quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O MUSEU NACIONAL HÚNGARO




Quando visitei, pela primeira vez, o Museu Nacional Húngaro (Magyar Nemzeti Múzeum), há mais de dez anos, havia apenas um modesto folheto bilingue (alemão/inglês) em que se historiava o Museu em 16 pequenas páginas.


Situado na Muzéum körút, construído em estilo neoclássico, foi inaugurado em 1864, embora seja costume dizer-se que foi fundado em 1802, quando o conde Ferenc Széchényi ofereceu a sua colecção de minerais e biblioteca à futura instituição


Nos jardins, em frente da fachada, há uma estátua do poeta oitocentista János Arany, por Alajos Stróbl.




Quando voltei agora a visitá-lo, há cerca de dois meses, continuava a não existir catálogo do Museu mas um simples desdobrável, que reproduzo, editado exclusivamente em húngaro. Há, todavia, uma publicação em tomos, mais volumosa, em inglês ou em húngaro, que não é propriamente um catálogo, e da qual não estão disponíveis todos os números: The Hungarian National Museum. Adquiri um exemplar, History Exhibition Guide: 4 - The 20th Century.


O Museu, que possui dois andares, albergou a coroa do rei Santo Estêvão e as outras insígnias reais, que hoje se encontram no Parlamento, para onde foram transferidas em 2000.



O Volume 4 abrange as salas 16 a 20, da Belle Époque e do colapso da Monarquia até à queda do regime comunista, com especial referência à derrota do Império Austro-Húngaro em 1918, à abdicação de Carlos I, à regência do almirante Miklós Horthy (que haveria de se exilar no Estoril), à República e à instauração e queda do regime comunista.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

ALCIBÍADES, O ETERNO ADOLESCENTE



Alcibíades, que ficou conhecido na História mais pela sua beleza e pelos seus escândalos do que pela sua acção política, é uma personagem incontornável da Antiga Grécia.

Apaixonado por rapazes, desde a sua mais tenra idade, mas não desdenhando, com o passar dos anos, o convívio de mulheres, Alcibíades (450-404 A.C.) permanece a imagem do mais belo, e eterno, adolescente da Hélada.

É sobretudo recordado pela cena evocada por Platão, no Banquete (que terá ocorrido eventualmente  em 416 A.C.), quando tendo-se oferecido a Sócrates, o velho mestre, que também perseguia os efebos mas conhecia o carácter do jovem, recusou as suas propostas, não indo além de se deitar com ele uma noite, que Alcibíades recorda como se a tivesse passado com um pai ou um irmão. [A comparação não é, aliás, muito feliz, já que o incesto não é coisa rara]. Isto, não obstante Alcibíades ter sido a grande paixão de Sócrates.

Mas tanto ou mais do que a sua vida sexual importa recordar a sua actividade política e militar, ainda que o nosso "herói" acabasse sempre por misturar ambas.


No seu livro Alcibiade, ou les dangers de l'ambition, a historiadora francesa Jacqueline de Romilly  (a primeira mulher a ser professor no Collège de France e a segunda a ser eleita para a Academia Francesa, depois de Marguerite Yourcenar) traça o perfil de Alcibíades e conta-nos a sua vida, baseando-se não em anedotas ou rumores mas nos documentos existentes.

Nascido de família rica e privilegiada, educado por Péricles, seu tio e tutor, que foi durante cerca de quarenta anos o líder da democracia no Século de Ouro Ateniense (V A.C.), Alcibíades, paralelamente à sua vida dissoluta e provocadora, mantinha a pretensão de entrar no
governo da cidade. O que veio a conseguir, logrando, por meios diversos, a sua eleição para estratego em 420 A.C.. Mas enquanto o belo e insolente rapaz conseguia obter os mais inimagináveis favores, a sua acção como político e militar saldou-se por uma sucessão de desastres, alguns reversíveis, mas que o levaram ao desastre final.

No seu livro, Jacqueline de Romilly, por causa de Alcibíades, recorre bastas vezes a Tucídides (sobre quem versou a sua tese de doutoramento), citando amiúde passagens dos livros que constituem a célebre obra A Guerra do Peloponeso. Mas Alcíbíades consta de vasta bibliografia da época, desde obviamnet Platão, a Eurípides, Aristófanes, Xenofonte, Plutarco, etc.

A guerra do Peloponeso durou cerca de trinta anos (431-404 A.C.) e opõs Atenas a Esparta, com o interregno da paz de Nícias em 421. Por razões que não vêm ao caso, Tucídides termina a sua obra em 411 A.C. É Xenofonte quem continua, nas Helénicas, a obra inacabada mas utilizando, naturalmente, um tom, e mesmo uma interpretação diferente da seguida por Tucídides.

Alcibíades, brilhante orador, viveu sempre entre as provocações da sua vida sexual, a arrogância, o manobrismo, a ambição desmedida, a intriga pessoal e política e mesmo, no fim, a traição. A sua vida não serviu de lição para o futuro, como não vingara habitualmente no passado. A interacção entre os escândalos privados e os empreendimentos públicos, ou se preferirmos, entre a moral e a política, foi-lhe fatal.

