domingo, 31 de julho de 2016

DO ESTADO DE DIREITO AO ESTADO DE DIREITA ?




No seu número desta semana, "Libération" interroga-se: De l'État de droit à l'État de droite?

A vaga de atentados terroristas ocorrida nas últimas semanas, especialmente em França, mas também na Alemanha, suscita com crescente intensidade a reclamação de medidas cada vez mais enérgicas para enfrentar um problema que correria  o risco da banalização não fora o sentimento de progressiva intranquilidade das populações.

Em França, a Frente Nacional (FN) protagoniza a exigência da adopção de meios que se situam nos limites das garantias constitucionais, quando não os ultrapassam. Mesmo Nicolas Sarkozy, que não é exactamente Marine Le Pen, desfruta da ocasião para confrontar o governo Hollande/Valls com a insuficiência da protecção concedida aos cidadãos.

Encontramo-nos perante a tentação de uma deriva securitária que a ninguém aproveitará, excepto aos terroristas. A própria inversão do discurso da FN, que passou de anti-semita a anti-muçulmano, é um sinal não só de oportunismo político como, o que é mais grave, de confusão mental.

Entre os principais islamólogos franceses, entre os quais conto alguns amigos, são sustentadas duas teorias: segundo uns, assistimos a uma radicalização do islão, segundo outros, estamos perante uma islamização do radicalismo. Inclino-me para a segunda hipótese, embora se trate de uma matéria que não permite a delimitação de fronteiras, tantas são as nuances que a análise comporta.

Antes de mais convém precisar o seguinte: nem todos os muçulmanos são terroristas, apenas uma percentagem infinitesimal; nem todos os terroristas são muçulmanos, como os ataques verificados nos últimos anos permitem confirmar.

É evidente que existe um certo ressentimento entre os povos árabes relativamente ao mundo ocidental, especialmente em relação a alguns países. Nietzsche elaborou sobre a matéria, e Max Scheller e Marc Ferro reflectiram pertinentemente sobre o assunto. O ressentimento não é, sem dúvida, exclusivo dos árabes, é transversal ao  mundo, mas neste momento é sobre os árabes que importa reflectir.

E somos assim obrigados a voltar à velha Questão do Oriente, iniciada, grosso modo, pela invasão do Egipto pelo general Bonaparte (então não era ainda Napoleão I) em 1798. O que desde essa data decorreu até hoje deveria ter levado os dirigentes ocidentais, maxime europeus, a cogitarem sobre as consequências da colonização franco-britânica do Norte de África e do Médio Oriente, da partilha do Império Otomano, dos famigerados Acordos Sykes/Picot, da Declaração Balfour (que os palestinianos pretendem levar agora a tribunal), da criação do Estado de Israel, de tantas acções contra os povos que, melhor ou pior, são os herdeiros de uma civilização que se revestiu de particular brilho e, no seu período áureo, ultrapassou largamente, em todo os domínios, a civilização ocidental. Para finalizar tão incompleta enumeração, há ainda que referir, já neste século, a invasão anglo-americana do Iraque, as "primaveras árabes" obscuramente alimentadas, a invasão da Líbia e a persistente guerra na Síria. Demasiado.

Sendo que a História é irreversível, não é possível corrigir os erros do passado, nem pedir responsabilidades aos mortos, a não ser simbolicamente. Mas os que ainda estão vivos, deveriam ser presentes à justiça, o que certamente nunca acontecerá. Contudo, para o caso em apreço, qualquer condenação pecaria por tardia. Inventariadas, parcialmente, as causas (haverá outras), importa ocorrer agora às consequências.

Por razões religiosas, ou políticas, ou sociais, o fenómeno do terrorismo, neste caso do terrorismo dito islâmico, o único que neste momento interessa abordar, chegou e está entre nós, e dadas as características que reveste não é passível de erradicação manu militari a curto prazo. Então, que fazer?

Certamente, os especialistas dos governos europeus, especialmente nos países mais atingidos, já se terão debruçado sobre o assunto dispondo de informações que naturalmente desconheço. Mas como simples observador, parece-me que a fuga para a frente a seguir a cada atentado é um caminho errado, e corresponde possivelmente àquilo que os próprios terroristas pretendem: a instalação de uma espécie de "guerra civil", para lá da restrição das liberdades, da suspensão das garantias constitucionais, e por aí fora, até à instalação de estados autoritários, senão mesmo totalitários.

A Direita mais dura invoca agora o perigo dos refugiados, como se os autores dos atentados verificados pertencessem à vaga de refugiados que tem demandado a Europa, na grande maioria em consequência da guerra que a Europa levou aos seus países: os sírios, os iraquianos e os líbios são casos flagrantes, embora também cheguem migrantes provenientes da África sub-sahariana. Os terroristas "islâmicos" são, na generalidade, nascidos e criados no nosso continente. E a Europa nunca hesitou no passado em acolher a mão-de-obra barata desses trabalhadores migrantes, em particular maghrebinos, da qual ainda hoje carece.

Duvido sinceramente que, apesar dos milhares de páginas escritas em contrário, os terroristas, que acabam curiosamente todos mortos, sem prestarem contas à justiça (parece-me que a única excepção é Salah Abdeslam), estejam a agir por motivos exclusivamente religiosos, em nome da luta contra os infiéis (kuffâr). Provavelmente, a maioria nem conhece o Corão e a sua conversão ao islão é de fresca data. Há outras motivações que é preciso conhecer, mas como os autores estão mortos resta-nos a especulação sobre o que realmente os determinou à violência contra os inocentes que sucumbem aos seus golpes, e que são também eles, muitas vezes, muçulmanos autênticos. Não basta gritar Allâhu Akbar para alguém ser um soldado do Daesh. Por vezes, tenho a impressão de que as declarações dos políticos e a consequente história que nos é contada pela comunicação social carecem de verosimilhança, salvo a realidade dos mortos e feridos.

Tudo isto, porém, não obsta a que seja necessário e urgente adoptar medidas que protejam o cidadão comum (os não-comuns têm protecção própria) dos ataques terroristas, provenham eles de islamistas convictos, de islamistas ocasionais ou de simples loucos furiosos. E como não pode (não deve) haver condenação sem acusação e acusação sem provas, é preciso que a Justiça funcione eficazmente no quadro legal e que as polícias actuem também no âmbito das prerrogativas que lhes estão outorgadas. Sem transigências e sem excessos, mas com o bom senso que as circunstâncias exigem.

Não vale a pena, nem seria possível, como pretendem alguns sectores políticos, fechar as fronteiras da Europa. Os presumíveis terroristas estão cá dentro, há muito tempo. Agora, è tardì!

Também seria contraproducente encerrar mesquitas, mas importa estar atento às prédicas dos imames. Aliás, parece que a maior parte dos terroristas conhecidos não frequentava mesquitas.

Lamentavelmente, nunca se concluiu o debate entre integracionismo e comunitarismo relativamente às minorias sócio-religiosas em solo europeu. E com as implantações actuais é uma discussão que, dado o seu atraso, perdeu oportunidade.

O terrorismo, que não é um fenómeno exclusivo dos nossos dias, importa relembrar, tem de ser combatido nas causas e não nas consequências, mais através de meios políticos do que militares. É necessário desmantelar o Daesh (nem se percebe como foi criado, ou talvez...) mas não é suficiente. Bombardear populações indefesas só aumentará a vontade de vingança. Se os políticos europeus estão à altura de enfrentar este desafio é a imensa interrogação que se coloca e cuja resposta suscita as maiores dúvidas.

Regresso ao "ressentimento". É porventura o ponto de maior complexidade mas aquele que permitirá alguma compreensão do fenómeno e que é sistematicamente descartado em nome do politicamente correcto. "Pelos frutos os conhecereis" (Mateus, VII, 16).

Muito mais haveria para dizer a propósito, mas fica para outro dia...


sábado, 30 de julho de 2016

A RESSURREIÇÃO DOS IMPÉRIOS OU A VINGANÇA DA HISTÓRIA


Coroa do Santo Império Romano Germânico (actualmente na Schatzkammer do Hofburg de Viena)

Porque recordar o passado ajuda a compreender o presente (e talvez a prever o futuro), é oportuno lembrar como a ideia de Império se desenvolveu na Europa.

A primeira unificação (ainda que parcial) da Europa deve-se ao Império Romano, que governou o Velho Continente (e também o norte de África e o Médio Oriente) durante quatro séculos. O imperador Teodósio I entendeu que a extensão do território tornava difícil a administração centralizada em Roma e decidiu partilhar definitivamente o território imenso, após algumas experiências sem especial êxito tentadas anteriormente. Assim, por sua morte em 395, o Império foi dividido entre seu filho Honório, que ficou com o Império Romano do Ocidente, e seu filho Arcádio, que ficou com o Império Romano do Oriente, comummente designado por Império Bizantino. Com esta resolução, ficava consumada a bipartição da ideia unitária imperial.

O Império Romano do Ocidente durou até 476, ano em que Odoacro, rei dos hérulos, tomou Roma e depôs o imperador Rómulo Augústulo. Curiosamente, Odoacro não mandou matar o imperador, que teria uns dezoito anos, mas devido à sua juventude e beleza, refere o cronista, até lhe atribuiu uma avultada pensão. Também não se fez coroar imperador e enviou as insígnias imperiais para Constantinopla, para o imperador Zenão I, que as aceitou, considerando que o Império do Oriente era suficiente para proteger o Oeste e o Leste.

Mas não foi esse o entendimento de Roma. Passados 300 anos, Carlos Magno, rei dos francos, cujos territórios ocupavam largamente a Europa Central, foi coroado imperador, pelo papa Leão III, no dia de Natal do ano 800. Começava aqui o Santo Império Romano, também posteriormente designado por Santo Império Romano Germânico (após Otão I) ou Império do Ocidente. Os alemães chamaram-lhe o Reich, no caso, o Primeiro Reich. Era assim retomada a divisão imperial da Europa.

Teoricamente electivo, o Santo Império foi, na prática, hereditário, nomeadamente a partir de Carlos Quinto. Durou até 1806, quando Francisco II foi constrangido por Napoleão I (imperador dos franceses e que desejava assumir a dignidade imperial do Ocidente) a renunciar ao título, passando a usar a designação mais modesta de imperador da Áustria.

O Império Bizantino durou até 1453, quando o sultão otomano Mehmet II derrotou o imperador Constantino XI  e se apoderou de Constantinopla. Também esta vacatura a Oriente não foi de longa duração. Em 1547, Ivan IV, grão-príncipe da Moscóvia, fez-se coroar tsar da Rússia, ainda que o primeiro a usar propriamente o título de imperador (que não é exactamente a mesma coisa que tsar) tenha sido Pedro I, em 1721. O Império Russo existiu até 1917, quando a monarquia foi extinta pela revolução bolchevique.

Em 1851, Napoleão III foi aclamado, a exemplo de seu tio, imperador dos franceses, uma tentativa de ressurreição imperial no Ocidente, mas derrotado pelos prussianos em 1870, a França não suportou o desaire e proclamou a Terceira República. Encontrando-se novamente vaga, a Ocidente, a dignidade imperial, o rei da Prússia, Guilherme I, que derrotara Napoleão III, fez-se proclamar em Versalhes (1871), imperador Alemão (o Segundo Reich) e não da Alemanha, para não ferir as susceptibilidades dos outros monarcas que ficaram na órbita do Império, os reis da Baviera, do Württemberg e da Saxónia).

