quarta-feira, 26 de outubro de 2011

VITÓRIA DOS ISLAMISTAS NA TUNÍSIA


O partido islâmico Ennahda venceu as eleições tunisinas para a Assembleia Constituinte, com cerca de 40% dos votos, embora não tenham sido ainda publicados os resultados oficiais. Num país secularizado desde a sua independência, pela mão de Burguiba, o pai da Pátria, e depois por Ben Ali, este resultado é surpreendente, embora só aparentemente, e era previsível desde há meses. A vitória de Ennahda não tem só a ver com a religião mas também com a situação política internacional e com o passado recente do país.

O líder Rachid Ghannuchi reclama para o seu partido a liderança do novo governo, embora se declare aberto a coligações com as outras formações mais votadas, nomeadamente o Ettakatol, de Mustafa Ben Jaafar e o Congresso para a República, de Moncef Marzuki. Cabendo à assembleia agora eleita a designação de um presidente da República interino, Ben Jaafar manifestou já a sua vontade de candidatar-se.

Com um Conselho Nacional de Transição, na Líbia, que se reclama da sharia, embora proclamando o respeito pelos direitos humanos, a nova governação da vizinha Tunísia suscita as maiores interrogações.

Uma certeza, porém. A "nova" Tunísia será muito diferente daquela que os visitantes estrangeiros, estudiosos ou turistas, conheceram. A menos que uma dose de realismo leve os novos dirigentes a adoptar uma política pragmática, até para evitar a fuga do turismo, uma das principais fontes de receita nacional.

1 comentário:

Anónimo disse...

O futuro da Tunísia será determinante para a evolução da situação nos outros países árabes. Se passar a ser aplicada a lei islâmica isso representará um retrocesso civilizacional. Esperemos que não porque a Tunísia é um nosso vizinho, país bem conhecido dos portugueses. E tal medida significaria certamente o fim do turismo pelo menos europeu que a tem enriquecido nos últimos anos.