Aplaudido e criticado em Atenas, a expedição em que se empenhou à Sicília (e que secretamente encerrava um projecto pessoal e imperialista ao serviço de Atenas), saldou-se praticamente por um desastre. Banido da cidade, passa para o serviço dos seus inimigos de Esparta e concebe novos projectos, que o levam até à Pérsia, onde pretende cair nas boas graças do Grande Rei Dario II, através do sátrapa Tissafernes, em conflito com o seu colega Farnabazo.

As voltas e reviravoltas de alianças e lutas entre atenienses, lacedemónios, persas, e os chefes (autónomos) de outras ilhas do Mar Egeu não cabe nestas linhas. Alcibíades a todos serviu e de todos se serviu.

Depois de exilado de Atenas, aliado de Esparta contra Atenas, aliado dos persas, regressado a Atenas para ser eleito estratego, de novo fugido, refugiado na Trácia, derrotado pelos espartanos, tenta um último recurso junto dos persas, agora não de Farnabazo mas do sátrapa seu rival Tissafernes. Tenta obter as boas graças do novo rei Artaxerxes II mas sucedem-se episódios não suficientemente esclarecidos e Alcibíades morre, ou é morto, numa aldeia da Frígia, no monte Elafos. Diz-se que, no século III D.C., ainda se podia ver o seu túmulo e nesse lugar o imperador Adriano mandou erigir uma estátua em sua memória, onde praticava um sacrifício anual.

A carreira de Alcibíades pode seguir-se com detalhe na obra de Jacqueline de Romilly, e o que aqui registámos foram fugazes apontamentos. Não foi o "herói"  certamente esquecido no período clássico, mas entrou depois num olvido donde saiu pela mão de Montaige que nos Essais se refere a ele abundantemente.  A historiadora evoca as tentações imperialistas de Alcibíades (Péricles foi muito mais moderado) e de passagem não deixa de referir todos os problemas da Democracia ateniense, a oligarquia, a tirania, os arranjos, não de partidos que não existiam mas de grupos de amigos e de grupos de interesses. Um sistema que nos é hoje apresentado como perfeito mas que não resiste a um estudo objectivo e pormenorizado. E as voltas e reviravoltas da opinião do povo demonstram à saciedade a volubilidade das convicções e o poder dos oportunismos.

«Les passions sont alors d'autant plus vives que, dans une démocratie, il règne aisément un esprit de suspicion: "Il aspire à la tyrannie", disent les ennemis d'Alcibiade, comme l'on dit aujourd'hui "c'est du fascisme". La peur, fait que la compétition tourne au drame.» (p.258)

Já depois da morte de Alcibíades, Sócrates seria condenado à morte por não reconhecer os mesmos deuses que o Estado, por introduzir novas divindades e por corromper a juventude. Este último quesito nada tinha de ordem sexual mas espiritual, isto é, influenciar os jovens com ideias não conformes à República. Terá ainda pesado nesta acusação a sua proximidade a Alcibíades, que ele muito amou e que revelaria o comportamento acima descrito. Bebeu a taça de cicuta em 399 A.C.

* * * * *

Mas nos tempos mais próximos, Alcibíades tem sido especialmente lembrado pela atracção que exerceu sobre os homens, como sendo, supostamente, o mais belo dos jovens gregos.


Pode ler-se, a propósito, uma biografia imaginária, escrita na perspectiva erótica mas respeitando os principais marcos históricos, Le Songe d'Alcibiade, de Éric Jourdan, o qual foi adoptado mais tarde como filho, pelo célebre escritor Julien Green, com quem convivera na juventude.  

É de referência obrigatória a célebre obra de Antonio Rocco (1586-1653), Alcibiade fanciullo a scola, no original, e na versão francesa, Alcibiade enfant à l'école, existindo outra versão francesa, prefaciada por Maria Dimitrakis, Pour convaincre Alcibiade.


Antonio Rocco foi um sacerdote, filósofo e professor italiano, ateu e libertino, autor de vasta obra,  que terá escrito este livro, a propósito do Carnaval, e que constitui um diálogo em defesa da pederastia, entre o mestre-escola Filotimo e o seu belo aluno Alcibíades, em que o primeiro tenta convencer o segundo da bondade das práticas sexuais com efebos e o segundo, que começa por contestar com argumentos de vária ordem as pretensões do mestre, acaba por ceder, satisfazendo os seus desejos e entregando-se amorosamente, afinal para grande prazer de ambos.


O livro terá sido escrito em 1630 e publicado anonimamente em 1651, em Veneza. Só em 1888 foi possível confirmar a autoria de Antonio Rocco. Imediatamente apreendida e destruída, esta obra-prima do erotismo foi proscrita pelos censores que desejariam ter enviado o seu autor para a fogueira. Felizmente, sobreviveram algumas, raras, cópias, que chegaram aos nossos dias.No final do texto é prometida uma segunda parte que nunca foi dada à estampa.