O Império Otomano, criado em 1299 por Othman ou Osman, e que depois da conquista de Constantinopla por Mehmet II tinha ocupado toda a Turquia, os Balcãs, o Médio Oriente e o norte de África, durou até 1922, data da deposição de Mehmet VI. E em 1923 foi proclamada a República Turca.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, caíram todos os impérios europeus: o Alemão, o Austríaco, o Russo e o Otomano.  A última tentativa de carácter "imperial" no Ocidente deve-se a Adolf Hitler, que viria a intitular-se Führer da Alemanha (o Terceiro Reich) em 1934, por morte do presidente da República, marechal Hindenburg. Uma aventura que terminou em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial.

A partir daí, a Europa ficou órfã da dignidade imperial, quer a Ocidente, quer a Oriente. Foi então que surgiu a ideia de uma união da Europa Ocidental, inicialmente consubstanciada nas comunidades europeias. Este processo foi começado em 1951 e continuado até hoje sob a forma de União Europeia. Não sei bem qual seria a intenção íntima dos "pais fundadores", pois apenas se conhecem as declarações que ficaram para a História. Principiou-se por acordos económicos, em vez de se procurar uma união cultural e política. Creio que, para lá de outros interesses, se principiou com aqueles porque esta se teria revelado impossível. E era-o, como os subsequentes desenvolvimentos têm amplamente comprovado. E o alargamento a Leste veio acentuar. Criar os Estados Unidos da Europa, como  Churchill, talvez por gozo, um dia sugeriu, nunca seria a mesma coisa que os Estados Unidos da América ou os Estados Unidos do Brasil. O peso da História divide profundamente a Europa, não só entre Oeste e Leste mas transversalmente. Como hoje estamos constatando.

A União Europeia na sua forma actual é um monstro aberrante, que soçobrará a curto prazo. Com a sua  malícia tradicional, o Reino Unido já se pôs ao largo. A Comissão Europeia anda entretida com minudências, como o recente caso das sanções a Portugal e Espanha, que redundaram em zero, mas que serviram para distrair as massas.  Isso é comprovado em Portugal pelos incontáveis comentários públicos e privados de quem não se apercebeu de que era tudo fogo-de-artifício. Os verdadeiros problemas desta inenarrável União não são discutidos na praça pública.

Os europeus meridionais protestam contra a severidade da Alemanha, contra as suas exigências económicas e financeiras, quando o problema que aos alemães interessa é essencialmente político. Na ausência de liderança europeia ocidental, a Alemanha procura ressuscitar o Reich, o IV Reich, como premonitoriamente escreveu Pierre Béhar já em 1990, no livro Du Ier au IVe Reich, que comentei aqui em 2011.


Quem invectiva o ministro das Finanças alemão, que é tão inteligente quanto antipático, não percebe que Wolfgang Schäuble, na melhor tradição bismarckiana, percorre um claríssimo caminho de anexar progressivamente os estados europeus, pelo menos os ocidentais, à Grande Alemanha. Nem lhe faltará a desculpa do terrorismo para que as garantias fundamentais sejam gradualmente abolidas nos países do Velho Continente, a começar pela França, onde um idiota como François Hollande, que tem pesadelos por causa da Frente Nacional, não percebe que trilha um percurso armadilhado. A menos que o mova uma intenção maquiavélica, mas não o creio suficientemente inteligente para isso. Perfila-se, assim, no horizonte, a Ocidente, um novo Império de hegemonia alemã, aliás como sempre.

Também a Oriente, dissolvida a União Soviética pela pusilanimidade de Gorbatchov, e após os anos de governação do bêbado Yeltsin, chegou a vez de Vladimir Putin começar a reconstruir o antigo Império dos tsares. A anexação da Crimeia e a ocupação do leste da Ucrânia foi apenas um ensaio para operações futuras, perante as quais a NATO será obviamente impotente, a menos que um ser enlouquecido intente uma guerra nuclear, o que não sendo impossível é altamente improvável.

Até nos territórios do antigo Império Bizantino e depois Otomano, um homem de ambição desmedida, Erdoğan, aspira agora, também ele, à dignidade cesarista. E não hesita nos meios para atingir os seus objectivos, imaginando inimigos e mudando, não tão inconsequentemente como se julga, de aliados.

De facto, a Europa tem horror do vazio imperial, e um século depois da queda dos grandes impérios, ei-la pronta para admitir a sua ressurreição, ainda que com roupagens ligeiramente diferentes.

O Tempo, esse grande escultor, se encarregará de demonstrar a validade desta previsão.




quinta-feira, 28 de julho de 2016

O QUE PRETENDE O ESTADO ISLÂMICO?



Um longo artigo sobre o "Estado Islâmico", pretensamente bem informado, mas com numerosas lacunas e contradições. Aduz muitas respostas, mas não coloca perguntas fundamentais. Em todo o caso, a sua leitura é proveitosa, pelo que fazemos aqui, com a devida vénia, a sua reprodução.
 




Enquête. Ce que veut vraiment l’Etat islamique

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Image extraite d'une video de YouTube du 23 août 2013 et montrant un membre d'un groupe djihadiste affilié à l'Etat islamique dans la province d'Al-Anbar en Irak - AFP / YouTube

Cette grande enquête publiée dans The Atlantic offre un éclairage sans précédent sur les objectifs et les fondements idéologiques de Daech. Soutenant la thèse selon laquelle l’organisation se définit essentiellement par sa lecture littérale du Coran, elle a suscité de nombreuses réactions. En voici, en exclusivité, l’essentiel.



Qu’est-ce que l’Etat islamique [EI, Daech en arabe] ? D’où vient cette organisation et quelles sont ses intentions ? La simplicité de ces questions peut être trompeuse, et rares sont les dirigeants occidentaux qui connaissent les réponses. En décembre 2014, The New York Times a publié des remarques confidentielles du général Michael K. Nagata, commandant des opérations spéciales pour les Etats-Unis au Moyen-Orient, qui admettait être encore très loin de comprendre l’attrait exercé par l’Etat islamique. “Nous ne comprenons pas cette idéologie.”
L’organisation s’est emparée de Mossoul, en Irak, en juin 2014 et règne déjà sur une zone plus vaste que le Royaume-Uni. A sa tête depuis mai 2010, Abou Bakr Al-Baghdadi est monté le 5 juillet 2014 à la chaire de la Grande Mosquée Al-Nour, à Mossoul, en se présentant comme le premier calife depuis des générations. Il s’en est suivi un afflux mondial de djihadistes, d’une rapidité et dans des proportions sans précédent.

Nos lacunes sur l’EI sont d’une certaine façon compréhensibles : l’organisation a fondé un royaume isolé et peu de gens en sont revenus. Abou Bakr Al-Baghdadi ne s’est exprimé qu’une seule fois devant une caméra. Mais son discours ainsi que d’innombrables vidéos et brochures de propagande de l’EI sont accessibles sur Internet et les sympathisants du califat se sont donné beaucoup de mal pour faire connaître leur projet.

Nous avons mal compris la nature de l’EI pour deux raisons. Tout d’abord, nous avons tendance à appliquer la logique d’Al-Qaida à une organisation qui l’a clairement éclipsé. Les sympathisants de l’EI avec qui j’ai discuté font toujours référence à Oussama Ben Laden sous le titre honorifique de “cheikh Oussama”, mais le djihadisme a évolué depuis l’âge d’or d’Al-Qaida (de 1998 à 2003) et nombreux sont les djihadistes qui méprisent les priorités et les dirigeants actuels de l’organisation. Oussama Ben Laden considérait le terrorisme comme un prologue au califat, qu’il ne pensait pas connaître de son vivant. Son organisation était informelle, constituée d’un réseau diffus de cellules autonomes. L’EI, au contraire, a besoin d’un territoire pour asseoir sa légitimité, ainsi que d’une structure hiérarchisée pour y régner.

En second lieu, nous avons été induits en erreur à cause d’une campagne bien intentionnée mais de mauvaise foi visant à nier la nature religieuse médiévale de l’EI. Peter Bergen, qui a produit la première interview avec Ben Laden en 1997, a intitulé son premier ouvrage Guerre sainte, multinationale [éd. Gallimard, 2002], notamment pour affirmer que le leader d’Al-Qaida était un produit du monde laïc moderne.

Ben Laden a organisé la terreur sous la forme d’une entreprise comptant des franchises. Il exigeait des concessions politiques précises, comme le retrait des troupes américaines d’Arabie Saoudite. Le dernier jour de sa vie, Mohamed Atta [l’un des responsables des attentats du 11 septembre 2001] a fait des courses à Walmart et dîné à Pizza Hut.

Mahomet à la lettre

Il est tentant de reprendre cette observation – les djihadistes sont issus du monde laïc moderne, avec des préoccupations politiques de leur temps, mais déguisés avec des habits religieux – pour l’appliquer à l’EI. Pourtant, beaucoup de ses actions paraissent insensées si on ne les envisage pas à la lumière d’une détermination sincère à faire revenir la civilisation à un régime juridique du VIIe siècle et à faire advenir, à terme, l’apocalypse.

La vérité est que l’EI est islamique. Très islamique. Certes, le mouvement a attiré des psychopathes et des gens en quête d’aventures, souvent issus des populations défavorisées du Moyen-Orient et d’Europe. Mais la religion que prêchent les plus fervents partisans de l’EI est issue d’interprétations cohérentes et même instruites de l’islam.

Presque chaque grande décision ou loi proclamée par l’EI obéit à ce qu’il appelle la “méthodologie prophétique”, qui implique de suivre la prophétie et l’exemple de Mahomet à la lettre. Les musulmans peuvent rejeter l’EI, comme le fait l’écrasante majorité d’entre eux. Néanmoins, prétendre que ce n’est pas une organisation religieuse millénariste dont la théologie doit être comprise pour être combattue a déjà conduit les Etats-Unis à sous-estimer l’organisation et à soutenir des plans mal pensés pour la contrer.

Nous devons apprendre à mieux connaître la généalogie intellectuelle de l’EI si nous voulons réagir non pas de façon à le rendre plus fort, mais plutôt de façon à faire qu’il s’immole lui-même dans un excès de zèle.

I. Dévotion

En novembre 2014, l’EI a diffusé une vidéo de promotion retraçant ses origines jusqu’à Ben Laden. Le film mentionnait Abou Moussab Al-Zarqaoui, le violent dirigeant d’Al-Qaida en Irak de 2003 jusqu’à sa mort, en 2006, faisant de lui un mentor plus direct. Il citait également deux autres chefs de guérillas ayant précédé Abou Bakr Al-Baghdadi, le calife. Aucune mention en revanche du successeur de Ben Laden et dirigeant actuel d’Al-Qaida, le chirurgien ophtalmologiste égyptien Ayman Al-Zawahiri.

Al-Zawahiri n’a pas fait allégeance à Abou Bakr Al-Baghdadi et il est de plus en plus haï par ses confrères djihadistes. Son isolement est renforcé par son manque de charisme. Mais la rupture entre Al-Qaida et l’EI est amorcée depuis longtemps.

Une autre figure importante est aujourd’hui en disgrâce : Abu Muhammad Al-Maqdisi, un religieux jordanien de 55 ans qui est l’un des grands architectes intellectuels d’Al-Qaida. Sur presque toutes les questions de doctrine, Al-Maqdisi et l’EI sont d’accord. Ils sont étroitement liés à l’aile djihadiste d’une branche du sunnisme appelée le salafisme, d’après l’expression arabe al salaf al salih, “les pieux devanciers”. Ces “devanciers” sont le Prophète lui-même et ses premiers disciples, que les salafistes honorent et imitent.

Al-Maqdisi a été le mentor d’Al-Zarqaoui, qui est allé en Irak avec ses conseils en tête. Avec le temps, l’élève a toutefois surpassé son maître, qui a fini par le critiquer. Leur contentieux concernait le penchant d’Al-Zarqaoui pour les spectacles sanglants – et, d’un point de vue doctrinaire, sa haine des musulmans non salafistes, qui allait jusqu’à les excommunier et les exécuter.

