domingo, 12 de fevereiro de 2012

MAIS AUSTERIDADE PARA A GRÉCIA


O governo de Lucas Papademos aprovou as novas medidas de austeridade a que será submetida a população grega para a obtenção do salvífico empréstimo da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional que evitará a bancarrota no país. Seis ministros demitiram-se do executivo e aguarda-se a votação no Parlamento, hoje, domingo, tendo os deputados que votarem contra este programa sido advertidos pelas direcções dos dois principais partidos de que serão excluídas das listas às próximas eleições legislativas.

Desde sexta-feira que se realizam manifestações de protesto em Atenas e nas principais cidades gregas e que o país se encontra mergulhado numa greve geral. Estou convencido de que os gregos não são culpados da situação financeira do país, nem  beneficiaram, em geral, de situações de privilégio, quando comparados com os cidadãos dos outros países europeus. E se as suas contas foram falsificadas isso dever-se-á à classe política e parece que à conivência de algumas "respeitáveis" instituições internacionais.

Porque muito se tem falado e escrito sobre o assunto, registo apenas uma dúvida que é também uma preocupação. A política financeira imposta à Grécia  tem decorrido de negociações com a Alemanha (principalmente) e com a França. Tudo em nome dos "mercados". Qualquer observador, mesmo desatento, pode constatar a inutilidade prática das instituições europeias (Comissão, Parlamento, etc.), que custam aos cidadãos europeus quantias astronómicas. Se, de facto, os estados europeus se estão progressivamente a transformar em protectorados desta nova versão "democrática" do Reich, restam aos respectivos cidadãos ou submeter-se ao diktat germânico ou manifestar o seu desejo de abandonar uma União em quem já ninguém confia e cuja criação talvez tenha sido um erro, ainda que possam ter sido boas as intenções iniciais.

A situação de mão estendida à Alemanha é humilhante (como o demonstra o recente exemplo português divulgado pelos órgãos de comunicação social) e as medidas que desde há alguns anos estão a ser impostas à Grécia não só não têm contribuído para resolver a sua situação financeira como vêm arrastando o país para um desastre económico que se agrava de dia para dia.

As medidas aplicadas à Irlanda (ainda que mais benevolentes dado tratar-se de um país da órbita anglo-saxónica e por isso supostamente não preguiçoso) não têm tido um apreciável resultado, bem pelo contrário. A Espanha e a Itália, países mediterrânicos e por isso suspeitos, estarão em situação de crise económica e social dentro de poucos meses. Da França (sem Sarkozy a partir de Abril, como se espera) talvez possa vir alguma luz que ilumine os políticos europeus, especialmente os obstinados alemães que sonham, inutilmente, governar a Europa.

Só que, como o tempo passa rapidamente, os danos causados pelas medidas demenciais em curso podem tornar-se irreversíveis. Então, levarão todas as mãos à cabeça em busca de uma solução milagrosa que recupere o tempo perdido. Mas, como se diz em muitas óperas: "È tardì".

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