quinta-feira, 28 de abril de 2011

A LAVAGEM AO CÉREBRO


Ao longo dos últimos meses, especialmente das últimas semanas, e mormente dos últimos dias, têm os portugueses sido submetidos a uma impiedosa lavagem ao cérebro por parte da comunicação social.

A evocação diária da crise financeira, a referência sistemática à dívida soberana, a discriminação minuciosa das taxas de juro (sempre mais elevadas) para os empréstimos que fomos obtendo, a alusão à inevitabilidade do recurso à ajuda externa, a notícia da chegada, enfim, do FMI, do BCE e da CE, tudo isto somado, foi preparando os portugueses para a necessidade de pesados sacrifícios. Portugueses que na sua maioria vêm sendo penalizados desde há muito tempo por pecados que não cometeram.

Há nesta história, que periodicamente se repete, algo que está mal contado, e nem a sagacidade dos nossos jornalistas consegue ocultar o que se esconde por detrás.

Se o país se encontrava em razoável estado de saúde há alguns anos e está, agora, à beira da bancarrota, não é apenas devido à crise internacional (crise aliás de contornos mal definidos) mas a outros desmandos cujos responsáveis concretos se ignoram, ou quase.

O que espanta é que não se peçam responsabilidades aos culpados que sejam conhecidos e não se averigúe da responsabilidade de outros, mais ou menos camuflados, quiçá agora a viver em terras estrangeiras.

Aconselharia o bom jornalismo a denunciar quem conduziu o país à situação actual, não se quedando pela intriga político-partidária que nada resolve. Ou será que os jornalistas não sabem, ou não querem, ou não podem?

Uma vez que não existe censura, pelo menos em termos oficiais, ainda que outras existam disfarçadas, a explanação da crise, em termos claros e inequívocos, deveria ser uma indeclinável obrigação moral. Mas parece que não é.

Numa sociedade em que a classe média vem sendo progressivamente destruída (e não me refiro só a Portugal), e em que imprensa, rádio e televisão procuram ganhar, dia após dia, mais cidadãos para a adesão aos programas delineados em conciliábulos aonde nunca estão presentes os verdadeiros interessados nas crises que se promovem, há certamente um plano que importa cumprir.

Consta, e parece que é verdade, que as medidas de austeridade impostas já à Grécia e à Irlanda nada contribuíram para a resolução da situação naqueles países, antes agravaram seriamente o tecido económico e social. O mesmo acontecerá certamente no caso português. E provavelmente nos países que terão de recorrer a estas beneméritas ajudas: Espanha, Bélgica, Itália, porventura a França.

Será que o defeito reside nos povos em questão, ou será antes do sistema que lhes é imposto ?

É que, não sendo os povos responsáveis, e não se podendo também mudar de povos, mais vale que se mude de sistema !

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