Dans l’islam, le takfîr, ou excommunication, est une pratique dangereuse d’un point de vue théologique. Si l’accusateur a tort, alors il est lui-même apostat car il s’est rendu coupable d’une fausse accusation – un acte puni de mort. Et pourtant, Abou Moussab Al-Zarqaoui a imprudemment allongé la liste des comportements pouvant rendre les musulmans infidèles.





Abou Bakr Al-Baghdadi, chef de l'organisation Etat islamique.
Abou Bakr Al-Baghdadi, chef de l’organisation Etat islamique.
Abou Bakr Al-Baghdadi, chef de l’organisation Etat islamique dans une capture d’écran d’une vidéo diffusée le 5 juillet 2014 et tournée à la mosquée de Mossul, en Irak, quelques jours auparavant, le 29 juin - AL-FURQAN MEDIA/HO/AFP Abu Muhammad Al-Maqdisi a écrit à son ancien élève qu’il devait se montrer prudent et ne pas “émettre de larges proclamations de takfîr” ou “déclarer des personnes coupables d’apostasie en raison de leurs péchés”. La distinction entre apostat et pécheur est un des désaccords fondamentaux entre Al-Qaida et l’EI.

Nier la sainteté du Coran ou les prophéties de Mahomet relève clairement de l’apostasie. Mais Abou Moussab Al-Zarqaoui et l’organisation qu’il a créée estiment que de nombreux actes peuvent justifier d’exclure un musulman de l’islam, comme vendre de l’alcool et des drogues, porter des vêtements occidentaux, se raser la barbe ou encore voter lors d’une élection.

Etre chiite est aussi un motif d’exclusion, car l’EI estime que le chiisme est une innovation, or innover par rapport au Coran revient à nier sa perfection initiale. Ainsi quelque 200 millions de chiites sont menacés de mort. Il en va de même pour les chefs d’Etat de tous les pays musulmans, qui ont élevé le droit des hommes au-dessus de la charia en se présentant à des élections ou en appliquant des lois qui ne viennent pas de Dieu.

Conformément à sa doctrine sur l’excommunication, l’EI s’engage à purifier le monde en exterminant de larges groupes de personnes. Les publications sur les réseaux sociaux laissent penser que les exécutions individuelles se déroulent plus ou moins en continu et que des exécutions de masse sont organisées à quelques semaines d’intervalle. Les “apostats” musulmans sont les victimes les plus nombreuses. Il semble en revanche que les chrétiens qui ne résistent pas au nouveau pouvoir échappent à l’exécution automatique. Abou Bakr Al-Baghdadi les laisse vivre tant qu’ils paient un impôt spécial, appelé jizya, et qu’ils se soumettent.

Retour à un islam “ancien”

Des siècles se sont écoulés depuis la fin des guerres de religion en Europe. Depuis, les hommes ont cessé de mourir en masse pour d’obscurs différends théologiques. C’est peut-être pour cette raison que les Occidentaux ont accueilli la théologie et les pratiques de l’EI avec tant d’incrédulité et un tel déni.

De nombreuses organisations musulmanes traditionnelles sont même allées jusqu’à affirmer que l’EI était “contraire à l’islam”. Toutefois, les musulmans qui emploient cette expression sont souvent “embarrassés et politiquement corrects, avec une vision naïve de leur religion” qui néglige “ce qu’elle a impliqué, historiquement et juridiquement”, suggère Bernard Haykel, chercheur de Princeton d’origine libanaise et expert de premier plan sur la théologie de l’EI.

Tous les universitaires à qui j’ai posé des questions sur l’idéologie de l’EI m’ont renvoyé vers Bernard Haykel. Selon ce dernier, les rangs de l’EI sont profondément imprégnés d’ardeur religieuse. Les citations du Coran sont omniprésentes. Pour lui, l’argument selon lequel l’EI a déformé les textes de l’islam est grotesque et on ne peut le soutenir que par ignorance volontaire. “Les gens veulent absoudre l’islam, explique-t-il, d’où le mantra affirmant que ‘l’islam est une religion pacifique’.

Comme s’il existait un ‘islam’! Ce qui compte, c’est ce que font les musulmans et comment ils interprètent leurs textes. Les membres de l’EI ont la même légitimité que n’importe qui d’autre.”

Tous les musulmans reconnaissent que les premières conquêtes de Mahomet ont été chaotiques et que les lois de la guerre transmises par le Coran et les récits sur le règne du Prophète étaient adaptées à une époque troublée et violente. Bernard Haykel estime que les combattants de l’EI représentent un authentique retour à un islam ancien et qu’ils reproduisent fidèlement ses pratiques guerrières. Cela englobe un certain nombre de pratiques que les musulmans modernes préfèrent ne pas reconnaître comme faisant partie intégrante de leurs textes sacrés.

“L’esclavage, la crucifixion et les décapitations ne sont pas des éléments que des [djihadistes] fous sélectionneraient dans la tradition médiévale”, affirme Bernard Haykel. Les combattants de l’EI sont “en plein dans la tradition médiévale et ils la transposent dans son intégralité à l’époque contemporaine”.
Le Coran précise que la crucifixion est l’une des seules sanctions permises contre les ennemis de l’islam. La taxe imposée aux chrétiens est clairement légitimée par la sourate At-Tawbah, neuvième chapitre du Coran, qui intime aux musulmans de combattre les chrétiens et les juifs “jusqu’à ce qu’ils versent la capitation [la taxe] de leurs propres mains, après s’être humiliés”.

Lorsque l’EI a commencé à réduire des gens en esclavage, même certains de ses sympathisants ont renâclé. Néanmoins, le califat a continué à pratiquer l’asservissement et la crucifixion. “Nous conquerrons votre Rome, briserons vos croix et asservirons vos femmes, a promis Mohamed Al-Adnani, porte-parole de l’EI, dans l’un des messages qu’il a adressés à l’Occident. Si nous n’y parvenons pas, nos enfants et nos petits-enfants y parviendront. Et ils vendront vos fils sur le marché aux esclaves.”

II. Territoire

En novembre 2014, je me suis rendu en Australie pour rencontrer Musa Cerantonio, un trentenaire identifié comme l’une des deux plus importantes “nouvelles autorités spirituelles” guidant les étrangers pour qu’ils rejoignent l’EI. Pendant trois ans, il a été télévangéliste sur Iqraa TV, au Caire, mais il est parti quand la chaîne a contesté ses appels fréquents à la création d’un califat. Maintenant, il prêche sur Facebook et Twitter.

Musa Cerantonio, un homme grand et avenant à l’air studieux, raconte qu’il blêmit à la vue des vidéos de décapitations. Il déteste voir la violence, même si les sympathisants de l’EI sont contraints de la soutenir. Il a une barbe broussailleuse qui rappelle certains fans du Seigneur des anneaux, et son obsession pour l’idéologie apocalyptique de l’islam m’était familière.

En juin 2014, Musa Cerantonio et son épouse ont tenté d’émigrer – il n’a pas précisé où (“Il est illégal de partir en Syrie”, précise-t-il méfiant) – mais ils ont été arrêtés en route, aux Philippines, et expulsés vers l’Australie. En Australie, chercher à rejoindre l’EI ou se rendre sur son territoire est une infraction ; le gouvernement a donc confisqué le passeport de Musa Cerantonio. Jusqu’à présent, toutefois, il est libre. C’est un idéologue sans affiliation officielle, mais dont la parole fait autorité auprès des autres djihadistes pour ce qui touche à la doctrine de l’EI.

Nous nous sommes donné rendez-vous pour déjeuner à Footscray, une banlieue multiculturelle très peuplée de Melbourne. Musa Cerantonio a grandi là, dans une famille italo-irlandaise.





Musa Cerantonio, prédicateur de l'Etat islamique.
Musa Cerantonio, prédicateur de l’Etat islamique.
Musa Cerantonio, prédicateur de l’Etat islamique - Capture d’écran de YouTube Il me raconte sa joie lorsque Abou Bakr Al-Baghdadi a été déclaré calife, le 29 juin 2014, ainsi que l’attraction que l’Irak et la Syrie ont commencé à exercer sur lui et ses amis. “J’étais dans un hôtel [aux Philippines] et j’ai vu la déclaration à la télévision. J’étais ébahi et je me disais ‘Qu’est-ce que je fais coincé dans cette foutue chambre ?’”

Le dernier califat historique est l’Empire ottoman, qui a connu son âge d’or au XVIe siècle, avant de subir un long déclin jusqu’à sa disparition en 1924. Mais Musa Cerantonio, comme de nombreux sympathisants de l’EI, met en doute la légitimité de ce califat, car il n’appliquait pas intégralement la loi islamique, qui requiert lapidation, esclavage et amputations, et parce que ses califes ne descendaient pas de la tribu du Prophète, les Quraychites.

Abou Bakr Al-Baghdadi a longuement insisté sur l’importance du califat dans le sermon qu’il a prononcé à Mossoul. Il a expliqué que faire renaître l’institution du califat – qui n’a existé que de nom pendant environ mille ans – était une obligation commune. Lui et ses fidèles s’étaient “empressés de déclarer le califat et de nommer un imam” à sa tête, a-t-il déclaré. “C’est le devoir des musulmans, un devoir qui a été négligé pendant des siècles… Les musulmans commettent un péché en l’oubliant et ils doivent constamment chercher à l’établir.”

Comme Oussama Ben Laden avant lui, Abou Bakr Al-Baghdadi s’exprime avec emphase, utilisant de nombreuses allusions coraniques et en affichant une grande maîtrise de la rhétorique classique. Mais contrairement à Ben Laden et aux faux califes de l’Empire ottoman, il est Quraychite.

Le califat, m’a expliqué Musa Cerantonio, n’est pas uniquement une entité politique mais également un véhicule du salut. La propagande de l’EI relaie régulièrement les serments de bay’a (allégeance) des autres organisations djihadistes. Musa Cerantonio m’a cité un proverbe attribué au Prophète selon lequel mourir sans avoir fait vœu d’allégeance revient à mourir jahil (ignorant) et donc à “mourir hors de la foi”.





Le prédicateur Musa Cerantonio.
Le prédicateur Musa Cerantonio.
Le prédicateur Musa Cerantonio - Capture d’écran de YouTube Pour être calife, il faut remplir les conditions précisées par le droit sunnite : être un homme musulman adulte descendant de Quraych, manifester une probité morale, une intégrité physique et mentale, et faire preuve de ’amr, c’est-à-dire d’autorité. Ce dernier critère, selon Musa Cerantonio, est le plus difficile à remplir, et il exige que le calife ait un territoire sur lequel faire régner la loi islamique.

Après le sermon d’Abou Bakr Al-Baghdadi, les djihadistes ont commencé à affluer quotidiennement en Syrie, plus motivés que jamais. Jürgen Todenhöfer, auteur allemand et ancienne figure politique qui s’est rendu dans les territoires contrôlés par l’EI en décembre 2014, a déclaré avoir vu affluer, en deux jours seulement, 100 combattants au poste de recrutement installé sur la frontière turque.

A Londres, une semaine qui a précédé mon déjeuner avec Musa Cerantonio, j’ai rencontré trois anciens membres d’un groupe islamiste interdit appelé Al-Muhajiroun (Les émigrés) : Anjem Choudary, Abu Baraa et Abdul Muhid. Tous trois souhaitaient émigrer pour rejoindre l’EI, mais les autorités ont confisqué leurs passeports. Comme Musa Cerantonio, ils considéraient le califat comme le seul gouvernement légitime. Dans nos entretiens, leur principal objectif était de m’expliquer ce que représente l’EI et en quoi sa politique reflète la loi de Dieu.