Professor no Convento de San Giorgio Maggiore, de Veneza, foi nomeado leitor de retórica, tendo por isso a seu cargo uma parte da juventude dourada da cidade, que lhe devia proporcionar satisfações particulares, razão porque terá recusado lugares mais prestigiados em Pádua e em Pisa. Manteve uma famosa polémica com Galileu, acerca dos fundamentos aristotélicos da ciência. Denunciado várias vezes à Inquisição, e continuando a ensinar heresias materialistas e epicuristas, nunca sofreu qualquer processo graças à sabotagem dos trâmites inquisitoriais pela nobreza veneziana, tendo por isso tido ainda o prazer de ver impressa esta sua obra.

Dois milénios após a sua morte, Alcibíades ainda despertava (e desperta) a curiosidade e o interesse de muita gente!

terça-feira, 22 de agosto de 2017

A CATEDRAL DE SANTO ESTÊVÃO, EM BUDAPESTE







Santo Estêvão é considerado o primeiro mártir do Cristianismo. Quando falamos de Catedral de Santo Estêvão, há sempre que notar se estamos a referir-nos à catedral de Viena ou à de Budapeste, pois ambas são dedicadas ao mesmo santo.


 Altar-Mor 


No caso actual, a referência é a Catedral de Budapeste, magnífico edifício cujo projecto foi encomendado a József Hild, em 1845. Depois da sua morte, em 1867, as obras continuaram sob a orientação de Miklós Ybl. Ao fim de cinquenta anos, a catedral foi concluída József Kauser.


Em estilo neo-clássico, com uma planta em forma de cruz grega, o templo, com a fachada voltada para o Danúbio, oferece uma esplêndida visão do largo fronteiro, agora valorizado com mosaicos de mármore de diversas cores.

Relicário

Numa capela, por trás do altar-mor, encontra-se a relíquia mais importante da Hungria, a mão direita mumificada de Santo Estêvão (Szent István), conservada num precioso relicário.

Altar da Virgem Maria

A pintura que figura no altar da Virgem Maria representa o rei Santo Estêvão  a oferecer à Virgem a coroa que representa o seu país, sendo a tela da autoria de Gyula Benczúr.


O mosaico que ornamenta o interior da cúpula representa o Pai Eterno, rodeado por Jesus, os anjos e os profetas.


No altar-mor encontra-se a estátua, em tamanho natural, de Santo Estêvão, em mármore de Carrara, obra de Alajos Stróbl.



No tímpano da fachada, em relevo, estão os santos húngaros prestando homenagem à Virgem Maria, padroeira da Hungria.



Ainda uma vista da parte posterior da catedral, a partir da avenida Andrássy.



terça-feira, 15 de agosto de 2017

AL-JÂHIZ E OS JOVENS





Chegou-me recentemente às mãos o Livre des mérites respectifs des jouvencelles et des jouvenceaux (Kitâb mufâkharat al-jawârî wa-l-ghilmân), do prosador árabe Al-Jâhiz (de seu nome completo Abu Uthman Amr ibn Bahr al-Kinani al-Basri), que nasceu em Basra (Bassorá) em 776, onde morreu em fins de 868 ou princípios de 869, obra traduzida e editada em França em 2000.

O texto deste livro, que poderá ser considerado o mais antigo tratado de erotologia árabe, é uma obra que tanto pela sua raridade como pelo seu valor literário, deverá ser considerada fundamental.

A vida de Al-Jâhiz coincide com o apogeu de Basra, na época de ouro dos califas Abássidas, que governaram o mundo árabo-muçulmano entre 750 e 1258. É a época da Casa da Sabedoria (Bayt al-Hikma), fundada em Baghdad pelo califa Harun al-Rashid e desenvolvida por seu filho Al-Ma'mun.

Basra partilhava então com Kufa o estatuto de grande metrópole do Iraque. Aliás, na sua obra, Al-Jâhiz procede a uma larga digressão sobre a rivalidade entre as duas cidades. Mas com a queda da dinastia Omíada, em Damasco, e a transferência da capital do Califado para Baghdad o prestígio daquelas duas cidades entrou em declínio.

Sem nos determos nos complexos meandros político-religiosos da época (lembremos o mutazilismo), recorde-se que a intensa actividade intelectual da época foi acompanhada de uma relativa liberdade de costumes, que deu lugar ao mujûn, estilo de vida e filosofia que se poderia classificar de hedonista e libertino. Nesse ambiente frívolo e ligeiro, os poetas encontraram inspiração para uma poesia moderna, essencialmente erótica e báquica. Também a música e o canto conheceram um prodigioso desenvolvimento. Os chefes de fila da corrente modernista foram Bashar ibn Burd e Abu Nuwas, e a sua irrupção no meio literário provocou uma forte reacção por parte dos poetas tradicionais.

Al-Jâhiz em árabe é uma alcunha (o homem dos olhos salientes), devido a uma deformação da córnea. O escritor pssou a maior parte da vida em Basra, mas viajou pela Síria e teve longas estadas em Baghdad, onde beneficiou da protecção do poder, mas conservando sempre a sua independência intelectual.

