quarta-feira, 30 de junho de 2010

E FOI-SE O CAMPEONATO


Não sou um especialista de futebol - longe disso - mas é impossível ignorar, tal a projecção mediática do chamado "desporto-rei", as pequenas e grandes notícias futebolísticas com que a comunicação social invade diariamente o espaço informativo. Especialmente em altura de campeonatos, quando a injecção massiva de relatos, análises, comentários e indignações ocupa, 24 horas por dia, os jornais, as rádios e as televisões.

Depois do jogo de ontem, já ouvi tudo e o seu contrário, e tendo-me por neutro, permito-me umas breves considerações sobre a matéria, algumas já formuladas no post que publiquei em 15 deste mês.

1) Julgo que o melhor jogador da selecção nacional foi o jovem Fábio Coentrão, uma revelação cujo futuro se afigura promissor, se não se estragar no percurso do estrelato. É também devida uma palavra para o guarda-redes Eduardo, que me parece um profissional dedicado e consciente das suas responsabilidades.
2) Cristiano Ronaldo fica muito bem nas capas das revistas, nas fotografias em que aparece mais ou menos despido (senão totalmente), nos anúncios publicitários, nas passagens de modelos, nos seus encontros galantes com celebridades (que os seus agentes se encarregam de inventar e promover para distrair as atenções) e noutras funções afins. Mas quanto a jogar à bola a conversa é outra; na selecção nacional é o que se viu e o que se vê, nas equipas estrangeiras de que tem feito parte parece que vai metendo uns golos mas a sua fama decorre mais do facto de se ter tornado um sex-symbol para todos os gostos, e foi por causa disso que o Real Madrid pagou perto de 100 milhões de euros pela sua compra, quantia pornográfica (ou talvez não, atendendo aos fins) e que é um insulto aos pobres deste mundo. Duvido que o futuro do Cristiano, ao contrário do Fábio, seja promissor, mas posso estar enganado, já que sou um ignorante na matéria e que o futebol se tece com malhas estranhas.
3) Sobre Carlos Queirós, que hoje é atacado por uma parte do país, nada tenho a dizer, já que de tácticas futebolísticas tudo ignoro e de balneários tudo desconheço, embora admita que alguns deles, na penumbra do vapor, possam evocar os banhos da Roma Imperial.
4) Também o país protesta contra a Federação Portuguesa de Futebol e contra um senhor chamado Gilberto Madaíl que, segundo a vox populi, já deveria ter abandonado há muito o seu lugar, como parece que em tempos prometera.
5) Um problema que voltou á praça pública foi o da nacionalidade dos jogadores. Em minha opinião, todos os jogadores da selecção deveriam ser portugueses de souche e nada de nacionalizações. Vou mesmo mais além: os jogadores das equipas deveriam ser sempre da nacionalidade do clube. Acabariam assim os contratos multimilionários que transformaram o futebol num negócio, de obscuras fronteiras, em que o desporto é apenas o pretexto para entreter multidões e ocultar negócios de carácter duvidoso.
6) Como escrevi no post acima citado, o futebol é hoje, muito mais do que a religião, o verdadeiro ópio do povo. Estou certo que Marx, se fosse vivo, me daria razão. O dinheiro gasto com este campeonato do mundo, quer na África do Sul, país de grande pobreza e doença que despendeu somas astronómicas com a efectivação deste "torneio", quer nos outros países, Portugal é um exemplo, que estão passando por grandes dificuldades, alguns mesmo à beira do precipício, todo esse dinheiro junto ao dinheiro que se gasta todos os anos por todo o planeta com o futebol, chegaria para minorar as dificuldades de larga parte da população mundial.

Dito, ou melhor, escrito isto, espero que o país regresse a uma relativa normalidade, após a euforia que durante as últimas semanas levou à alteração da programação de rádios e televisões: não é que haja muito para ver e ouvir que tenha interesse, mas mesmo assim...

  
Cristiano Ronaldo na Stazione Termini, em Roma
  
(Clique na imagem para ver melhor)

2 comentários:

Anónimo disse...

Quanto à foto da Stazione Termini,vejo que o acerto estético dos italianos não se desvaneceu,acrescentando que a indústria da publicidade tem muitos méritos,que os ressequidos adeptos do "franciscanismo revolucionário",como dizia um amigo meu, não são capazes de reconhecer. Aliás entre nós,o Ary e o O'Neil viviam disso mesmo (da publicidade,que não das fotos,que no caso deles não iria longe...)

Anónimo disse...

Detta är en fantastisk bild av situationen, jag tror inte jag riktigt har sett det ur det perspektivet förut.