Assim, e como já não há bilhetes de identidade, deveria requerer o cartão do cidadão, que poderia obter num balcão da mesma Loja do Cidadão. A ela me dirigi mas, não obstante estarmos no princípio da tarde, já não havia senhas.

Voltarei amanhã, sem saber muito bem o que me espera.

Pergunto: que interessa a freguesia no bilhete de identidade, se não figura a morada? O concelho não basta? E também posso mudar-me sem dizer nada a ninguém. A verdade é que continuamos a viver enredados numa teia burocrática que nenhum simplex resolve, pelo contrário. A desconfiança permanente no cidadão, que não evita a prática sempre crescente de crimes, como diariamente se constata, é uma constante dos governantes deste país, supostamente democrático. Quem tem necessidade de obter quaisquer documentos, logo se vê envolvido num processo kafkiano que só com muito paciência, habilidade e em muitos casos dinheiro consegue ultrapassar.

A maioria dos governantes deste país desde 1974, e digo a maioria e não a totalidade porque existiram e existem algumas pessoas de comprovada idoneidade e competência, tratou mais dos seus interesses do que dos interesses da população. Era tempo de se proceder realmente a uma simplificação de procedimentos autêntica e não apenas aparente. A situação com que fui hoje confrontado, e que até poderá ser uma exigência ilegal da funcionária, já que o meu bilhete é vitalício e não mudei de residência, a residência é que mudou de freguesia, facto político ao qual sou absolutamente alheio, comprova o que o que acabei de escrever.

Os portugueses ainda têm de fazer um esforço, um grande esforço, para serem democratas, mas não acredito que o façam!

sábado, 21 de março de 2009

EDIFÍCIO YACOUBIAN


O EDIFÍCIO YACOUBIAN



Quando no Cairo, vindos da praça Tala’at Harb, caminhamos pela rua Tala’at Harb em direcção à praça Uraby, o segundo prédio à nossa esquerda, o nº 34, depois de cruzarmos a rua Abdel Khaliq Tharwat, é o agora famoso Edifício Yacoubian.(1)


Mandado construir em 1934 por um rico negociante arménio – Hagop Yacoubian - este prédio luxuoso do centro da cidade foi habitado por figuras ilustres da política e dos negócios e também por alguns estrangeiros até à revolução de 1952, que levou ao poder Gamal Abdel Nasser. Derrubada a monarquia, nacionalizado o Canal de Suez, substituída a classe dirigente e expulsos os estrangeiros, o Edifício passou a ser habitado por famílias de jovens oficiais revolucionários e as arrecadações existentes no terraço, uma por cada apartamento, passaram a albergar famílias pobres da província, chegadas ao Cairo em busca de melhor sorte. Conservando ainda traços de um passado distinto e ocupado hoje por escritórios, residências, consultórios, até uma modesta pensão - o Brothers Hotel – e lojas ao nível da rua, o Edifício Yacoubian, tornou-se novamente célebre, agora à escala mundial, por nele viverem ou trabalharem as principais personagens do romance homónimo do escritor e jornalista egípcio Alaa Al Aswany. Aliás, também parte da acção do romance se desenrola no Edifício, incluindo o assassinato do jornalista Hatim Rachid por um soldado seu amante, sendo que neste caso o autor ficciona a própria realidade, já que o prestigiado jornalista Samy N. ali foi assassinado, há alguns anos, em circunstâncias idênticas.


Publicado em árabe em 2002, com cem mil exemplares vendidos em alguns meses, e já traduzido em 27 línguas, o «Edifício Yacoubian» («’Imarat Ya’qubyan», no original), foi passado ao cinema em 2006, numa realização de Marwan Hamed, tendo no elenco Adel Imam, o mais famoso actor egípcio e um dos mais notáveis de todo o mundo árabe.