Autor de uma obra abundante, mais de duzentos títulos, apens nos chegou um pequena parte. As suas três obras mais célebres são igualmente as mais volumosas: constituem uma condensação do saber acumulado na época: o Livro dos animais (Kitab al-hayawân); o Livro da Exposição e da Demonstração (Kitab al-bayân wa-l-tabyîn), um tratado de retórica e de poética em glória ao talento oratório e poético dos árabes; e o Livro dos Avarentos (Kitab al-bukhala'), colocando em cena avarentos, a maior parte das vezes de origem iraniana.

Pouco preocupado com o conformismo, interessou-se por todas as formas de amor e de sexualidade, não só no livro agora em apreço como em vários outros. Também neste domínio foi um pioneiro, pois abriu caminho a numerosos escritores, jurisconsultos e teólogos  que redigiram tratados de erotologia. Esta corrente culminará com As Mil e Uma Noites (Alf Layla wa-layla), um monumento do género, cuja trama foi esboçada no século X, tomando a sua forma quase definitiva no século XV.

Não cabe aqui discorrer sobre a sexualidade no islão (Malek Chebel tem notáveis obras sobre o assunto), matéria interminável. Desde a divisão entre a sexualidade lícita (halâl) e a sexualidade ilícita (harâm), da interpretação do Corão e dos Hadiths, ao aborto e à prostituição, da tradição (Sunna)  à jurisprudência (fiqh), é todo um universo por vezes difícil de compreender no contexto da cultura dita ocidental. Uma coisa é certa. Entre o proibido em teoria e aquilo que realmente se pratica a diferença é abissal, especialmente no que ao homem diz respeito. Que o digam os viajantes, investigadores, turistas e todos quantos há séculos visitam ou se estabeleceram no mundo árabe. De todos os desvios, o mais repreensível (e também o mais comum) é a homossexualidade masculina, mas a sociedade não podia senão fechar os olhos a uma prática que tendia a banalisar-se não só por causa da segregação sexual e da promiscuidade mas também pela moda. O califa abássida Al-Amin (809-813) possuía um verdadeiro "harem" masculino, tal como o emir aghlabida de Ifrîqiya (a actual Tunísia), Ibrahim II (875-902). Os adolescentes cristãos foram muito cobiçados, como o atesta Abu Nuwas num dos seus poemas. A pederastia conheceu tal voga que, de desvio em relação à religião tornou-se mesmo norma em poesia. Numerosos poetas, insuspeitos de qualquer inclinação homossexual, sacrificaram ao gosto da época cantando um amor puramente fictício por jovens efebos.

Al-Jâhiz traduz bem a amplitude do fenómeno, oferecendo a um amante de rapazinhos a ocasião de dar réplica, neste livro, a um amante de raparigas, "com armas iguais".

O livro é composto por uma introdução e por duas partes distintas. A introdução destina-se a justificar a escolha de um assunto tão delicado e critica os místicos e os ascetas. A primeira parte, a mais importante, ocupa-se do debate entre um amante de rapazinhos e um de donzelas, cada um justificando as suas preferências, com o a ajuda de argumentos que vão do Corão à opinião pessoal. Na última parte, o autor relata uma série de vinte e oito anedotas irreverentes (na realidade, trinta, já que duas estão incluídas nas vinte e oito), com a intenção de despertar o interesse do leitor.

Esta obra insere-se num costume do período árabe pré-islâmico, os torneios oratórios e poéticos, que se realizavam principalmente por ocasião das grandes feiras anuais, como a de 'Ukâz. Esta tradição, uma verdadeira instituição social, perpetuou-se até à época omíada, perdendo, na época abássida, o seu carácter sociológico para se converter em simples género literário.

Registe-se que Al-Jâhiz mantém uma estrita neutralidade no debate, embora seja suposto ele preferir as donzelas. Os actores do debate recorrem a vários poetas, como Al-A'shâ, Imru l-Qays, 'Alqama b. Abada e Abu Nuwas. Com este texto, Al-Jâhiz dá-nos uma visão global bastante completa sobre a sexualidade e as suas diversas formas. Mas sempre com a preocupação de torná-lo divertido, de não aborrecer o leitor.

Não podemos deixar de ficar surpreendidos com a liberdade desta obra. Ainda que marcado pelo helenismo ambiental, Al-Jâhiz está profundamente ligado aos valores do mundo muçulmano. Todavia, curioso de tudo, tem a preocupação de se abrir a um vasto universo, incluindo o modo de funcionamento do corpo. Naquele tempo, se o compararmos à exigência actual de um puritanismo excessivo, a Arábia era feliz. Os tratados de Al-Jâhiz são um reflexo de um mundo desaparecido.