Anjem Choudary, 48 ans, est l’ancien chef du groupe. Il apparaît souvent dans les émissions d’information sur le câble car il est l’une des seules personnes que les producteurs peuvent inviter en étant assurés qu’il défendra l’EI avec véhémence – jusqu’à ce qu’on coupe son micro. Au Royaume-Uni, il a une réputation de détestable fanfaron, mais lui et ses disciples croient sincèrement en l’EI et ils diffusent sa doctrine. Anjem Choudary et consorts sont très présents sur les fils Twitter des habitants des territoires contrôlés par l’EI et Abu Baraa gère une chaîne YouTube pour répondre aux questions sur la charia.






Depuis septembre 2014, les autorités mènent une enquête sur ces trois hommes, qui sont soupçonnés d’apologie du terrorisme. En raison de cette enquête, ils ont dû me rencontrer un par un : toute communication entre eux aurait enfreint les termes de leur liberté conditionnelle. Anjem Choudary m’a donné rendez-vous dans une confiserie de la banlieue d’Ilford, à l’est de Londres. Logement gratuit pour tous

Avant le califat, “environ 85 % de la charia n’était pas appliquée, m’explique-t-il. Ces lois étaient en suspens jusqu’à ce que nous ayons un khilafa [un califat], et c’est maintenant le cas”. Sans califat, par exemple, il n’y a pas d’obligation d’amputer les mains des voleurs pris en flagrant délit. Avec l’établissement d’un califat, cette loi ainsi que toute une jurisprudence reprennent soudain vie. En théorie, tous les musulmans sont obligés d’émigrer vers le territoire où le calife applique ces lois.
Anjem Choudary affirme que la charia est mal comprise en raison de son application incomplète par des régimes comme l’Arabie Saoudite, qui décapite les meurtriers et ampute les mains des voleurs.

“Le problème, explique-t-il, c’est que des pays comme l’Arabie Saoudite appliquent uniquement le code pénal et ne mettent pas en œuvre la justice socio-économique de la charia. Et ils ne font qu’engendrer de la haine pour la loi islamique.”
Cet ensemble de mesures, selon lui, inclut la gratuité pour tous du logement, de la nourriture et des vêtements, même si tout le monde a bien sûr le droit de travailler pour s’enrichir.
Abdul Muhid, 32 ans, a prolongé cette réflexion. Il portait une élégante tenue moudjahidine lorsque je l’ai retrouvé dans un restaurant local : barbe broussailleuse, chapeau afghan et portefeuille porté dans ce qui ressemblait à un étui de revolver à l’épaule. Il avait à cœur d’aborder la question des aides sociales. L’EI applique peut-être des sanctions médiévales contre les crimes moraux, mais son programme d’aides sociales est, du moins à certains égards, suffisamment progressiste pour plaire à des commentateurs de gauche. Les soins de santé, affirme-t-il, sont gratuits. Fournir des aides sociales n’était pas selon lui un choix politique, mais une obligation en vertu de la loi de Dieu.

III. L’apocalypse

Tous les musulmans reconnaissent que Dieu est le seul à savoir de quoi sera fait l’avenir. Ils s’accordent aussi à dire qu’il nous en a offert un aperçu dans le Coran et les récits du Prophète. L’EI s’écarte cependant de presque tous les autres mouvements djihadistes actuels car il pense être le personnage central des textes sacrés.

Oussama Ben Laden mentionnait rarement l’apocalypse et, quand c’était le cas, il semblait partir du principe qu’il serait mort depuis longtemps quand le glorieux châtiment divin se produirait enfin. “Ben Laden et Al-Zawahiri sont issus de familles sunnites appartenant à l’élite, qui méprisent ces spéculations et les voient comme une préoccupation des masses”, affirme Will McCants, qui travaille pour la Brookings Institution et écrit un livre sur la pensée apocalyptique de l’EI.

Pendant les dernières années de l’occupation américaine en Irak, les fondateurs directs de l’EI voyaient, au contraire, de nombreux signes de la fin des temps. Ils s’attendaient à l’arrivée sous un an du Mahdi, la figure messianique destinée à conduire les musulmans vers la victoire avant la fin du monde.

Pour certains croyants – ceux qui rêvent de batailles épiques entre le bien et le mal – les visions de massacres apocalyptiques répondent à un profond besoin psychologique. Parmi les sympathisants de l’EI que j’ai rencontrés, c’est Musa Cerantonio, l’Australien, qui a exprimé le plus grand intérêt pour l’apocalypse. Certains aspects de cette prédiction lui sont propres et n’ont pas encore le statut de doctrine. D’autres éléments viennent de sources sunnites traditionnelles et apparaissent partout dans la propagande de l’EI. Il s’agit notamment de la croyance qu’il n’y aura que 12 califes légitimes (Abou Bakr Al-Baghdadi étant le huitième), que les armées de Rome se rassembleront pour affronter les armées de l’islam dans le nord de la Syrie et que la grande bataille finale de l’islam contre un anti-messie se déroulera à Jérusalem après une dernière période de conquête islamique.

La bataille de Dabiq

L’EI accorde une importance cruciale à la ville syrienne de Dabiq, près d’Alep. Il a nommé son magazine de propagande d’après elle et il a organisé de folles célébrations après avoir conquis (non sans mal) les plaines de Dabiq, qui sont inutiles d’un point de vue stratégique. C’est ici, aurait déclaré le Prophète, que les armées de Rome installeront leur camp. Les armées de l’islam les y affronteront et Dabiq sera pour Rome l’équivalent de Waterloo.

Les propagandistes de l’EI se pâment à cette idée et sous-entendent constamment que cet événement se produira sous peu. Le magazine de l’EI cite Abou Moussab Al-Zarqaoui, qui aurait déclaré : “L’étincelle a été allumée ici, en Irak, et sa chaleur continuera de s’intensifier jusqu’à brûler les armées des croisés à Dabiq.” Maintenant qu’il s’est emparé de Dabiq, l’EI y attend l’arrivée d’une armée ennemie, dont la défaite déclenchera le compte à rebours précédant l’apocalypse. “Nous enterrons le premier croisé américain à Dabiq et nous attendons avec impatience l’arrivée du reste de vos armées”, a proclamé un bourreau masqué dans une vidéo de novembre 2014 montrant la tête tranchée de Peter Kassig, travailleur humanitaire qui était retenu en otage depuis 2013.

Après la bataille de Dabiq, explique Musa Cerantonio, le califat s’agrandira et ses armées pilleront Istanbul. Certains pensent qu’il se lancera ensuite à la conquête de la Terre entière, mais Musa Cerantonio estime qu’il ne dépassera jamais le Bosphore. Dajjal, un antimessie de la littérature musulmane apocalyptique, arrivera de la région du Khorasan, à l’est de l’Iran, et tuera un grand nombre des combattants du califat jusqu’à ce qu’il n’en reste que 5 000, piégés à Jérusalem. Alors que Dajjal se préparera à les éliminer, Jésus – le deuxième Prophète le plus vénéré dans l’islam – reviendra sur Terre, transpercera Dajjal d’une lance et conduira les musulmans jusqu’à la victoire.
Selon cette théorie, même les revers essuyés par l’EI n’ont pas d’importance. Dieu a de toute façon ordonné d’avance la quasi-destruction de son peuple.

IV. La lutte

A Londres, Anjem Choudary et ses étudiants m’ont décrit en détail la façon dont l’EI doit mener sa politique étrangère maintenant qu’il est a fondé un califat. Il a déjà entrepris le “djihad offensif”, conformément à la charia, soit l’expansion par la force dans des pays qui ne sont pas gouvernés par des musulmans. “Jusqu’à présent, nous ne faisions que nous défendre”, déclare Anjem Choudary. Sans califat, le djihad offensif est un concept inapplicable. En revanche, faire la guerre pour agrandir le califat est un devoir crucial du calife.

Abu Baraa, confrère d’Anjem Choudary, m’a expliqué que la loi islamique n’autorisait des traités de paix temporaires que durant une décennie. De la même manière, accepter des frontières est anathème, comme l’a déclaré le Prophète et comme le répètent les vidéos de propagande de l’EI. Si le calife consent à une paix à plus long terme ou à une frontière permanente, il sera dans l’erreur. Les traités de paix temporaires sont renouvelables, mais ils ne peuvent s’appliquer à tous les ennemis en même temps : le calife doit mener le djihad au moins une fois par an.





Anjem Choudary s'adressant à des manifestants musulmans regroupés devant l'ambassade des Etats-Unis à Londres le 14 septembre 2012. Ils protestaient contre un film prétendument insultant pour la foi musulmane.
Anjem Choudary s’adressant à des manifestants musulmans regroupés devant l’ambassade des Etats-Unis à Londres le 14 septembre 2012. Ils protestaient contre un film prétendument insultant pour la foi musulmane.
Anjem Choudary s’adressant à des manifestants musulmans regroupés devant l’ambassade des Etats-Unis à Londres le 14 septembre 2012. Ils protestaient contre un film prétendument insultant pour la foi musulmane - Leon Neal/AFP Il faut insister sur le fait que l’EI pourrait être paralysé par son radicalisme. Le système international moderne, né de la paix de Westphalie, en 1648, repose sur la disposition de chaque Etat à reconnaître des frontières, même à contrecœur. D’autres organisations islamistes, comme les Frères musulmans et le Hamas, ont succombé aux flatteries de la démocratie et à la perspective d’une invitation au sein de la communauté des nations. Pour l’EI, ce n’est pas envisageable : ce serait une apostasie.

Les Etats-Unis et leurs alliés ont réagi contre l’EI tardivement et avec stupéfaction. Les ambitions de l’organisation et les grandes lignes de sa stratégie étaient manifestes dans ses déclarations et sur les réseaux sociaux dès 2011, quand l’EI n’était qu’un mouvement parmi les nombreux groupes terroristes présents en Syrie et en Irak. En 2011, Abou Bakr Al-Baghdadi s’était déjà qualifié de “commandeur des croyants”, un titre habituellement réservé aux califes.

Si nous avions identifié les intentions de l’EI plus tôt et compris que le vide politique en Syrie et en Irak lui donnerait tout l’espace nécessaire pour les mettre en œuvre, nous aurions au minimum poussé l’Irak à renforcer sa frontière avec la Syrie et à négocier des accords avec sa population sunnite. Et pourtant, début 2014, Barack Obama a déclaré au New Yorker qu’il voyait l’EI comme un partenaire plus faible d’Al-Qaida. “Si une équipe de basketteurs junior enfile des maillots de la NBA, ça ne fait pas d’eux Kobe Bryant”, a-t-il ironisé.

Les dessous de l’exécution de Peter Kassig

Notre incapacité à comprendre la rupture entre l’EI et Al-Qaida, ainsi que les différences cruciales qui les séparent, a entraîné de dangereuses décisions. A l’automne 2014, le gouvernement américain a accepté un plan désespéré pour sauver l’otage Peter Kassig. Ce plan requérait l’interaction de figures fondatrices de l’EI et d’Al-Qaida.

L’objectif était qu’Abu Muhammad Al-Maqdisi, mentor d’Al-Zarqaoui et haute figure d’Al-Qaida, contacte Turki Al-Binali, principal idéologue de l’EI et ancien étudiant d’Al-Maqdisi. Les deux hommes s’étaient brouillés car ce dernier avait critiqué l’EI. L’érudit jordanien avait déjà appelé l’EI à se montrer clément envers le Britannique Alan Henning. En décembre 2014, The Guardian a révélé que le gouvernement américain, en utilisant un intermédiaire, avait demandé à Al-Maqdisi d’intervenir auprès de l’EI en faveur de l’otage Peter Kassig.

