quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A LÍBIA, OUTRA VEZ


Finalmente, os jornais portugueses voltam a falar da Líbia, e pelas piores razões. Relata hoje o PÚBLICO que, como se esperava, se registam na Líbia, com a toda a impunidade, as mais graves violações dos direitos humanos. Existem cerca de 300 milícias, que integram pelo menos 125 mil homens armados, e que espalham o terror em todo o país. Era expectável. Só não sabemos ainda se tudo isto foi premeditado pelos países da NATO para provocar o caos absoluto ou se ficou a dever-se a uma incompetência e gritante falta de visão por parte dos políticos ocidentais. O escritor francês Bernard-Henry Lévy, um dos grandes entusiastas da revolução contra Qaddafi (que era um criminoso excêntrico, mas mantinha alguma ordem no país) bem pode limpar as mãos à parede.

Não existe um exército nacional e o Conselho Nacional de Transição, que deveria assegurar os negócios do Estado até às eleições de Junho, não tem meios para se fazer obedecer, pois grande parte destas milícias são rivais e atacam-se umas às outras, recusando depor as armas.

Como já escrevemos neste blogue, hoje fala-se apenas da Síria (assunto mais interessante para os dirigentes ocidentais), enquanto a Líbia se encontra já mergulhada numa guerra civil, embora de contornos diferentes. Sucedem-se as pilhagens, as vinganças, os atentados, as execuções sumárias, a destruição de aldeias inteiras cujos habitantes (os que não foram chacinados) viram as suas casas destruídas e vivem agora em campos de refugiados.

A Primavera Árabe começa a ser toldada por nuvens invernosas e a procissão ainda vai no adro. O que (n)os espera é um filme de terror.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tudo isto já se esperava. A NATO foi dar uma mão à Al-Qaida que é uma organização americana para ajudar a desestabilizar a Líbia de Khadafi. No tempo do coronel as coisas não estavam bem e o coronel era um ditador violento. Havia contudo ordem nas ruas e a vida funcionava normalmente para um país com aquelas características. Agora existe o caos. Não sei se os ocidentais vão obter mais petróleo nestas condições. Podem ter feito uma aposta errada e sair-lhes o tiro pela culatra. É contudo um bom exemplo para os entusiasmos com as outras revoluções nos países árabes. Até parece que estas revoluções de destinaram a estabelecer a confusão e a miséria para que depois outros possam aproveitar e recolher os "frutos".

Anónimo disse...

Mas não tenhamos a menor dúvida, apenas os líricos do costume acham que não é nada disso. Como diz e muito bem o comentador anterior, foi tudo premeditado para que em caso as coisas com o Irão se azedasssem, como já se está a ver que vão azedar mesmo e, o Estreito de Ormuz ficasse impossibilitado de ser transposto pelos petroleiros, tinham ali mesmo à mão de semear, na Líbia, o "pitróleo" que tanta falta faz. Mas se calhar, como dizem os nuestros hermanos: les vay a salir el tiro por la culatra.
Estamos aqui pr'a ver.
Claro que já todos sabemos quem está por trás de tudo.
Marquis