O próprio Charles Pellat, que estabeleceu e publicou em árabe o texto deste tratado (1957), recusou-se a traduzi-lo em francês, "pela sua obscenidade". Escreve Malek Chebel: « Há certamente que fazer uma história cruzada, que consisitiria em demonstrar como os tradutores ocidentais [...] fazem valer a moral cristã na apresentação dos textos, a exactidão científica. Sem dúvida para não chocar os seus leitores ou para não serem classificados de "racistas", têm muitas vezes a tendência para mascarar ou atenuar os aspectos incongruentes (sexualidade por exemplo) da cultura islâmica.» (Ephèbes et Courtisanes, p. 83)




De facto, este tratado decorre de uma interrogação que remete para a Antigudade Clássica e de que é testemunho, por exemplo, o diálogo de Os Amores, do Pseudo-Luciano de Samósata, que é incluído neste volume, bem como outras obras que retomaram esta problemática no Ocidente, como é violentamente atestado no começo do século XVII, em Veneza, com Alcibiade enfant à l'école, de Antonio Rocco (também inserido neste volume), ou, nos nossos dias, com os estudos de Michel Foucault.


Em 1983, as edições &etc publicaram uma tradução (adaptada e resumida) de Os Amores, de Luciano de Samósata, considerado hoje como Pseudo-Luciano.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

QUE FAZER?




Acabou de ser reeditado, em livro de bolso, o livro Que Faire ? Dialogue sur le communisme, le capitalisme et l'avenir de la démocratie, dos jornalistas Martin Duru e Martin Legros, inicialmente publicado em 2014, constituído por um diálogo entre os filósofos Alain Badiou e Marcel Gauchet, nomes maiores do pensamento francês, com percursos inversos: o primeiro,  nascido numa família de tradição socialista, foi discípulo de Sartre, Althusser e Lacan e acabaria por ser definitivamente marcado pelo Maio de 68 e pela Revolução Cultural na China; o segundo, nascido num meio popular, foi influenciado por Cornelius Castoriadis, descobriu a política, desmontou algumas teses de Foucault e tornou-se um pensador da democracia liberal. O primeiro é professor emérito da École Normale Supérieure, o segundo, director de estudos da École des Hautes Études en Sciences Sociales.

Transcrevemos do prólogo dos jornalistas, intitulado  "L'avenir d'une alternative":

«Nous ne sommes pas des enfants que l'on peut nourrir avec la bouille de la seule politique "économique"; nous voulons savoir tout ce que savent les autres, nous voulons connaître en détail tous les côtés de la vie politique et participera ctivement à chaque événement politique. Pour cela il faut que les intellectuels nous répètent un peu moins ce que nous savons bien nous mêmes, et qu'ils nous donnent un peu plus de ce que nous ignorons encore. [...] Ces connaissances, vous pouvez les acquérir, vous autres intellectuels, et il est de votre devoir de nous les fournir en quantité cent et mille fois plus grande que vous ne l'avez fait jusqu'ici, non pas de nous les fournir seulement sous forme de raisonnements, brochures et articles (auxquels il arrive souvent d'être - pardonnez-nous notre franchise! - un peu ennuyeux), mais absolument sous forme de révélations vivantes sur ce que notre gouvernement et nos classes dominantes font précisement à l'heure actuelle dans tous les domaines de la vie. Acquittez-vous avec un peu plus de zèlede cette tâche qui est la vôtre [...].» Cet appel à la responsabilitédes intellectuels pour soustraire leurs concitoyensà la domination de la «politique "économique"» et les éclairer, sous forme de «révélations vivantes», sur ce qu'il est possible de changer dans tous les domaines de la vie date de... 1902. Il est signé Vladimir Ilitch Oulianov, dit Lénine, dans un opuscule intitulé Que faire? - un ouvrage qui a marqué durablement l'Histoire...»

* * * * *

Não é  fácil condensar em algumas linhas o diálogo, e o pensamento, de Badiou e Gauchet, conduzido pelos jornalistas organizadores do encontro.  Por isso, transcrevemos algumas afirmações avulsas, traduzidas para português. Designaremos Alain Badiou por AB e Marcel Gauchet por MG.

AB - ... Marx rompe com qualquer  concepção idealista do comunismo; com ele, filósofo materialista, a ideia desce do céu intelectual para a terra material. É o fim do "socialismo utópico" em benefício do "socialismo científico", para retomar as expressões do seu amigo Engels... Lénine traiu Marx em toda a linha. Isso não quer dizer que o marxismo seja necessariamente verdadeiro! Isso significa que não se poderá imputar a Marx o que retorna a Lénine. (pp. 38/39)

MG - ... Depois da morte de Lénine em 1924, Staline leva essa lógica ao paroxismo. O estalinismo está no prolongamento exacto do leninismo e tira  todas as consequências das suas premissas - enquanto Lénine derruba Marx, assim Staline permanece um fiel leninista. (p. 42)

MG - ... Assim, fascismo, nazismo e comunismo correspondem a religiões seculares..   (p. 53)

AB - ... O ressentimento contra as democracias parlamentares foi um tom maior do que se passou na URSS e na Alemanha. Nestes dois países desenvolveu-se um clima particularmente revanchista, propício às guinadas violentas. Lembro que a Rússia teve de assinar a paz de Brest-Litovsk em 1918 em condições verdadeiramente vergonhosas e que a Alemanha se sentiu como a grande lesada do tratado de Versalhes. (p. 55)