Al-Maqdisi vivait librement en Jordanie, mais il lui était interdit de communiquer avec des terroristes à l’étranger et il était étroitement surveillé. Quand la Jordanie a autorisé les Etats-Unis à organiser une rencontre avec Turki Al-Binali, le Jordanien a acheté un téléphone avec de l’argent américain et il a pu correspondre à son aise avec son ancien étudiant pendant quelques jours avant que le gouvernement jordanien ne mette un terme à la conversation et ne se serve de ce prétexte pour l’incarcérer. Quelques jours plus tard, la tête tranchée de Peter Kassig est apparue dans une vidéo filmée à Dabiq.

Intentions génocidaires

La mort du travailleur humanitaire était une tragédie, mais le succès du plan des Etats-Unis aurait été une catastrophe. La réconciliation d’Abu Muhammad Al-Maqdisi avec Turki Al-Binali aurait réduit le fossé entre les deux plus importantes organisations djihadistes au monde. Il est possible que la Maison-Blanche ait seulement voulu faire parler Turki Al-Binali pour obtenir des renseignements ou pour l’assassiner. De multiples tentatives visant à obtenir une réponse du FBI à ce sujet sont restées infructueuses. Quoi qu’il en soit, vouloir rabibocher les deux principaux ennemis terroristes des Etats-Unis révèle un manque de discernement lamentable.

Punis de notre indifférence initiale, nous attaquons maintenant l’EI sur le champ de bataille en soutenant Kurdes et Irakiens, ainsi qu’au moyen de frappes aériennes régulières. Certains observateurs ont appelé à une intensification de la riposte, parmi lesquels plusieurs porte-parole de la droite interventionniste qui se sont exprimés en faveur du déploiement de dizaines de milliers de soldats américains.

Ces appels ne doivent pas être rejetés précipitamment : une organisation qui ne cache pas ses intentions génocidaires se trouve à deux pas de ses victimes potentielles et commet quotidiennement des atrocités sur le territoire qui est déjà sous son contrôle. En outre, si l’EI perd son emprise sur les territoires syrien et irakien, il cessera d’être un califat. Celui-ci ne pourra plus être au cœur de sa propagande, ce qui fera disparaître le supposé devoir religieux d’émigrer pour le servir. Et pourtant, les risques d’une escalade de la violence sont considérables. Une invasion représenterait une grande victoire pour la propagande des djihadistes du monde entier, qui pensent tous que les Etats-Unis veulent s’embarquer dans une croisade des temps modernes pour tuer les musulmans. A quoi s’ajoute notre maladresse lors de nos précédentes tentatives d’occupation. La montée de l’EI, après tout, n’a été possible que parce que notre occupation [de l’Irak] a ouvert un espace pour Zarqaoui et ses successeurs.

Etant donné tout ce que nous savons sur l’EI, continuer de le saigner peu à peu au moyen de frappes aériennes et de batailles par alliés interposés semble la moins mauvaise solution. Le coût humanitaire de l’EI est élevé, mais la menace qu’il représente pour les Etats-Unis est limitée. Le noyau d’Al-Qaida fait figure d’exception parmi les organisations djihadistes en raison de son intérêt pour “l’ennemi lointain” (l’Occident). Les principales préoccupations de la majorité des organisations djihadistes concernent des questions plus proches de chez eux. C’est particulièrement vrai pour l’EI. Abou Bakr Al-Baghdadi a demandé à ses agents saoudiens de “régler la question des rafida [chiites] d’abord, puis des Al-Sulul [sympathisants sunnites de la monarchie saoudienne], avant de s’attaquer aux croisés et à leurs bases”.

Les combattants étrangers (ainsi que leurs femmes et leurs enfants) se rendent dans le califat avec un aller simple : ils veulent vivre selon la véritable charia et nombre d’entre eux cherchent à devenir des martyrs.

Quelques “loups solitaires” soutenant l’EI ont attaqué des cibles occidentales et d’autres attentats se produiront. Toutefois, la plupart des agresseurs se sont avérés des amateurs frustrés, incapables d’émigrer vers le califat. Même si l’EI se réjouit de ces attentats, notamment dans sa propagande, il n’a planifié ni financé aucun d’entre eux. (L’attaque contre Charlie Hebdo à Paris était principalement une opération d’Al-Qaida.) S’il est contenu, il est probable que l’EI cause lui-même sa chute. Il n’est allié à aucun autre pays et son idéologie garantit que cela ne changera pas. Les terres qu’il contrôle, certes vastes, sont pour l’essentiel inhabitées et arides. A mesure qu’il stagnera ou que son territoire rétrécira lentement, sa prétention d’être le moteur de la volonté de Dieu et l’agent de l’apocalypse perdra de sa valeur. A mesure qu’augmenteront les informations sur la misère qui y règne, les autres mouvements islamistes radicaux seront discrédités : personne n’a jamais cherché à ce point à appliquer strictement la charia en faisant appel à la violence. Voilà à quoi cela ressemble. 

V. Dissuasion

Il serait facile d’évoquer, concernant l’EI, un “problème avec l’islam”. La religion autorise de nombreuses interprétations et les sympathisants de l’EI sont moralement responsables de celle qu’ils ont choisie. Et pourtant, en faire une institution contraire à l’islam peut être contreproductif, notamment si ceux qui entendent ce message ont lu les textes sacrés et vu que de nombreuses pratiques du califat y sont clairement décrites.

Les musulmans peuvent affirmer que l’esclavage n’est plus légitime aujourd’hui, et que la crucifixion est condamnable à ce stade de l’Histoire. Nombre d’entre eux tiennent précisément ce discours. En revanche, ils ne peuvent condamner l’esclavage et la crucifixion dans l’absolu sans contredire le Coran et l’exemple donné par le Prophète.

L’idéologie de l’EI exerce un attrait puissant sur une certaine population. Les hypocrisies et les incohérences de la vie s’évanouissent face à elle. Musa Cerantonio et les salafistes que j’ai rencontrés à Londres sont incollables : aucune de mes questions ne les a pris de court. Volubiles, ils m’ont exposé leurs idées – et même de manière convaincante si l’on accepte leurs postulats. Juger celles-ci contraires à l’islam revient selon moi à les inviter à un débat qu’ils gagneraient.

Les non-musulmans ne peuvent dicter aux musulmans la manière correcte de pratiquer leur religion. Mais les musulmans ont lancé ce débat depuis longtemps dans leurs rangs. Il existe une autre branche de l’islam qui offre une solution radicale à l’EI : elle est tout aussi intransigeante, mais aboutit à des conclusions opposées.

“Ce n’est pas mon califat”

Abou Bakr Al-Baghdadi est salafiste. Le terme “salafiste” est devenu péjoratif, notamment parce que de véritables criminels ont lancé des batailles au nom de cette école de pensée. Mais la plupart de ses partisans ne sont pas djihadistes et ils adhèrent généralement à des mouvances religieuses qui rejettent l’EI. Ils sont déterminés, comme le note Bernard Haykel, à agrandir le Dar Al-Islam, la terre de l’Islam, y compris au moyen de pratiques monstrueuses comme l’esclavage et l’amputation – mais pas tout de suite. Leur priorité est la purification personnelle et l’observance religieuse. Pour eux, tout ce qui menace ces objectifs est interdit, comme provoquer une guerre ou des troubles risquant de perturber les vies, la prière et les études.





<p>Image issue du site djihadiste Welayat Salahuddin et montrant des membres du l'Etat islamique dans un véhicule volé aux forces de sécurité iraquiennes, le 14 juin 2014 dans la province de Salah ad-Din, province natale de Saddam Hussein.</p>
Image issue du site djihadiste Welayat Salahuddin et montrant des membres du l’Etat islamique dans un véhicule volé aux forces de sécurité iraquiennes, le 14 juin 2014 dans la province de Salah ad-Din, province natale de Saddam Hussein.
Image issue du site djihadiste Welayat Salahuddin et montrant des membres du l’Etat islamique dans un véhicule volé aux forces de sécurité iraquiennes, le 14 juin 2014 dans la province de Salah ad-Din, province natale de Saddam Hussein – Welayat Salahuddin/HO/AFP A l’automne 2014, je suis allé à Philadelphie dans la mosquée dirigée par Breton Pocius, 28 ans, un imam salafiste qui se fait appeler Abdullah. Il s’est converti au début des années 2000 après avoir été élevé dans une famille polonaise catholique à Chicago. Tout comme Musa Cerantonio, il parle comme un livre et montre une grande familiarité avec les textes anciens.

Lorsque Abou Bakr Al-Baghdadi a fait son apparition, Breton Pocius a adopté le slogan “Ce n’est pas mon califat”. “L’époque du Prophète était baignée de sang, m’a-t-il expliqué, et il savait que les pires conditions de vie pour n’importe quel peuple étaient le chaos, notamment pour l’umma [communauté musulmane].” Pour cette raison, poursuit Breton Pocius, le bon choix pour les salafistes n’est pas de semer la discorde en créant des factions et en réduisant les autres musulmans à des apostats.

Au contraire, Breton Pocius pense – comme une majorité de salafistes – que les musulmans devraient se retirer de la vie politique. Ces salafistes “quiétistes”, comme ils sont qualifiés, sont d’accord avec l’EI pour affirmer que la loi de Dieu est la seule valable. Ils rejettent aussi les pratiques comme les élections et la création de partis politiques. Toutefois, la haine du Coran pour la discorde et le chaos signifie pour eux qu’ils doivent se soumettre à quasiment n’importe quel dirigeant, même si certains sont manifestement pécheurs.

“Le Prophète a dit : tant que le dirigeant ne s’abandonne pas clairement au kufr [mécréance], obéissez-lui”, m’a expliqué Breton Pocius.
Et tous les “livres de principes” classiques mettent en garde contre les troubles sociaux. Vivre sans prêter serment, affirme Breton Pocius, rend effectivement ignorant ou ignare. Mais la bay’a n’implique pas de faire allégeance à un calife, et certainement pas à Abou Bakr Al-Baghdadi. Cela signifie, dans une perspective plus large, adhérer à un contrat social religieux et s’engager pour une société de musulmans, qu’elle soit dirigée ou non par un calife.Breton Pocius ressent beaucoup d’amertume contre les Etats-Unis à cause de la façon dont il y est traité – “moins qu’un citoyen”, selon ses termes (il affirme que le gouvernement a payé des espions pour infiltrer sa mosquée et a harcelé sa mère à son travail pour savoir s’il était un terroriste). Pourtant son salafisme quiétiste est un antidote islamique au djihadisme selon la méthode d’Abou Bakr Al-Baghdadi.Les dirigeants occidentaux devraient sans doute s’abstenir de donner leur avis sur les débats théologiques islamiques. Barack Obama lui-même a presque tenu les propos d’un mécréant lorsqu’il a affirmé [l’an dernier] que l’EI n’[était] “pas islamique”. Je soupçonne que la plupart des musulmans ont apprécié l’intention du président américain : il était à leurs côtés contre Abou Bakr Al-Baghdadi et les chauvins non musulmans qui cherchent à les impliquer dans les crimes de l’EI. La majorité des musulmans ne sont toutefois pas susceptibles de rejoindre le djihad. Ceux qui le sont auront vu leurs suspicions confirmées : les Etats-Unis mentent sur la religion pour servir leurs intérêts. 

Ne pas sous-estimer l’attrait de l’organisation

Dans le cadre limité de sa théologie, l’EI bourdonne d’énergie et même de créativité. En dehors de ce cadre, il pourrait difficilement être plus austère et silencieux : sa vision de la vie est faite d’obéissance, d’ordre et de soumission au destin. Dans la conversation, Musa Cerantonio et Anjem Choudary sont capables de passer de la question des massacres et des tortures à une discussion sur les vertus du café vietnamien et des pâtisseries sirupeuses – affichant un intérêt identique pour les deux. J’ai pu apprécier leur compagnie, en tant qu’exercice intellectuel et avec mauvaise conscience, mais seulement jusqu’à un certain point.