Sem exagero, poderá dizer-se que este livro nos dá um retrato da sociedade egípcia dos nossos dias com uma acuidade, e também com uma coragem, como não se via desde os romances do falecido Naguib Mahfuz, especialmente da sua Trilogia do Cairo.


Os alvos de Al Aswany, que iniciou a vida profissional como dentista, com consultório precisamente no dito edifício, são a corrupção e o oportunismo, o fundamentalismo islâmico, o terrorismo e a repressão policial, a hipocrisia moral e religiosa, a intolerância e a ignorância. Ao enfrentar e afrontar os principais tabus da sociedade egípcia o escritor primeiro e o realizador depois desencadearam a ira de muitas figuras religiosas e políticas que se acharam visadas na obra. O impacto do filme levou mesmo 112 deputados a pedir no Parlamento a introdução de cortes, o que foi recusado pelo realizador.


Na galeria de personagens que Al Aswani convoca para a sua obra, e que são modelos de pessoas reais do Egipto dos anos noventa do século passado, já que a acção do romance se situa no início da primeira Guerra do Golfo, temos em primeiro lugar o idoso e europeizado engenheiro Zaki Bey Al Dessuki, nostálgico do passado pré-Revolução, amante de whisky e de mulheres, porventura a figura central da estória, e que é personificado na tela pelo inolvidável Adel Imam. Exemplo flagrante dos tempos que correm é Hajj Muhammad Azzam, engraxador de rua na juventude e hoje um poderoso homem de negócios, que sob a capa de uma religiosidade impecável alcança, à custa do tráfico de droga, a situação de milionário e a respeitável posição de deputado ao Parlamento pelo partido governamental. Taha Al Chazli, o filho do porteiro do Edifício, aluno brilhante que não consegue ingressar na Academia de Polícia devido á profissão "inferior" do pai, é outra figura típica destes anos agitados da vida cairota; admitido pelas suas boas notas na universidade é aí aliciado pela Jama’a Al Islamiyya, envolve-se em manifestações estudantis, é detido e violado na prisão, e acaba por aderir ao jihad, vindo a morrer num atentado terrorista. Buthayna Al Sayyed, a antiga namorada de Taha, que para sustentar a família aceita manter uma relação sexual com o patrão, desde que (a conselho da mãe) conserve a virgindade, e que, pelo evoluir das circunstâncias, acaba por casar com o velho Zaki Bey, ilustra o jogo de relações entre o amor e o poder, na luta pela sobrevivência.


Outra personagem trágica do romance é Hatim Rachid. Jornalista famoso de um diário de língua francesa, iniciado no sexo ainda muito jovem por um criado núbio, torna-se cliente assíduo dos soldados que engata nas ruas do Cairo, acabando por morrer assassinado, num momento de perda de controlo, às mãos de um conscrito com quem finalmente estabelecera uma relação estável. Abd Raboh, o soldado assassino, é também vítima dos preconceitos morais da sociedade, numa altura em que um certo puritanismo ganha terreno no mundo muçulmano, graças à crescente e deliberada confusão entre o islão político e o islão religioso. Jovem provinciano a cumprir o serviço militar no Cairo, Abd Raboh acede às propostas de Hatim, mas quando lhe morre inesperadamente o filho, a mulher, que não ignora a relação homossexual com o jornalista, faz-lhe crer que a morte da criança é o castigo de Deus pelos seus pecados, e daí ao desenrolar da tragédia é um passo.


Entre as numerosas figuras que desfilam neste palco com mais sombras do que luzes, merecem ainda relevo o Cheikh Samman, que tenta justificar um aborto com argumentos religiosos, e Kamal Al Fawly, político astuto e traficante de influências, que serve de intermediário para receber, em nome do "Grande Homem" (que nunca é identificado), as comissões dos negócios mais vultosos do país.