AB - ... O terceiro critério da organização comunista é que ela obedece a uma lógica internacionalista. Marx insistia especialmente neste ponto, razão por que criou a primeira Internacional ... Os comunistas são internacionalistas; mas devem sê-lo no próprio seio dos processos de emancipação locais. (p. 84)

MG - ... No papel, o capitalismo deveria estar de perfeita saúde: nunca teve tanta capacidade de manobra, presentemente, pode desenvolver-se à escala do mundo. Contudo está doente, grave e cronicamente doente. O capitalismo está roído do interior por um dos seus aspectos mais salientes: a globalização económica e financeira. ... A finança é verdadeiramente o Far West em estado puro. (p. 118/9)

MG - A mundialização que se iniciou a partir dos anos 1970 é verdadeiramente uma metamorfose extraordinária. Aqui, mais uma vez, vamos deter-nos nos nos próprios termos que empregamos. Nós temos estas palavra em francês, "mundialização", que me parece resolver o problema - conservemo-la.. Parece-me mais adequada, mais apropriada que a de "globalização", que é a tradução do inglês globalization... (p. 120)

MG - Nas nossas sociedades, não é mais do que uma palavra, mais do que uma noção fantoche que dissimula o poder efectivo exorbitantes, do esquema individualista e do complexo económico-financeiro. (pp. 122/3)

AB - Abordei a situação contemporânea tal como a entendo sob o triplo ponto de vista geoestratégico (com a mundialização), ideológico (com o liberalismo) e económico (com o capitalismo). Medimos agora melhor o abismo que nos separa. (pp. 151/2)

AB - Pour reprendre la main, la démocratie parlementaire, c'est fini. Décidément, on n'arrivera pas à s'accorder... (p. 191)

MG - Porque se esta dimensão constitutiva é esquecida, então, com efeito, não se verá mais na democracia senão uma concha vazia, senão uma forma política replicando o mercado económico: o cidadão é um consumidor, dirige-se às eleições como ao supermercado para escolher o melhor produto, etc. Tal é o triste espectáculo oferecido pela situação contemporânea. (pp. 192/3)

* * * * *

O leitor interessado encontrará no livro o suporte da argumentação dos dois filósofos, de que traduzimos algumas passagens. Mas é inegável o interesse do confronto de posições que só a leitura integral da obra poderá esclarecer.


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

A FACE DIPLOMÁTICA DE SALAZAR



O embaixador Bernardo Futscher Pereira, chefe da nossa representação em Dublin, publicou agora o segundo volume de uma obra dedicada à diplomacia do Estado Novo, isto é, de Salazar.
Intitula-se o livro Crepúsculo do Colonialismo - A Diplomacia do Estado Novo (1949-1961). Trata-se da continuação de A Diplomacia de Salazar (1932-1949), dado à estampa em fins de 2012, e a que nos referimos aqui.

Segundo o autor, haverá um terceiro volume que cobrirá o período que vai desde 1949 até à queda do regime, em 25 de Abril de 1974.

No presente livro, sempre devidamente documentado, o autor ocupa-se principalmente da questão de Macau, da base das Lajes, da relação com Nehru, do "advento" do Terceiro Mundo, do relacionamento complicado com os EUA,  Reino Unido e Brasil, de Humberto Delgado e Henrique Galvão, da eclosão dos movimentos nacionalistas em África, dos primeiros incidentes em Luanda e, finalmente, da invasão de Goa pela União Indiana, em 17 de Dezembro de 1961 (hora de Lisboa).

Uma das preocupações do autor é frisar uma atitude muito peculiar de Salazar: atrasar as decisões, para evitar soluções que poderiam ser então inconvenientes e esperar que o tempo se encarregue de resolver as situações mais difíceis.

Tendo sempre como pano de fundo a situação política internacional nesta década, o fim dos impérios, a mudança da estratégia norte-americana, o surgimento dos "não-alinhados", a ascensão à independência das colónias africanas, que eram a quase totalidade do continente negro.

Não havendo aqui espaço para comentar em profundidade tão importante obra, pela qual o embaixador Bernardo Futscher Pereira é credor dos agradecimentos de todos os que se interessam por estas matérias, atrever-me-ia a fazer duas rectificações, aliás de pormenor e que em nada afectam a essência da obra.

A primeira diz respeito ao Padroado do Oriente, questão que opunha Nehru a Salazar e incomodava a Santa Sé. Desde há muito que o arcebispo de Goa usava o título de Patriarca das Índias (Orientais). O título de Patriarca das Índias Ocidentais pertencia à Espanha. O último a usá-lo foi o arcebispo de Madrid Eijo y Garay, que morreu em 1963.

Em 1953, o cargo era exercido por D. José da Costa Nunes. Tratava-se mais de uma questão simbólica do que substancial mas fazia parte da estratégia de Nehru que pressionava o Vaticano para reduzir a influência do catolicismo português na Índia. Salazar não desejava abrir mão de qualquer privilégio e Costa Nunes, que devotara a vida ao Padroado não desejava sair. Para tal, Salazar exigia da Santa Sé gestos compensatórios de carácter honorífico para Costa Nunes.