Lorsqu’il a fait la critique de Mein Kampf, en mars 1940, George Orwell a confessé qu’il n’avait “jamais été capable de détester Hitler”. Quelque chose chez lui percevait l’image d’un outsider, même si ses objectifs étaient lâches ou détestables.

Le fascisme, poursuivait George Orwell, est “psychologiquement bien plus solide que n’importe quelle conception hédoniste de la vie. […] Le socialisme et même le capitalisme, à contrecœur, ont affirmé au peuple : ‘Je peux vous offrir du bon temps.’ De son côté, Hitler a déclaré : ‘Je vous propose la lutte, le danger et la mort’, à la suite de quoi une nation tout entière s’est jetée à ses pieds. […] Nous ne devons pas sous-estimer son attrait émotionnel.”

Dans le cas de l’EI, il ne faut pas non plus sous-estimer son attrait religieux ou intellectuel. Le fait que l’EI tienne pour un dogme la réalisation imminente d’une prophétie nous indique au moins la trempe de notre ennemi. Les outils idéologiques peuvent convaincre certains candidats à la conversion que son message est erroné. Les outils militaires peuvent limiter les horreurs que l’EI commet. Mais sur une organisation aussi imperméable à la persuasion, il n’y a pas d’autres mesures susceptibles d’avoir un impact. Même si elle ne dure pas jusqu’à la fin des temps, la guerre risque d’être longue.

Les coulisses de l’article “Ce que veut vraiment l’Etat islamique”

C’est en août 2014 que Graeme Wood a commencé à travailler sur son grand article paru en une de The Atlantic sous le titre “Ce que veut vraiment l’Etat islamique”. “C’était devenu presque un cliché de dire que [l’Etat islamique] est un mouvement laïc qui utilise l’islam”, explique-t-il à Courrier international. Pourtant, à mesure qu’il lisait davantage sur Daech et sa propagande, le mouvement lui semblait bien plus informé que ce qu’il imaginait. C’est ce qui l’a poussé à rechercher “ce qui fondait sa prétention d’être islamique” et quelle était son interprétation de l’islam.
Interrogé sur les nombreuses critiques qu’a suscitées l’article - et en particulier la formule selon laquelle “l’Etat islamique est très islamique” - Graeme Wood déclare qu’il “s’attendait aux critiques”, mais qu’il “ne s’attendait pas à ce qu’elles soient, pour beaucoup, aussi détachées des faits relatifs à l’Etat islamique”. Il déplore que beaucoup des réactions “ne s’intéressent pas à l’article lui-même (…) mais à la question de savoir si l’EI est la meilleure représentation de l’islam, une question qui ne m’intéresse pas du tout”.







terça-feira, 26 de julho de 2016

A TURQUIA MODERNA




Numa das minhas últimas idas a Istanbul (visitei a cidade oito ou nove vezes) há cerca de dez anos, comprei numa interessante livraria que costumava frequentar, ao fundo da Istiqlal Caddesi, na esquina oposta ao Liceu de Galatasaray, o livro que refiro abaixo.

Trata-se de uma obra cuja leitura deveria ser obrigatória para todos quantos hoje falam e escrevem sobre os mais recentes acontecimentos na Turquia, seja na televisão, na rádio, nos jornais, e mesmo no facebook: Turkey: A Modern History, de Erik J. Zürcher, professor da Universidade de Amesterdão.

Publicado pela primeira vez em 1993, e reeditado várias vezes, é uma das obras mais rigorosas sobre a evolução da Turquia desde o começo do declínio do Império Otomano até finais do século passado, abordando as reformas de Selim III e de Mahmut II, visando a modernização do país, as perturbações internas, o despotismo de Abdülhamit II, a Primeira Guerra Mundial e o desmembramento do Império, os "Jovens Turcos", a Guerra da Independência, a extinção do Sultanato e a consequente abolição do Califado, a proclamação da República, as lutas intestinas e as primeiras décadas do novo regime.

Existe na opinião pública, e publicada, a ideia de que Mustafa Kemal Pasha, um dos heróis da luta pela conservação da maior parte do território remanescente do Império, assumiu sem objecções a liderança do novo país. Nada de mais errado.

A carreira de Mustafa Kemal, presidente da Grande Assembleia Nacional, a qual, sob sua pressão e dos seus apoiantes haveria de proclamar, inopinadamente, a República, em 29 de Outubro de 1923, na ausência dos seus mais eminentes companheiros de combate, e escolhê-lo a si mesmo para primeiro presidente, foi recheada de escolhos.

Dotado de grande inteligência e de particular habilidade política, Mustafa Kemal desembaraçou-se sucessivamente dos seus opositores e mesmo dos seus partidários e amigos que lhe poderiam ensombrar a carreira, e foi inicialmente alvo de grande contestação no país, indignado com os seus métodos, com as reformas que foi introduzindo e que visavam não só a modernização como principalmente a ocidentalização da Turquia e também a consolidação da sua autoridade e do seu prestígio pessoal.

Apesar de um passado conturbado, a família imperial, talvez pelo seu peso histórico, gozava ainda de grande prestígio entre a população, e a extinção da Monarquia e o exílio do último sultão provocaram profundo descontentamento, agravado com a abolição do Califado, instituição que simbolizava não só a chefia dos muçulmanos turcos mas dos muçulmanos de todo o mundo.

Também a transferência da capital de Istanbul, cidade histórica por excelência, que já se chamara Bizâncio e Constantinopla, para Ankara, localidade apagada no centro do país mas que servira de contrapoder durante a oposição dos "revolucionários" aos governos dos últimos grão-vizires, provocou evidente mal-estar.

Seguiram-se as reformas cujo objectivo era a alteração dos costumes: a proibição do uso do fez pelos homens, substituído pelo chapéu ocidental, a interdição do porte de véu pelas mulheres em todos os estabelecimentos públicos, a eliminação dos títulos de cortesia Effendi, Bey, Pasha, a adopção da legislação civil e judicial ocidental e, last but not least, a substituição do alfabeto árabe pelo alfabeto latino (com ligeiras modificações) na língua turca, que constituiu um ciclópico trabalho de adaptação, mas que hoje se encontra de tal forma vulgarizado na população que tendo eu pedido, por mais do que uma vez, a jovens turcos (liceais ou universitários) para me lerem inscrições antigas em monumentos, redigidas em turco ainda com caracteres árabes, eles foram absolutamente incapazes de compreender o que se encontrava escrito.

É inegavelmente imensa a contribuição de Mustafa Kemal para a modernização da Turquia, para o seu desenvolvimento económico, para a nova orientação da política externa. Mas com que custos? Uma contabilidade que nunca foi efectuada, e talvez não pudesse ser de outra forma.

O recente "golpe de Estado" abortado contra Recep Tayyip Erdoğan, de contornos ainda mal definidos mas que o levou já a adoptar medidas drásticas contra os presumíveis golpistas e a generalidade dos seus opositores, fez-me lembrar um episódio semelhante ocorrido há cerca de um século.

Em 15  de Junho de 1926, quando Mustafa Kemal se preparava para visitar Izmir (Esmirna), foi descoberta uma conspiração para o assassinar. Esta tentativa, verdadeira ou falsa, constituiu pretexto para Kemal, com o apoio do dedicado amigo Mustafa Ismet Inönü, seu antigo companheiro de combate, primeiro-ministro, e que viria a suceder-lhe na presidência da República, se desembaraçar do que restava da oposição à sua absoluta liderança, com inúmeras prisões e enforcamentos, depurações em massa, silenciamento da imprensa (já então muito submissa) e com a instituição do Partido Republicano do Povo (PRP), em turco Cumhuriyet Halk Partisi ou CHP, como partido único, que passou a governar a Turquia sem oposição até ao fim da Segunda Guerra Mundial

A semelhança dos dois episódios recorda-me a asserção de Karl Marx no seu livro O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, quando sustenta que os grandes eventos repetem-se sempre na História: a primeira vez ocorrem como tragédia, a segunda vez como farsa.

A secularização da Turquia iniciada por Mustafa Kemal tornou-se imparável, e as Forças Armadas, onde o presidente atingiu o posto de marechal, constituíram-se fiéis depositárias dessa herança, que têm defendido, inclusive através de golpes de Estado, só começando a perder poder com a contra-revolução de Erdoğan, um Kemal às avessas, cujo objectivo, desde o tempo de presidente da  Câmara Municipal de Istanbul, de primeiro-ministro, e agora de presidente da República, é reverter o legado kemalista e proceder à reislamização do país. As purgas e prisões nas forças armadas, e também na magistratura, no ensino e nos meios de comunicação social, e a dúplice política externa, fazem de Erdoğan um homem perigoso não só para os turcos esclarecidos mas para todo o Médio Oriente e para a Europa. O actual presidente turco aspira não só ao completo controlo do poder secular mas, se lhe for possível, também à chefia do poder espiritual, transformado numa espécie de califa ad hominem, na ausência de uma autoridade religiosa centralizada do Islão.

Qundo morreu, em 10 de Novembro de 1938, Mustafa Kemal, já então conhecido por Kemal Atatürk (o Pai dos Turcos) - o apelido foi-lhe concedido em 1934 pelo Parlamento e o seu uso definitivamente proibido para qualquer outra pessoa - tinha-se tornado uma figura mais ou menos consensual (problema dos Kurdos à parte) e era objecto de veneração da Pátria.

O leito onde morreu, no seu quarto do palácio imperial de Dolmabahçe, em Istanbul, ainda hoje está coberto com a bandeira turca, e todos os relógios do monumental edifício, mandado construir em 1843 pelo sultão Abdülmecid I, foram parados à hora do seu passamento.

Suspeito que Erdoğan não terá uma morte tão pacífica como o fundador da Turquia  moderna.


O NEOLIBERALISMO E O TERRORISMO

Transcrevemos de "Politis", a entrevista de Roland Gori:

 

 « Daesh nous empêche de voir que la question majeure est politique »

Pour le psychanalyste Roland Gori, les auteurs des récents attentas sont les monstres du néolibéralisme. Daesh, estime-t-il, est l’arbre qui cache une crise politique profonde et sans issue immédiate, et qu’il devra pourtant falloir régler pour éradiquer ce terrorisme.

Politis : Comment analysez-vous ce qu’il s’est passé à Nice la semaine dernière ?

Roland Gori : La prudence serait de dire qu’on ne sait pas. Que l’on a besoin de temps pour préciser les données à recueillir par des enquêtes, et de temps pour une analyse multidimensionnelle mobilisant la pensée. Nous avons besoin de temps pour penser ce qui nous arrive, et comment nous en sommes arrivés là. Nous avons besoin de comprendre ce qui rapproche chacun de ces meurtres de masse et ce qui les différencie les uns des autres.

Globalement, nous réagissons trop vite. Ce qui peut être justifié, en matière de protection, de sécurité ou d’assistance, ne l’est plus en termes d’information ou d’analyse. Or, les dispositifs d’information et d’analyse sont eux-mêmes atteints, corrompus par les dérives de la « société du spectacle », du « fait divers » qui permet la marchandisation des émotions et des concepts. Cela n’est pas acceptable moralement et politiquement car cela détruit aujourd’hui les bases sur lesquelles se fondent nos sociétés et participe à fabriquer les tragédies que nous traversons. C’est le fonds de commerce de nos ennemis et de leurs alliés objectifs, et de leurs comparses involontaires. 
 
Quelle est la responsabilité des médias ?

