O sociólogo Boaventura de Sousa Santos, professor catedrático da Universidade de Coimbra e prestigiado investigador internacional, concedeu hoje uma entrevista ao programa "Gente que Conta" da TSF, que vem publicada no Diário de Notícias. Na impossibilidade de transcrever o texto integral, já que o mesmo não está disponível online mas só na versão em papel, indicam-se algumas considerações do intelectual português, com grande audiência no estrangeiro mas menos escutado em Portugal, dado que muita gente dos meios académicos o considera pretensioso. Também Jorge de Sena foi olhado de soslaio por aqueles que, por inveja ou mesquinhez, o apoucaram ou ignoraram, numa manifestação ostensiva da prodigiosa mediocridade nacional.
Assim, limitamo-nos a transcrever a nota publicada no site da TSF - Rádio Notícias:
««O sociólogo Boaventura de Sousa Santos acusa Cavaco Silva de pecar por omissão e alerta que em Portugal as pessoas podem revoltar-se como aconteceu noutros países europeus. Em entrevista ao programa Gente que Conta deste domingo, o pensador de Coimbra disse que «é uma pena» que Portugal tenha este Presidente da República neste momento.
Boaventura de Sousa Santos recordou que «tivemos presidentes extraordinários e de grande capacidade de criar entendimentos, de chamar os diferentes partidos à razão».
«Era algo anunciado desde o discurso da tomada de posse, de que ele estava de alguma maneira envolvido em tudo isto e não teria uma solução» do tipo daquelas que pensamos necessárias, ou seja, «não passar por uma crise política», considerou, falando numa «magistratura por omissão».
Boaventura de Sousa Santos olha para a actual situação do pais e da Europa com particular inquietação, avisando que em Portugal as pessoas podem revoltar-se tal como aconteceu noutros países europeus.
«Não estamos a aceitar as regras que nos empobrecem, estamos a assistir ao desenvolvimento do subdesenvolvimento de Portugal, da Grécia, da Espanha e da Irlanda», disse, questionando: «Por quanto tempo é que os cidadãos vão tolerar isso?».
Para o sociólogo, «a corda está a ser muito esticada» e ainda será pior quando, por exemplo, os subsídios de férias e de Natal forem cortados.»»
Boaventura de Sousa Santos recordou que «tivemos presidentes extraordinários e de grande capacidade de criar entendimentos, de chamar os diferentes partidos à razão».
«Era algo anunciado desde o discurso da tomada de posse, de que ele estava de alguma maneira envolvido em tudo isto e não teria uma solução» do tipo daquelas que pensamos necessárias, ou seja, «não passar por uma crise política», considerou, falando numa «magistratura por omissão».
Boaventura de Sousa Santos olha para a actual situação do pais e da Europa com particular inquietação, avisando que em Portugal as pessoas podem revoltar-se tal como aconteceu noutros países europeus.
«Não estamos a aceitar as regras que nos empobrecem, estamos a assistir ao desenvolvimento do subdesenvolvimento de Portugal, da Grécia, da Espanha e da Irlanda», disse, questionando: «Por quanto tempo é que os cidadãos vão tolerar isso?».
Para o sociólogo, «a corda está a ser muito esticada» e ainda será pior quando, por exemplo, os subsídios de férias e de Natal forem cortados.»»
6 comentários:
Não há comparação possível entre este Boaventura, bimbalhão e ao serviço do regime no observatório da justiça onde não observa nada, e Jorge de Sena, um homem livre e cosmopolita. Este não passou mentalmente da Rua da Sofia.
Não houve a pretensão de comparar os homens, que são naturalmente diferentes, mas sim de referir que, quer um, quer outro, têm sido objecto de uma discriminação por parte da classe intelectual, ou pseudo-intelectual, que não suporta os que se distinguem da mediocridade triunfante, especialmente quando obtêm um reconhecimento além-fronteiras.
Não se deve menosprezar o prof. Boaventura Sousa Santos que é um notável sociólogo, talvez um bocado pretensioso como diz o autor do blog mas de inquestionável valor.