O filme de Marwan Hamed segue de perto, tanto quanto é possível, o romance de Al Aswani, mas introduz-lhe uma alteração significativa num momento crucial: não é o soldado Raboh que mata o jornalista seu amante mas um rapaz desconhecido que aquele leva a casa num instante de desespero. Para esta modificação, que desvirtua o enredo do livro, surgem duas hipóteses: ou o realizador pretendeu dar ao espectador a imagem de um homossexual promíscuo pronto a deitar-se com o primeiro homem que aparece, independentemente de qualquer ligação afectiva; ou achou inconveniente para o grande público mostrar como um acontecimento natural (a morte de uma criança) pode ser conotado no Egipto de hoje com uma questão religiosa (um castigo de Deus), havendo por isso que encontrar uma solução alternativa para um desfecho, quiçá imprevisível, desta sequência da obra.


Aliás, já ao longo do romance, Al Aswani, tão empenhado no retrato fiel (e conseguido) das suas personagens, descreve os homossexuais, e no caso particular o jornalista Hatim Rachid, como figuras efeminadas e susceptíveis de provocarem repulsa ou desprezo, mesmo quando mantêm uma conduta irrepreensível e exercem exemplarmente as suas funções. Esta visão do romancista não corresponde porém à realidade, já que não é de forma alguma o que se verifica no Egipto, país bastante condescendente em matéria de costumes, apesar da ascensão do islamismo, quando não se ultrapassam as aparências que a religião impõe, a moral exige e a prudência aconselha.


Verdadeira metáfora da sociedade egípcia, o «Edifício Yacoubian» provocou um terramoto social no país, não só pelo perfil das personagens como pelas declarações que Al Aswani coloca nas suas bocas, algumas de vincado cariz político, como esta afirmação de Zaki Bey, porventura um alter ego do autor: "Todo aquele que gosta de Abdel Nasser ou é um ignorante ou um interesseiro. Os Oficiais Livres eram um bando de vadios saídos do refugo da sociedade... Nahhas Pacha era um homem bom. Permitiu-lhes que entrassem na Academia Militar e o resultado foi a sublevação de 1952. Governaram o Egipto, roubaram-no, despojaram-no. Açambarcaram milhões. É normal que gostem de Abdel Nasser. Era o chefe do bando".


O livro está finalmente traduzido em português (ignoro a qualidade da tradução, mas receio sempre pelas transliterações dos nomes árabes), mas o filme ainda não passou em Portugal. E apesar de todos os protestos Alaa Al Aswani não foi preso nem atentaram ainda contra a sua vida...


Há quem afirme no Cairo, nomeadamente alguns frequentadores do café Zahret al-Bustan, lugar de tertúlia intelectual nas traseiras do Café-Restaurante Riche (uma preciosidade fundada em 1908), que o verdadeiro autor do livro não terá sido Alaa Al Aswani mas seu pai, o grande escritor egípcio Abbas Al Alswany, falecido há anos e cujas obras não foram vertidas para línguas europeias. Aliás, no salão interior do Café Riche existe uma galeria de retratos de grandes escritores e artistas egípcios onde figura exactamente Abbas Al Aswany, pontificando ao fundo do salão, em enorme fotografia autografada, o Nobel egípcio Naguib Mahfuz. O livro estaria já concluído ou em vias disso quando Abbas faleceu e o filho ter-se-ia aproveitado da situação para o publicar em seu próprio nome, sustentam os defensores da tese da usurpação de autoria, salientando que as obras posteriores de Alaa são de nível inferior. Confesso que não li ainda as outras obras de Alaa Al Aswany e por isso não posso formular qualquer juízo crítico. Mas o que verdadeiramente interessa é que o "Edifício Yacoubian" não só é um retrato fiel da sociedade egípcia contemporânea como uma notável obra literária.


