segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A UNIÃO EUROPEIA ACABOU ESTA NOITE


O Parlamento grego aprovou esta noite o programa de austeridade imposto pelas instâncias europeias para a concessão de um novo empréstimo de 130 mil milhões de euros para salvar o país da bancarrota. Apesar dos avisos do primeiro-ministro Papademos e dos líderes dos dois principais partidos políticos considerando a "ajuda" indispensável e ameaçando de expulsão os deputados que votassem negativamente, 74 parlamentares votaram contra o acordo e 199 a favor, o que permitiu a maioria necessária à aprovação do texto.



Durante a tarde e a noite cerca de 100.000 pessoas manifestaram-se nas ruas de Atenas, acabando por se verificar já á noite, durante o período de votação, graves incidentes com a destruição de mobiliário urbano e o incêndio de bancos, teatros, cinemas, lojas, cafés e diversos edifícios históricos. A cidade de Atenas está transformada num campo de batalha e só amanhã será possível avaliar o montante dos prejuízos. Também nas principais cidades gregas, especialmente em Salónica, se registaram protestos e manifestações contra os termos desta "ajuda" da troika prestamista.



As medidas de austeridade impostas pela União Europeia e pelo FMI, acrescentadas às que haviam sido já determinadas aquando do primeiro empréstimo, reduzem a Grécia à miséria e à fome. As empresas falidas, os despedimentos, o desemprego, a diminuição drástica de salários e pensões de reforma, o aumento dos bens essenciais, incluindo o preço dos transportes públicos, e todas as outras medidas extremamente gravosas que constam do "pacote" não só impossibilitam qualquer crescimento económico como tornam inviável o cumprimento dos compromissos financeiros assumidos.

As manobras dilatórias do apoio à resolução da dívida grega, para que entretanto a banca alemã e francesa pudesse ser reembolsada dos seus créditos, conduziu o país à situação calamitosa que hoje explodiu nas ruas de Atenas. A miopia dos dirigentes europeus e nomeadamente a intransigência de Angela Merkel, dos membros do seu governo e dos deputados do Reichstag, com propósitos porventura inconfessáveis, conduziu a Grécia, e conduziria outros países deficitários, se a União Europeia se mantivesse, a um epílogo que assinala a desonra das instituições comunitárias  e dos políticos que as servem ou que delas se servem.


Pretende a Alemanha a colonização de parte da Europa, se não de todo o velho continente, na senda dos propósitos falhados de Adolf Hitler. A operação começou pela reunificação, depois pela intervenção germânica no processo de desintegração da Jugoslávia e nunca mais parou. A intenção é substituir, a prazo, a União Europeia por uma Confederação Germânica, um sonho que nunca se concretizará.

Estou convencido de que a União Europeia, como a conhecíamos, morreu hoje nas ruas de Atenas. Restará um cadáver adiado que, se não for devidamente enterrado, entrará em rápida putrefacção.

5 comentários:

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com o autor. Não há na União Europeia nem solidariedade nem vergonha. O único móbil é o dinheiro. Suponho que os financeiros internacionais e os políticos às suas ordens morrerão soterrados sob o mesmo. Oxalá assim aconteça.

Anónimo disse...

Atenas está a arder. Para quando um incêndio no Reichstag com o governo e todos os deputados lá dentro?

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

"Fazendo do dinheiro o móbil único ou quase de todos os actos, a medida única ou quase de todas as coisas, estamos a espalhar o veneno da desigualdade" (Simone Weil, 1949).

"O cheiro do dinheiro empesta todos os países" (Georges Steiner, 2000).

"O dinheiro tornou-se um parasita que devora a economia, o capital um predador que pilha a sociedade" (André Gorz).

"Pela primeira vez na história do mundo, o dinheiro é senhor sem limitação nem medida" (Peguy, 1910).

Anónimo disse...

Angela Merkel e o governo alemão pretendem invadir a Europa tal como Hitler, mas de maneira mais soft. Isto é, em vez de canhões e aviões utilizam o dinheiro, depauperando as populações. Ao menos os nazis, igualmente criminosos, eram menos sofisticados. Matavam directamente.

Anónimo disse...

Mais uma intervenção, apenas para dizer que subscrevo inteiramente as opiniões não só do post do bloger, como as de todos os comentadores aqui apresentados.
Tornámo-nos um protectorado alemão, nem mais. Não ganharam a última guerra, mas vão ganhá-la da pior forma para todos nós; fazendo de nós escravos,simplesmente. Aliás foi o que sempre pretenderam.
Marquis