Continua a agitação no mundo árabe.
Na Síria, as manifestações que ocorreram ontem, depois das orações, em Dara'a, saldaram-se por 27 mortos em confrontos com a polícia, que registou, segundo o ministério do Interior, 19 baixas. Há numerosos feridos e inúmeras detenções realizadas pelas forças de segurança..
Verificaram-se igualmente protestos contra o regime em Lattakia, Tartus, Edlib e Baniyas, e ainda em Harasta, um subúrbio de Damasco (onde foram mortas três pessoas) e em Homs (onde há a registar dois mortos). Também muitos curdos se manifestaram no leste do país, apesar das promessas de Bachar Al-Assad de lhes facilitar a concessão de cidadania.
No Egipto, milhares de pessoas voltaram a reunir-se na praça At-Tahrir, exigindo o julgamento do ex-presidente Hosni Mubarak e dos seus próximos colaboradores. Pela primeira vez, os manifestantes pediram também a resignação do chefe da Junta Militar, o poderoso marechal Tantawi, a quem acusam de ineficiência no processo de democratização do país. A poderosa Irmandade Muçulmana, que esteve relativamente afastada da contestação que levou à deposição de Mubarak, solidarizou-se com a manifestação de ontem.
Na Jordânia, em Amann, na sequência das manifestações que têm diariamente lugar, um homem imolou-se pelo fogo em frente do gabinete do primeiro-ministro.
Na Líbia, continuam os confrontos entre a facção do exército que ainda se mantém fiel ao coronel Qaddafi e os seus opositores, apoiados (e, por vezes, bombardeados por engano) pela aviação da NATO, na sequência da resolução do Conselho de Segurança que autorizou uma zona de exclusão aérea para evitar uma catástrofe humanitária. Com avanços e recuos de ambos os lados, e cada vez mais dúvidas dos países que apoiaram, ou se abstiveram, na tomada de decisão, a situação é pouco clara, tendo o próprio Qaddafi enviado uma missiva ao presidente Obama cujo conteúdo se desconhece.
No Iémen, onde os confrontos se verificam diariamente, registaram.se esta semana pelo menos 21 mortos e centenas de feridos nas cidades de Taiz e Hudaida. Em Sana'a e Aden, milhares de pessoas continuam a pedir a saída do presidente Ali Abdullah Saleh, há 32 anos no poder.
Nos outros países prossegue a contestação aos regimes vigentes.
Aberta a Caixa de Pandora, não se sabe como irá terminar o processo de "democratização" do mundo árabe. Iniciado com a sublevação espontânea dos tunisinos, o actual movimento de contestação "globalizada" em todos os países árabes, decorre de uma reacção natural à crise económica e social endémica desses países, mas também à instrumentalização por parte de agentes internos e externos que ainda são difíceis de identificar claramente.
Como já dissemos, uma crise generalizada nos países árabes, quase todos marginais ao Mediterrâneo, poderá desencadear uma situação gravíssima no Mare Nostrum, cuja avaliação das consequências é, por ora, imprevisível. Torna-se, assim, conveniente que os países do sul da Europa (e mesmo a Europa toda) estejam precavidos para a tempestade que se perfila no horizonte.
sábado, 9 de abril de 2011
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