sábado, 4 de fevereiro de 2012

RÚSSIA E CHINA VETAM RESOLUÇÃO DO C.S. SOBRE A SÍRIA


Como se esperava, a Rússia e a China vetaram esta manhã a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas relativa à situação na Síria. Não disponho do texto da Resolução, mas tanto quanto sei através dos órgãos de informação, a dita, além de impor a saída incondicional do presidente Bachar Al-Assad, assumiria a defesa da oposição ao regime, quando é sabido que a maioria da população síria ainda apoia o Governo de Damasco. Tratar-se-ia de mais uma intervenção unilateral do "Ocidente" nos assuntos de um país soberano, como se verificou no Iraque, com o ignóbil pretexto da existência de armas de destruição maciça (que me recorde só os Estados Unidos lançaram até hoje duas bombas atómicas: Hiroxima e Nagasáqui), e mais recentemente na Líbia, onde a NATO, aproveitando a abstenção daqueles dois membros permanentes do Conselho de Segurança na resolução que  pretendia defender Benghazi das tropas de Qaddafi, acabou por invadir e bombardear o país e substituir o regime, facto de que, creio, se irão brevemente arrepender.

Ninguém ignora a interferência estrangeira na luta que a oposição trava na Síria, e que tem contribuído para um elevadíssimo número de mortos e feridos. Podemos inequivocamente afirmar que se instalou no país um verdadeiro clima de guerra civil.

Os acontecimentos desta madrugada em Homs, com mais de 200 mortos e centenas de feridos, testemunham bem a gravidade da situação, que atingiu patamares que jamais seriam alcançados se os protestos, como se verificaram inicialmente, não contassem com armamento estrangeiro e mesmo combatentes oriundos de outros países. É claro que quanto maior for o número de vítimas verdadeiramente sírias, maior será a sede de  vingança; é dos livros e da experiência da vida. Também é verdade que a queda do poder, agora, provocaria um sem número de retaliações, muitas delas gratuitas, como se verifica em todos os conflitos deste tipo.

Importaria uma mediação internacional, não como a que foi tentada pela Liga Árabe (manipulada por outros países) mas verdadeiramente independente. A Rússia havia proposto que Governo sírio e Oposição se sentassem à mesma mesa, o que foi imediatamente recusado pela Oposição, que segue os ditames da administração norte-americana e os projectos de Hillary Clinton e dos seus parceiros francês e inglês e de mais alguns tontos que, persuadidos ou ameaçados, alinham com Washington.

Todos sabemos que, destruído o Iraque, a Síria é o caminho mais fácil para atingir o Irão. Além de que, subjugados estes países, mais simples se torna contornar o sul da Rússia, já que a ocidente os antigos países de "Leste" integram hoje a União Europeia e a NATO.

Segundo informações provenientes do Líbano, o bombardeamento desta madrugada em Homs teria sido uma represália pelo facto das forças da Oposição terem atacado o exército do país, provocando a morte de 10 soldados.

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, vai deslocar-se terça-feira a Damasco com a missão de encontrar uma solução que permita, para já, suspender as hostilidades.

Aguardemos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Os Estados Unidos bem queriam uma resolução do CS sobre a Síria mas não a tiveram. Não sei o que irão fazer. mas de certeza que uma invasão declarada da Síria, já que está em curso uma invasão encapotada, parece cada vez mais improvável, quaisquer que sejam os pretextos. seria bom que russos e chineses deslocassem as suas esquadras para o Mediterrâneo numa posição de força. Os congressistas americanos, que são uns animais, talvez desejassem uma declaração de guerra mas o Pentágono será certamente mais advertido.

Anónimo disse...

A América está a precisar de levar nos cornos outra vez, pois não há meio de aprender a lição.
Aqueles animais o que querem é vender armas e nada mais.
Marquis

Anónimo disse...

Estarei eu a ser muito optimista ou existe um dado novo na porcaria toda que os políticos fazem e preparam-se a fazer que não existia até ao 9/11: duvido que a opinião pública desta vez possa ser novamente convencida de seja que 'causa' o que for que se materialize em mais um ataque militar.
Resta saber até que ponto os políticos de todo o mundo (ou da parte do mundo interessada por este "projecto de conflito") podem avançar serenamente sem qualquer apoio dos povos em nome do qual, supostamente, detêm o poder.
Estou a ver mal ou a máscara já caiu há algum tempo?
Se a maior parte das pessoas já percebeu que tudo se move apenas em torno dos interesses económicos de muito poucos, quanto tempo faltará ainda até que os governados de todo o mundo mandarem os respectivos governantes combaterem sozinhos uns contra os outros?
Is this just too much wishful thinking?

Valeria