(1) O edifício foi projectado pelo arquitecto arménio Garo Balian (1878-1961).



terça-feira, 17 de março de 2009

EM TERRA DE FARAÓS

Midan At-Tahrir, mostrando atrás do grande círculo ajardinado o rectângulo que hoje se encontra rodeado de tapumes

EM TERRA DE FARAÓS

Após uma ausência de duas semanas no Egipto (a 9ª ou 10ª visita, não estou certo), retomo o contacto com os meus eventuais leitores. Desta vez a permanência foi em Alexandria e no Cairo, aliás como a maior parte das vezes. Alexandria, cidade mítica, com uma história que remonta a Alexandre Magno, e o Cairo, cuja fundação (642) se deve a Amr Ibn Al-As, general do califa Omar que conquistou o Egipto. A cidade foi estabelecida junto à fortaleza romana de Babylone, chamou-se Al-Fustat, e foi a primeira das quatro cidades (ou extensões da cidade) que hoje constituem o Cairo, a última Al-Qahira (a Vitoriosa), cuja criação (969) se ficou a dever ao general Gawhar, em nome do califa Al-Muizz, da dinastia Fatimida que, a partir da actual Tunísia, então conquistou o Egipto. Registe-se que a segunda extensão foi Al-Askar, obra dos califas Abássidas e a terceira Al-Qata'i criada por Ibn Tulun, fundador da dinastia Tulúnida.

Menos de ano e meio após a última visita, encontrei as duas cidades principais com mais tráfego (e cada vez mais caótico), mais poluição, mais sujidade, com grande parte dos prédios em péssimo estado de conservação, quando não mesmo a desmoronar-se ou já em ruínas. No Cairo, a degradação imobiliária é por demais evidente, salvando-se a zona considerada elegante de Zamalek. O centro da cidade, cuja edificação é da responsabilidade do khediva Ismaïl, segundo as concepções urbanísticas do Barão de Haussmann (que traçou a renovação de Paris do Segundo Império), aguenta-se "tant bien que mal", mas tudo o resto, à excepção de alguns arredores onde vivem as ricas famílias, é uma desolação para a vista. Mas que fazer, numa cidade prestes a atingir os 20 milhões de habitantes? Acima de tudo, organização, mais ainda do que dinheiro, embora o arranjo dos edifícios, das ruas, dos passeios seja coisa para custar alguns biliões de euros.

E há coisas inexplicáveis. A imensa praça do centro , Midan At-Tahrir (a Praça da Libertação), onde fica o Museu Egípcio, que abriga o tesouro de Tut-Ankh-Amon, tem no centro uma extensão de terreno (quase equivalente ao Rossio) que se encontra rodeada de tapumes há mais de 15 anos. Não houve ainda tempo para decidir o que fazer daquele terreno?Ou aguarda-se a construção do novo Museu em Gizeh (próximo das Pirâmides) para lhe dar um destino?

Por falar em Museu, diga-se que o actual, que já fez 100 anos, é mais um armazém do que um museu. As vitrinas e as etiquetas são do tempo da fundação e uma parte das peças encontra-se amontoada sem ordem nem critério. Além disso, muitas das peças ou não têm etiqueta, ou têm-na em árabe, o que não facilita a identificação. Valia a pena um esforço para reorganizar o Museu, pois o futuro, que ainda não começou a ser construído, nem daqui a dez anos estará concluído.

Tão preocupante quanto o património material, ou mais, é o espiritual. Nota-se um nítido aumento do fundamentalismo islâmico, pelo menos através dos seus sinais exteriores: o lenço nas mulheres e a barba nos homens. Em Alexandria, com uns sete milhões de habitantes, raras mulheres vi sem véu, e algumas mesmo de burqa. E no Cairo arriscaria que pelos menos 90% das mulheres o usam. E os homens, mesmo os jovens, que ainda não há muitos anos traziam a cara rapada ou quando muito um bigode, aparecem agora com frequência com barbas maiores ou menores. Esta progressão do integrismo, pelo menos na aparência senão também nas convicções, causa séria apreensão, dadas as possíveis consequências, mas não é agora o momento de analisá-las.

Por hoje, basta de divagações! Registarei outras impressões mais tarde.