Les médias ont une grande responsabilité dans cette affaire : ils participent à la « star académisation » de passages à l’acte criminel, pour certains immotivés – au sens quasi-psychiatrique du terme – réalisés par des personnalités plus ou moins pathologiques n’ayant aucun rapport personnel avec leurs victimes. Ce qui ne veut pas dire que tous ces meurtres relèvent de la même économie, que tous sont commis par des psychopathes ou des psychotiques. Certains sont authentiquement politiques, d’autres appartiennent au fanatisme « religieux », d’autres encore aux réseaux « mafieux » qui a fait du terrorisme l’occasion de nouvelles affaires rentables.
L’habillage idéologique ou religieux est plus ou moins décisif, déterminant selon les cas : entre les massacres de Charlie, ceux de l’hypercasher, ceux du Bataclan, de Nice ou l’agression des passagers d’un train en Bavière, les motivations ne sont pas les mêmes. Daesh « ramasse » tout, cela sert son entreprise de déstabilisation de l’Occident en frappant le « ventre mou » de l’Europe, en espérant ainsi favoriser les tensions intercommunautaires. C’est l’appel à la guerre civile lancé par Abu Musad Al Suri en 2005 : appel à la résistance islamiste mondiale mobilisant toutes les populations musulmanes afin de frapper les juifs, les occidentaux, les apostats, là où ils se trouvent.
À partir de ce moment-là, tout crime, tout meurtre qui pourrait être « marqué » par un signe d’appartenance communautaire, se voit recyclé comme « combustible » made in Daesh. Cela fait partie de la stratégie de ce groupe et de sa propagande. Nous risquons de valider leur campagne de terreur en donnant une unité et une consistance à des myriades d’actions plus ou moins inspirées par le terrorisme djihadiste.
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En déclarant d’emblée que le tueur de Nice était relié à Daesh, François Hollande a donc commis une erreur ?

Les déclarations de François Hollande (et de sa suite), au moment de l’horreur niçoise, me sont apparues prématurées et dangereuses. Hollande pourrait tomber à pieds joints dans le piège tendu par Daesh : d’abord en relayant et en validant une propagande qui veut que tout meurtre de masse soit le fruit de l’embrigadement de l’organisation terroriste. La radicalisation d’une personnalité apparemment aussi trouble que celle du tueur de Nice, ses addictions et ses violences, sa bisexualité et son alcoolisme solubles en peu de temps dans le « radicalisme religieux » au service d’un « terrorisme de proximité », me laissent perplexe.
Ensuite, en annonçant que les frappes sur le terrain extérieur allaient redoubler, Hollande donne du grain à moudre à tous ceux qui veulent se venger de l’arrogance occidentale, des pratiques de maintien de l’ordre des anciens colonisateurs. Il valide le discours de propagande des salafistes qui ont suivi la voie du djihad. Qu’un président soit, en son âme et conscience politiques, appelé à ordonner des opérations militaires, pourquoi pas… Il devra rendre des comptes de sa décision au parlement et au peuple. Mais, qu’il l’annonce comme cela, dans un effet d’annonce en réaction aux crimes de masse, ça ne me semble ni politique, ni productif.

Qu’avez-vous pensé de la réaction des (autres) politiques ?

Il est normal qu’en tant que victime, parent de victime, vox populi, nous soyons submergés par la haine, le désir de vengeance, la douleur et la violence d’une tristesse infinie qui nous donne des envies de meurtres et de vengeances. C’est autre chose que les politiques aillent dans ce sens de l’émotion immédiate.
Tous les politiques, et les déclarations de l’opposition, à quelques exceptions près, ne se sont pas davantage montrés à la hauteur. Les morts, les victimes et leurs familles, méritaient mieux. C’est encore auprès du peuple, de ceux qui ont été là, anonymes, discrets, humains, qu’ils ont trouvé le langage, la présence, l’amour dont ils avaient besoin. La star académisation des criminels (je suis d’accord avec la proposition de mon collègue et ami, Fethi Benslama, dans Le Monde, d’« anonymiser » davantage les auteurs des meurtres de masse, ou du moins d’éviter de les rendre « célèbres ») et toutes les manifestations spectaculaires sont déplacées. Elles vont dans le sens de l’ennemi, si ennemi il y a derrière chacun de ses meurtres.
Alors, soyons prudent : Daesh essaiera de récupérer tout meurtre qui participerait, à plus ou moins grande distance, à son projet et nourrit sa propagande, ceux qu’il a organisés, ceux qu’il a inspirés… et les autres. Ne lui servons pas la soupe. `
Il me vient aussi une analogie que je vous livre : au cours de la schizophrénie, il y a l’apparition, parfois, d’un délire, celui de la « machine à influencer ». C’est-à-dire la conviction délirante chez le patient que ce qui se passe dans son corps (sensations, éruptions, douleurs, érections…) est « fabriqué » par une machine que manipulent des persécuteurs pour le faire souffrir. L’émergence de ce type de délire s’est souvent enrichi des découvertes technologiques, et leur sont parfois contemporaines. Dans ce cas-là, va-t-on accuser la machine ou la maladie mentale ?
L’idéologie est bien souvent une « machinerie » qui permet à beaucoup de monde de « fonctionner », et de combler le vide de l’existence. Il ne suffit pas de supprimer les « machines » pour faire disparaître l’usage que nous en faisons. Mais il y a des machines plus dangereuses que d’autres, c’est celles dont nous devons nous préoccuper en priorité pour savoir quels besoins les ont fait naître, et pourquoi c’est aujourd’hui qu’elles trouvent un « personnel » pour les faire tourner.

Alors que faire ?

Traiter politiquement le problème, et pas en réagissant immédiatement à l’émotion. En allant dans la direction de l’émotion, de la vox populi, Hollande signe la démission du politique, et ça, c’est très grave. La politique, ce n’est pas suivre les vagues de l’opinion publique terrorisée, mais les éclairer, les aider à penser ces tragédies.
Pour cela, il faut laisser le temps de l’enquête et essayer de comprendre ce qui nous arrive. Même si Daesh revendique les attentats – à Nice ou encore en Bavière, avec ce garçon de 17 ans qui a agressé des gens dans un train avec une hache –, rien n’exclut que cela ne soit pas une revendication opportuniste. Daesh a tout intérêt à « ramasser » tous les crimes où peuvent exister, même a minima, des tensions intercommunautaires puisque cette lutte djihadiste d’un genre nouveau fait l’éloge d’une espèce de guerre civile à l’intérieur de l’Occident, et en particulier en Europe. C’est son fonds de commerce.
Daesh utilise les armes de l’adversaire : les médias, les vidéos, les sites des jeunes… C’est sa force, mais aussi sa faiblesse, puisque cela va conduire les terroristes à revendiquer des actes venant de personnalités peu « orthodoxes » et qui vont donc agir en contradiction avec les valeurs portées.
L’archipel « terroriste » tire sa force de son éparpillement, de sa mobilité, de son caractère protéiforme et opportuniste, mais dans le temps cela peut devenir sa faiblesse_. Comme tout archipel, il risque la dispersion, la fragmentation, l’érosion. Allez expliquer aux populations martyrisées par Daesh – et parfois administrées avec rigueur et habileté, toujours avec opportunisme affairiste et cruauté extrême – qu’à Mossoul on passe les homosexuels par les balcons, et qu’à Nice on les transforme en « _soldat » du « califat » ! Qu’écouter de la musique, c’est sacrilège à Raqqa et nécessaire aux « soldats » pour préparer la propagande d’embrigadement des jeunes !
Toutes les idéologies finissent par se discréditer du fait que leurs plus chauds responsables n’agissent pas comme ils disent, et ne disent pas comme ils agissent. Inutile d’en appeler à la raison pour « dé-radicaliser » (j’ai horreur de ce mot, faux-ami s’il en est !) … Il faut montrer, et montrer encore les contradictions. Et ne pas oublier, comme disait Marx, qu’« être radical c’est prendre les choses à la racine ». Alors, soyons radicaux !!
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Vous avez parlé de « théofascisme » pour désigner Daesh, que voulez-vous dire par là ?

C’est la thèse que je défends avec force : je crois que les théofascismes sont les monstres que nous avons fabriqués. Notre modèle de civilisation est aujourd’hui en panne. La bonne nouvelle, c’est que la vision néolibérale de l’humain est agonisante, moralement ruinée, qu’elle n’est plus crédible. La mauvaise nouvelle, c’est que son agonie dure. C’est la définition que Gramsci donnait de la « crise » : « c’est quand le vieux monde est en train de mourir, et que le nouveau monde tarde à naitre. Dans ce clair-obscur, naissent les monstres ». Nous y sommes.
L’idéologie néolibérale d’un homme « entrepreneurial » universel, guidé par sa raison technique et son intérêt économique, régulé par le marché et le droit occidental mondialisé, ne fait plus recette auprès des masses. Ce vieux monde les a appauvries et les fait souffrir tous les jours davantage. Ce néolibéralisme ne se maintient que par les structures institutionnelles de pouvoir, que par les affaires interconnectées de manière systémique, par les politiques des gouvernements acquis à cette cause. Mais les peuples n’en veulent plus.
Comme à la fin du XIXe siècle, comme dans l’entre-deux-guerres, aujourd’hui renaissent des « mouvements » de masse, nationalistes, populistes, racistes… qui cherchent désespérément une alternative au monde « libéral-universel des droits de l’homme-du progrès-de la raison » de cette « religion du marché » aux rites de laquelle on soumet les citoyens et les peuples. Mais ils n’en veulent plus.
Nous sommes gouvernés aujourd’hui, comme le disait Camus, par des machines et des fantômes. Dans ce clair-obscur, surgissent toutes les angoisses. Angoisses du chaos, de l’anéantissement réciproque, des incendies universels. Surgissent toutes les misères aussi, économiques, symboliques, du déclassement, de l’invisibilité. Enfin, toutes les passions enfantées par la haine et la peur. Là où Hollande a raison, c’est qu’il y a un risque de dislocation. Pas seulement de la société française, mais de plusieurs régions du monde, et en particulier de l’Europe. C’est de ces failles, sismiques, qu’émergent Daesh, les populismes, les racismes, le FN et consorts…

Vous les mettez tous sur le même plan ?

On voit émerger des mouvements violents, habillés de religion ou de marqueurs communautaires ou ethniques, qui captent la colère et le désespoir des masses face à cette crise de gestion néolibérale du monde. C’est, à la fois, une crise des pratiques néolibérales qui vivent sur une économie subprime, et des valeurs désormais en chute libre d’un capitalisme heureux. Les gens ne sont plus « croyants » de cette « religion de marché », et on leur demande de demeurer « pratiquants », et d’accepter de souffrir l’austérité pour mériter le paradis promis par la technocratie. Résultat : vous avez le Brexit, dont ceux-là mêmes qui l’ont promu, ne savent plus quoi faire !
J’ai souvent dit que cette émergence des théofascismes pouvait ressembler à ce qui avait pu se passer à la fin du XIXe siècle et au milieu des années 1920-1930, avec l’émergence des fascismes, du nazisme, des totalitarismes, lorsque, face à la crise des valeurs et des pratiques libérales, les masses se sont trouvées confrontées à une situation politique sans solution politique possible.
À ce moment-là aussi, face aux masses désœuvrées et esseulées, des mouvements de masse ont émergé, portés par des minorités audacieuses, violentes, organisées, capables, au nom du nationalisme, du racisme, des valeurs populistes les plus débridées, de contrôler et d’encadrer des individus déboussolés, des individus de masse. Dans ce qu’Hannah Arendt nomme le « désert », tout ce qui pouvait relier les humains entre eux - la religion, la politique, la culture, l’amitié -, se voyait menacé par les crises, économiques et symboliques.
Dans ce vide, différent et relatif selon les époques, bien sûr, l’angoisse de l’avenir et du devenir conduisait à chercher des repères et des identifications fusionnelles aux camarades des partis que les appareils organisaient de manière habile et drastique. Ces révolutions conservatrices sont nées des contradictions entre les belles idées libérales issues des Lumières (croyance dans la raison critique et le progrès, émancipation par le commerce, réduction de la misère par la technique et l’industrie…) et les pratiques des gouvernements « libéraux » bourgeois (les inégalités sociales, l’inféodation au commerce, le chômage de masse, la désaffiliation des individus de leurs liens familiaux…).
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On l'a vu de manière éclatante avec l'ère Sarkozy !

