quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

AINDA CÉLINE


O número deste mês (Fevereiro/2011) do Magazine Littéraire é consagrado a Louis-Ferdinand Céline (de seu nome próprio Louis-Ferdinand Auguste Destouches). Enquanto, em França, continua a polémica sobre a retirada do nome de Céline ( por pressão da comunidade judaica e  cedência do ministro da Cultura, Frédéric Mitterrand), das comemorações previstas para este ano sobre as grandes figuras nacionais, os meios intelectuais agitam-se, já que Céline é, indubitavelmente, um dos maiores escritores franceses do século XX, cujo cinquentenário da morte este ano se comemora (1 de Julho de 2011).


Porque Céline publicou, antes da derrota da Alemanha, três panfletos anti-semitas, foi o seu nome votado às gemonias, ainda que Céline nunca tivesse sido um colaboracionista, como está hoje suficientemente provado. Assim, a sua obra está mal representada na língua portuguesa, mesmo sem contar com os três livros referidos (Bagatelles pour un massacre, L'École des cadavres, Les Beaux draps), que nunca foram traduzidos, nem sequer reeditados em francês, por expressa determinação do autor, regressado a França em 1951, e de sua viúva, Lucette Destouches.


A leitura do presente número do Magazine Littéraire constitui oportunidade para que todos aqueles que desconhecem ou mal-conhecem Céline possa ficam com uma informação básica sobre o homem e a sua obra.

2 comentários:

Anónimo disse...

O escritor alemão Ernst Jünger escreveu um diário no seu tempo de militar na França ocupada. Eis como relata um encontro com Céline no Instituo Alemão de Paris,rue St Dominique:
"Il dit combien il est surpris,stupéfait,que nous,soldats,nous ne fusillions pas,ne pendions pas,n'exterminions pas les Juifs. Il est stupéfait que quelqu'un disposant d'une bayonnette n'en fasse pas un usage illimité." E Jünger que teve de ouvir duas horas destas invectivas,que apesar de já ter ouvido muito,não deixaram de o revoltar. Grande escritor que fosse, era um "salaud",para continuarmos em francês, e por isso julgo que não foi só o conspiratorial "lobby judaico" que pôs em causa a sua inclusão nas celebrações nacionais francesas.Eu,que não sou judeu,tambem me oporia,até para evitar o "frisson" que a sua nomeação provoca no algum anti-semitismo que rasteja na nossa blogosfera,bem ao contário da tradição portuguesa dos últimos séculos.

ALCEU disse...

Seria preciso ler os panfletos proibidos de Céline para avaliar exactamente o seu conteúdo. Como estão esgotados há décadas, não foram reeditados e só se conseguem na internet a peso de ouro, não é possível lê-los.

Também não podem ser reeditados sem autorização dos herdeiros até 70 anos após a morte do autor, isto é, só daqui a 20 anos, Então reeditem-se clandestinamente para que todos possam lê.los e ajuizar da matéria. É por estas e por outras proibições que nunca se chega à verdade e tudo permanece envolto num conveniente mistério.