O filósofo francês Roger Garaudy, hoje com 98 anos, é uma das mais proeminentes figuras do pensamento contemporâneo. Nascido a 17 de Julho de 1913, Garaudy converteu-se ao protestantismo aos 14 anos. Durante a Segunda Guerra Mundial juntou-se à Resistência e foi feito prisioneiro pelo Governo de Vichy. Aderiu mais tarde ao Partido Comunista francês, de que foi um dos mais notáveis teóricos, tendo sido eleito deputado à Assembleia Nacional e posteriormente membro do Senado. Durante a sua carreira política, reconverteu-se ao catolicismo, mantendo estreita amizade com um dos famosos clérigos do tempo, o célebre Abbé Pierre, que se tornou seu apoiante e das suas causas. Ambos foram defensores de uma maior justiça social e da protecção dos pobres, de que fizeram um combate comum.
Em 1970, Garaudy foi expulso do Partido Comunista Francês, por ter criticado a invasão da Checoslováquia pela União Soviética em 1968.
Roger Garaudy |
Numa incessante procura da verdade, e possuidor de uma invulgar cultura, Roger Garaudy converteu-se ao islão em 1982. tendo adoptado o nome de "Ragaa" e tornou-se um eminente comentador da religião muçulmana e um defensor da causa palestiniana.
Autor de mais de 50 livros, especialmente sobre o marxismo, que se encontram traduzidos nas principais línguas europeias (existem muitas edições portuguesas), e também em árabe, turco, japonês, etc., Garaudy publicou em 1996 uma obra controversa, Les Mythes fondateurs de la politique israélienne, onde, entre uma análise à política do Estado de Israel, levanta dúvidas sobre a versão tradicionalmente aceite do holocausto judaico perpetrado pelas autoridades nazis. Esta obra, ao abrigo da famigerada Lei Gayssot, valeu-lhe ser condenado a uma indemnização e a uma condenação a prisão com pena suspensa. Desde então, Garaudy passou a viver no mundo islâmico, tendo sido agraciado pelos governos do Irão, da Arábia Saudita, da Síria, da Líbia, da Jordânia, etc.
O livro Le terrorisme occidental, publicado em 2004, é de uma actualidade manifesta. Não só Garaudy procede a um exame (incluindo uma análise das religiões monoteístas) do passado, como antecipa o futuro. Aquilo que previu em 2004 vem-se verificando até hoje, o que confere à obra uma clarividência indesmentível. Neste livro (apesar de umas ligeiríssimas imprecisões históricas e religiosas, que não políticas) procede o autor à desmontagem das sistemáticas mentiras propagadas até à exaustão pelo chamado Ocidente e denuncia os interesses económicos e financeiros que se escondem por detrás das causas ditas humanitárias, que mais não são do que um manto diáfano destinado a ocultar a hipocrisia dos líderes políticos. Estamos a assistir hoje em dia a essas manobras, como as presenciámos nos últimos meses e nos últimos anos.
Procurando harmonizar o que há de mais autêntico no cristianismo, no islamismo, no marxismo, visando alcançar um verdadeiro humanismo, esta obra de Roger Garaudy deveria ser de leitura obrigatória, especialmente por todos quantos no campo político, no campo social e no campo religioso têm responsabilidades especiais, e bem assim pelo cidadão comum interessado num esclarecimento objectivo e imparcial de matérias sobre as quais recebe uma informação tendenciosa e distorcida.
3 comentários:
A obrigatoriedade, seja de leitura seja de outra coisas qualquer, nunca dá bons resultados.
Valeria
Parabéns pelo post. Gostaria contudo de saber mais alguma coisa sobre Les Mythes fondateurs...
Espero que possa escrever sobre o assunto.
Cumprimentos de um anónimo do tempo presente.
PARA O ANÓNIMO DAS 23:13:
Quando tiver oportunidade terei muito gosto em tecer algumas considerações sobre "Les Mythes fondateurs de la politique israélienne".
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