La logique sécuritaire néolibérale portée notamment par Nicolas Sarkozy – qui a beau jeu désormais de trouver à redire sur la politique de sécurité actuelle ! – a elle-même cassé les effectifs de sécurité (gendarmerie, armée, police). Voilà des larmes de crocodile de nos conservateurs qui ont exigé la casse des services publics qui assuraient, en réalité, la sécurité autrement que de manière sécuritaire.
En maintenant et en fabriquant le lien social, ce lien qui produit un sentiment de sécurité très important – on voit bien comment en jouant sur les émotions, la peur, on risque de faire basculer la démocratie vers n’importe quel ordre autoritaire et totalitaire – on produit une sécurité réelle. À partir du moment où les gens sont ensemble, sont bien soignés, sont éduqués, sont accueillis, bref où on les aide à vivre ensemble par les services publics, il y a un terreau de la sécurité que le paradigme de la logique d'austérité et du modèle de l’homme économique ont détruit toutes ces dernières années.
Il faudra aussi faire ce bilan, et savoir combien de vies gâchées a pu produire cette austérité dont les Européens ne veulent plus. À s’obstiner dans cette technocratie qui place les citoyens et les peuples sous curatelle technico-financière, les politiques jouent la politique du pire, celle de Daesh, comme celle des extrêmes droites, et finiront par être eux-mêmes emportés par les monstres qu’ils ont créés.

Une piste de résolution serait donc de changer le système économico-politique ?

Oui, sauf qu’il n’y a pas de résolution immédiate. On n’a pas de kit pour changer de civilisation. Là encore, nous cherchons toujours trop vite des solutions face à des problèmes multidimensionnels qui ont une temporalité complexe. Il faut envisager des mesures avec des temporalités différenciées : peut-être que les mesures sécuritaires sont nécessaires, je ne sais pas, je ne prendrai jamais le risque de les dire inutiles simplement par choix idéologique.
La situation est grave, beaucoup plus qu’on ne le dit. Mais je suis sûr d’une chose, c’est que ces mesures de surveillance sont insuffisantes. Cela ne suffira pas, si ces mesures ne sont pas accompagnées d’autre chose, de mesures authentiquement politiques, sociales et culturelles_._ À demeurer au seul niveau de la veille et de la protection sécuritaires, nous finirions par tomber dans le piège de notre ennemi en changeant insidieusement de civilisation et de manières de vivre.
Et puis il ne faut pas que Daesh nous cache les autres périls : la montée du FN, la tentation des extrêmes, le repli frileux sur nous-même. Et que le problème Daesh nous empêche de voir que la question majeure, c’est que nous n’arrivons pas à trouver d’alternative politique qui nous permette de transformer les frustrations et les colères des citoyens en force politique.

La gauche en est-elle aujourd’hui capable ?

Pour l’instant non. Elle n’est pas capable d’offrir un projet politique crédible à des masses en colère et désespérées. A nouveau, nous nous trouvons devant une crise politique que paradoxalement nos institutions et nos politiques se refusent à traiter par des mesures politiques, qu’elles abordent comme des problèmes techniques sans changer de logiciel. Résultat des courses : en empêchant le traitement politique d’une crise politique, on précipite le peuple dans les bras de tous ceux qui ressemblent à du politique parce qu’ils sont anti-système !
Comparaison n’est pas raison, mais cette situation ressemble à s’y méprendre à ce que Simone Weil décrivait de la situation en Allemagne en 1932-33. Les masses vont chercher ailleurs que dans les partis traditionnels des démocraties libérales des points d’appui pour s’extraire de leur désespoir. Que ce soit dans la notion de communauté religieuse ou ethnique ou autre, la renaissance politique de ces notions s’explique par les failles du système qui conduiront, à terme, à sa dislocation.
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La question du politique nous revient donc paradoxalement par le religieux…

Oui, alors même qu’à certaines périodes de notre histoire, il en était le repoussoir. C’est sur les ruines des nationalismes du monde arabo-musulman que renaissent les islamismes politiques et terroristes qu’il ne faut surtout pas confondre et amalgamer. Il y a tout un travail généalogique et archéologique à faire de ce côté-là, dont je précise, une fois encore, qu’il ne saurait épuiser les racines des terrorismes actuels.
Mais, ce qui me paraît intéressant, c’est de remarquer que, faute d’idéologies politiques identifiables_, le motif religieux fait l’affaire pour nombre de propagandes « _par l’acte », comme on le disait naguère des anarchistes. Les idéologies avaient eu tendance à remplacer les religions, aujourd’hui les motifs religieux tendent à recouvrir des idéologies. Mais les pratiques tendent à se maintenir, c’est toujours violence contre conscience, humanisme contre barbarie, Lumières contre ténèbres… mais, le clair-obscur brouille les pistes. On cherche désespérément le soleil !
Notre travail consiste donc à démasquer la question politique qui se cache derrière le religieux, le communautaire. Et ensuite, s’en saisir à bras-le-corps. Ce qui veut dire qu’il faut signer l’acte de décès du néolibéralisme, en urgence, en état d’urgence. Qu’il faut absolument, par exemple, reconsidérer la fonction sociale de l’art comme du soin ou de l’éducation ou de la justice, et la fonction politique de la culture et de l’information. Il y a eu le « pacte de stabilité », puis « l_e pacte de sécurité_ », il faut aujourd’hui « le pacte d’humanité », et à la manière de Zweig approcher la liberté moins comme une habitude que comme « un bien sacré ».
Concrètement, cela implique, par exemple, de favoriser la « fraternité européenne » en cassant la technocratie de Bruxelles et ses traités qui mettent les peuples en concurrence et en servitude. Il faut une « désintoxication morale de l’Europe » disait Zweig. Au risque de désespérer les peuples qui la composent. Si nos gouvernements ne sont pas capables de mettre un terme à cette technocratie, on verra monter l’extrême droite en Europe, et les théocraties ailleurs dans le monde.

Comment cela se fait-il que les politiques soient si inopérants ?

Aujourd’hui, le politique a déserté la spécificité de son champ. Hier, il l’a fait au profit de la religion du marché. Aujourd’hui, il le fait au profit d’une société du spectacle. Les hommes politiques essaient de vendre dans leurs discours des produits qui leur permettent d’acquérir un maximum de parts de marché de l’opinion publique. Faisant cela, ils aggravent la crise. Ils ne sont pas crédibles. Ils « gèrent » les opinions et maintiennent, sans les contrebalancer, les pouvoirs des oligarques de l’économie.
Après l’émotion terrible de cette semaine, comment voulez-vous que nous puissions croire autant le gouvernement que son opposition ? Il nous manque une parole politique, authentique, qui puisse faire un projet alternatif à la myriade de mouvements autoritaires, extrémistes, terroristes. Bref, il manque une parole politique consistante qui puisse contrer la propagande des monstres nés de la crise. Il nous faut un discours vrai, le feu sacré du politique, qui enthousiasme et donne envie de se battre autant que de rêver, de s’aimer autant que de s’opposer sans se détruire.

Et sinon ?

La suite a déjà eu lieu : on a déjà vu dans l’histoire, à la fin du XIXe siècle, entre 1885 et 1914, l’émergence de mouvements nationalistes, populistes, antisémites en France et en Europe. Ils poussaient sur le reflux des valeurs des Lumières, du progrès, du rationalisme. Le déclin de ces valeurs du libéralisme philosophique favorise l’émergence de monstres politiques, comme le fascisme et le nazisme.
La philosophe Simone Weil explique qu’en 1932-33, l’Allemagne s’est trouvée face à une crise politique terrible, et qu’on a interdit aux gens de résoudre cette crise. Aujourd’hui, c’est moins l’interdiction que l’empêchement. La censure est indirecte, insidieuse, mais elle existe : nos logiciels inhibent la capacité politique d’inventer des alternatives. Dans les années 1930, l’alternative monstrueuse politique a été Hitler et les fascismes… Aujourd’hui, on a quelque chose d’analogue avec Daesh : une propagande incohérente, un « attrape-tout » idéologique, des sentiments confus, une rhapsodie qui joue sur toutes les partitions de frustration et de mécontentement.
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Peut-on vraiment faire l'analogie entre Hitler et Daesh ?

Ce qu’a fait Hitler, en encadrant les masses, en leur donnant des boucs émissaires face à leurs sentiments de colère et d’humiliation, c’est de leur donner des raisons fallacieuses de vivre et de mourir pour des illusions de pacotille. Il n’empêche que des forces, même minoritaires, surgies des ténèbres, peuvent apporter la violence et l’anéantissement. Aucune, ou presque, des mesures sociales promises par les nazis, n’ont été tenues, le régime de propriété et les oligarchies industrielles et financières se sont maintenues et accrues. Les classes sociales qui avaient cru éviter le déclin, ont été cocufiées. Il y a eu des millions de morts, une nouvelle industrie de la terreur qui a rendu plus que jamais l’humain superflu et obsolescent, matière première des techniques de production. Après la guerre, un vent humaniste a soufflé. Il est retombé. Aujourd’hui, de nouveau on entend la colère et le désespoir des opprimés. On finira par éteindre le soleil et les étoiles parce qu’ils ne nous versent pas de dividendes, aimait à rappeler mon ami Bernard Maris, en citant John Keynes. Jusqu’à quand laisserons-nous faire ?

Sur quoi peut-on se fonder pour envisager une autre politique ?

Cela ne peut se fonder que sur la réinvention de l’humanisme. Une posture éthico-politique, qui vise à faire « l’ontologie du présent », comme le dit Michel Foucault, pour essayer de voir ce qui, dans ce présent, brille comme un danger que l’histoire peut éclairer. C’est ce défi de la modernité que nous avons à relever : replacer l’humain au centre, de manière concrète, particulière, pas de manière universelle, réduit à la monotonie, pas de manière homogénéisée.
Il faut relire aujourd’hui Stefan Zweig, notamment son livre sur Le Brésil, terre d’avenir, où il explique comment la création d’une culture peut naître de la créolisation de l’ensemble des particularités culturelles qui la composent. C’est l’hétérogène qui rend fort. La création d’une véritable identité culturelle passe par le creuset d’une culture qui fait fondre ensemble - par des alliages subtils -, bien des composants humains.
Le politique, c’est à cette pluralité qu’il a à se confronter, pas parce qu’il en a besoin comme « forces de travail » à exploiter, mais parce que c’est ainsi que se crée un peuple_,_ sa force et son histoire. Il faut faire passer le message de la désintoxication morale de l’Europe, qui doit passer par la République des Lettres, par la fraternité des cultures, des échanges, des expériences sensibles.
Zweig dit qu’on devrait enseigner à chaque nation son histoire, moins celle de ses conflits avec les autres nations, mais bien plutôt ce que chacune d’entre elles doit aux autres pour être aujourd’hui ce qu’elle est. Il s’agirait moins d’enseigner nos victoires et nos défaites, que nos dettes aux autres cultures. C’est en nous appropriant à notre manière singulière ce que les autres nous ont apporté que nous nous sommes créés, que nous avons, comme l’écrivait Camus, « donné une forme à notre destin ».

Pauline Graulle
par
publié le 21 juillet 2016