Escreve Futscher Pereira (p. 78): «Em maio, em plena crise diplomática com a Índia, foram finalmente concedidas a D. José da Costa Nunes as honrarias reclamadas, em boa verdade bem modestas. D. José foi nomeado vice-camerlengo da Cúria Romana e presidente dos Congressos Eucarísticos Internacionais e elevado a arcebispo.» Esclareço: em 1953 a Santa Sé oficializou a renúncia ao cargo de D. José, mas este não foi elevado a arcebispo (já era arcebispo de Goa). Passou sim a ser arcebispo de Odessa (in partibus), conservando o título pessoal de patriarca, pelo que passou a ser designado por Patriarca de Odessa.

A outra tem a ver com a invasão de Goa. Relativamente ao choque que o acontecimento provocou em Salazar, escreve o autor (p. 259): « Salazar comentou para Franco Nogueira: "Querem pegar-me fogo. Está bem. Mas deixem-me primeiro explicar as coisas como se passaram. E depois peguem-me fogo." Por fim, porém, eximiu-se dessa tarefa ingrata. Alegando rouquidão, pediu a Mário de Figueiredo, seu amigo de sempre, para ler o discurso que escrevera para a sessão da Assembleia Nacional realizada a 3 de Janeiro de 1962. Sua Excelência o Presidente do Conselho não estava preparado para dar a cara por derrotas.» Ora Salazar esteve presente nessa sessão da Assembleia Nacional. Eu vi a transmissão integral pela RTP. Ele começou mesmo a ler o discurso, mas, passados alguns minutos, devido a visível rouquidão, talvez de carácter nervoso, pediu a Mário de Figueiredo, presidente da Assembleia, que co-presidia à sessão, que continuasse a ler o discurso. Recordo até um aparte, quando Mário de Figueiredo interrompeu a leitura para colocar uma questão sobre o que Salazar tinha escrito (creio que sobre a falta de solidariedade da Aliança Luso-Britânica). Salazar olhou-o rispidamente e limitou-se a dizer: "Continue".

É claro que estes pormenores nada invalidam o mérito da obra em apreço.

NOTA DO BLOGGER: A Aliança Inglesa, ao longo da História, serviu apenas para satisfação dos interesses britânicos. Foi unívoca e não biunívoca. Uma tristeza.



O MERCADO CENTRAL DE BUDAPESTE




Muito interessante o livro Market Halls in Budapest - from the turn of the century to the present, que adquiri recentemente numa loja de artigos diversos do próprio mercado central.

Extraordinariamente bem documentado e esplendidamente ilustrado, o livro começa por historiar a construção dos mercados na Europa (sempre com fotografias ou desenhos), desde Les Halles, em Paris a Covent Garden, em Londres, com passagem pelo Zentralmarkhalle, de Berlim  e o Mercato Centrale, de Florença, entre muitos outros. Pena que o autor desconhecesse a Praça da Figueira ou o Mercado da Ribeira, em Lisboa.

Mercado Central

Seguem-se, depois, os mercados de Buda e de Pest, e finalmente o Mercado Central de Budapeste, felizmente ainda activo, no fim da Vámház körút (Avenida da Alfândega), do lado esquerdo quem desce, à entrada da Szabadság hid (ponte da Liberdade), mais concretamente na Fövám tér (Largo da Alfândega). Aí ficava a grande alfândega e a seguir ao Mercado encontra-se agora a Universidade de Economia.


Idem 

Idem

Uma grandiosa estrutura com as mais diversificadas lojas.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

OS BANHOS DE BUDAPESTE




Regressei mais uma vez de Budapeste sem ter frequentado os banhos que tornam a cidade famosa. Alguns são célebres em todo o mundo.

São muitas as nascentes que existem na cidade, incluindo as fontes termais e as suas águas têm especiais indicações para o tratamento de muitas doenças. Além, é claro, de proporcionarem numerosas piscinas. Existem em Budapeste 120 nascentes, que emitem mais de 70 milhões de litros de água por dia.  E banhos termais da cidade contam-se pelo menos 17, alguns com departamentos clínicos.

A esta bacia dos Cárpatos, os celtas, que aqui viveram até 400 BC chamavam-lhe AkInk. Talvez por isso, aquando da ocupação romana, a cidade (Buda) foi chamada Aquincum,  cujo nome contém a palavra latina para água, aqua. Com a ocupação otomana, os banhos conheceram um apreciável desenvolvimento, dado o interesse que os turcos professavam por este género de estabelecimentos. Criaram hammam's, que faziam parte da vida social e a utilização dos banhos ultrapassava em muito as obrigações rituais da purificação islâmica. Os Banhos Rudas e Király, ainda hoje existentes, são devidos aos otomanos. Para lá do convívio e da intriga, dos negócios e dos encontros, quando os médicos sírios descobriram as propriedades curativas das águas a afluência aos banhos aumentou.