1)Confesso que não me impressiona muito que o prof.Santos seja muito catedrático ou muito premiado no "estrangeiro". Interessa-me a validade ou a racionalidade do que diz ou escreve. Infelizmente (?) nunca tive o privilégio de o ouvir,e apenas li muitas das suas crónicas. Em todas vi simplesmente uma série de banalidades terceiro-mundistas,que me fizeram recordar os ideais da Engª Pintasilgo,que ouvi defender como modelar o regime tanzaniano e o sr. Nyerere,que suponho gostaria de replicar por cá. Graças a Deus não teve oportunidade,tal como espero que o prof. Santos não disponha jamais do poder de aplicar cá os seus objectivos anti-globalização,anti-economia de mercado,etc,que mostrou defender. Repito que só li crónicas,e é possivel que tenha escrito tratados de grande relevância sociológica,em que não diga as mesmas patacoadas.É possivel,mas não provável. Neste sentido,não me parece que de todo seja um homem do "regime",pois os modelos das reuniões de Porto Alegre não me parecem compaginar-se com este "regime".
2) Concordo com o dr. Gonçalves na crítica à comparação entre o minúsculo Santos e o grande Jorge de Sena. Quanto ao "desprezo" ou "indiferença" de que Sena se queixava,não cabe aqui uma análise cuidadosa. Só notaria que a Morais publicou e divulgou toda a sua poesia,defendida à outrance e tambem publicada anos sem fim nas páginas do "Tempo e o Modo". É verdade que nunca ocupou o lugar que merecia na vida universitária portuguesa,mas lá que sofria de algum comlexosito de perseguição,tambem talvez seja verdade...
PARA O TAL LEITOR:
Como já tive oportunidade de referir em comentário anterior, não pretendi comparar Jorge de Sena e Boaventura de Sousa Santos.
Trata-se de duas personalidades a todos os títulos distintas, e é evidente que Jorge de Sena, como referi em outro texto, é uma das maiores figuras intelectuais portuguesas da segunda metade do século XX.
Quando paralelizei os nomes de ambos, fi-lo tão somente para recordar que tal como Sena foi ostensivamente ignorado em Portugal pelos seus pares. também Sousa Santos, noutro nível, tem sido relativamente silenciado, não só pelas invejas académicas como pelas ideias que defende e que não estão de acordo com a ideologia dominante.
Quanto à engª Pintasilgo, embora concorde que os seus entusiasmos eram muitas vezes precipitados, foi uma figura que merece o respeito público, uma mulher de grande sabedoria (e quando escrevo sabedoria não me refiro apenas à acumulação de conhecimentos, o que tem mais a ver com armazenagem do que com sabedoria) e só isso justificará que o general Eanes a tenha escolhido para primeiro-ministro de Portugal.
A engª Pintasilgo,chefe do movimento Graal no nosso país,foi chamada pelo general Eanes com o mandato claro e definido (os militares procuram em geral ser claros e definidos)de preparar eleições num prazo de três meses. Mas em vez de se consagrar à preparação concreta do processo eleitoral,dedicou-se a uma desconforme e assustadora produção legislativa com o objectivo de "mudar Portugal","transformar Portugal",enquanto corria o país em comícios sucessivos proclamando as suas teses populistas. O resultado foi essencialmente o trabalhão que os juristas do governo constitucional subsequente tiveram para desfazer a legislação pintasilguica. Os objectivos das suas campanhas propagandisticas foram felizmente gorados na eleição presidencial,em que o tradicional bom senso popular não se deixou ir atrás dos amanhãs terceiro-mundistas,e votou sàbiamente no dr. Soares,que com as suas virtudes e defeitos era certamente preferivel ao Zenha estranhamente apoiado pelo P.C..ou aos devaneios pintasilguicos. E assim acabou inglòriamente o "pintasilguismo". Tratava-se de facto de uma mulher culta,viajada,com à vontade em fora internacionais,mas ser um bom político ou um político útil ao país,é outra coisa. Aventuras e fantasias dos anos 80...
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