Na Idade Média, os banhos eram uma prerrogativa dos doentes. O rei Géza II (1141-1146) criou a primeira ordem monástica de enfermagem, chamada Szent István Király, alusão a Santo Estêvão, primeiro rei da Hungria. A Ordem de São João de Jerusalém teve uma presença activa nos Banhos Gellért. Como outras ordens hospitalárias, também a Ordem de São João construiu o seu hospital sobre uma "nascente sagrada". Os primeiros banhos públicos da Hungria abriram em 1351 em Pozsony (hoje Bratislava), que foi capital do país de 1536 a 1783, quando a coroa húngara foi transferida para Viena de Áustria.

Durante o período socialista os banhos foram mais utilizados para tratamento do que para recreação. Depois das modificações democráticas de 1989-90 não foram construídos mais banhos, mas os existentes têm sido renovados e modernizados.


Banhos Gellért

Entre os banhos mais famosos contam-se os Banhos do Hotel Gellért, no sopé da colina de Buda, no fim da Ponte da Liberdade (antiga Ponte Francisco José). É um edifício magnífico, com piscinas interiores e exteriores e uma piscina termal.

Idem

Os Banhos Rudas constituem os maiores e mais magníficos banhos termais otomanos na cidade.  Construídos a sul da Ponte Elisabeth a sua arquitectura e decoração faz lembrar As Mil e Um Noites.


Banhos Rudas

Os Banhos Rácz incluem 13 piscinas em três secções diferentes e o seu nome provém dos sérvios (rác, em húngaro), anteriores ocupantes do sítio. Uma das principais atracções de Rácz é o terraço no cimo do edifício, com uma vista espectacular. Há ainda uma piscina com vinte e três metros de comprimento e três de largura, cuja temperatura das águas é de 28º-30º no Verão e de 36º-38ª no Inverno.


Banhos Rácz


Os Banhos Király estão localizados também em Buda, a sul da Ponte Margaret (Margit hid). A sua arquitectura é também otomana, com as correspondentes abóbodas. O chão, as paredes interiores e as piscinas são feitas de mármore vermelho. A existência destes Banhos deve-se a Sokollu Mustapha Pasha, de Buda, durante a ocupação turca. Nos dias de hoje, a água é canalizada de duas das seis nascentes dos Banhos Lukács. Depois de diversos proprietários, os Banhos foram comprados em 1817 por Mihály König que procedeu ao seu restauro, após o que lhe mudou o nome para Király (que em húngaro significa rei, sendo em alemão König).


Banhos Király

Os Banhos Lukács, um pouco decadentes, são os banhos favoritos dos intelectuais da cidade. Como os anteriores, estão localizados em Buda, perto do Danúbio e no interior de um parque. Estas termas devem o seu nome a São Lucas e apesar do complexo ter sido fundado em 1894, eles datam do período otomano. As suas nascentes mantêm as piscinas aquecidas durante todo o ano. São frequentados por razões de saúde e também para diversão. Podem ser frequentados pelos turistas.


Banhos Lukács
Idem


Os Banhos Római também em Buda, possuem a maior piscina da cidade. No Verão são o paraíso das crianças e dos pais. O seu nome deriva da sua utilização pelos romanos, que consideravam esta água sagrada. Durante a sua reconstrução em 2001, foram encontrados sarcófagos romanos e diversos artefactos que expostos à entrada constituem um pequeno museu.


Banhos Római

Os Banhos Dagály estão localizados no lado e Pest a norte da Ponte Árpád. Possuem 11 piscinas, no meio de um arvoredo de acácias e álamos. Ficam na margem do Danúbio e oferecem uma vista espectacular sobre Buda. É o único complexo que se mantém aberto durante o Inverno (4 piscinas). Dispõe de uma piscina olímpica exterior e de um eficiente serviço de massagens. Há também uma piscina infantil para diversão das crianças e uma dedicada à instrução.


Banhos Dagály

Os Banhos Széchenyi, com as suas colunas, cúpulas e arcos mais parece um palácio do que um complexo de piscinas, o maior do seu género na Europa. Encontra-se situado em Pest, no Parque de Városliget, em frente ao Jardim Zoológico e ao Circo de Budapeste. As três entradas dão para um vasto átrio com colunas coríntias, candelabros de bronze, estátuas e pinturas. A sua arquitectura é complexa: uma mistura dos estilos grego e romano com elementos renascentistas e barrocos.  Dispõe de restaurantes à beira da grande piscina e no exterior do edifício. Para ele convergem tantos turistas que se pode ouvir falar em numerosas línguas.

Banhos Széchenyi
Idem

Idem
Idem

Os Banhos Palatinus estão situados numa reserva natural na parte ocidental da Ilha Margarida. Dispõe de uma piscina de 50 metros de comprimento e de outras com diversas temperaturas. Tem cataratas e diversas atracções aquáticas e constitui uma atracção para as famílias.



Banhos Palatinus

Desta muito resumida descrição se pode avaliar da riqueza da capital húngara em matéria de banhos, onde não faltarão, com certeza, personal trainers para incentivar os mais hesitantes.


NOTA: As fotografias, à excepção de duas, foram extraídas da publicação que se comenta.