sábado, 19 de fevereiro de 2011

LÍBIA, BAHRAIN, IÉMEN, ETC. - A REVOLUÇÃO EM MARCHA



Os confrontos das últimas horas na Líbia provocaram já pelo menos dez mortos, dezenas de detenções e centenas de feridos. Os acontecimentos mais violentos registaram-se em Benghazi (a segunda cidade do país) e em Al-Beyda. Em Trípoli, foi organizada uma contra-manifestação de apoio ao coronel Qaddafi, tendo a polícia impedido os opositores do regime de se manifestar. Por todo o país, milhares de pessoas, em especial jovens, exigem a queda do regime, uma Constituição para o país e a saída de cena do coronel Muammar Qaddafi, que é o Guia da Grande Jamahiryia  há 42 anos. Apesar de ser o mais policial e repressivo de todos os estados do norte de África, o contágio dos vizinhos tunisino a oeste e egípcio a leste deixa pouca margem ao coronel para se manter no poder, a menos que enverede por um banho de sangue, hipótese não descartável, mas de efeitos tão desastrosos quanto efémeros.

Recorde-se que a Líbia assenta ainda numa base tribal, não sendo por outro lado de excluir uma secessão no país, que é constituído por três regiões distintas: a Tripolitânia, a Cirenaica e o Fezzan. Qaddafi tem seguido um percurso sinuoso nas suas relações internacionais, e depois de apoiar os grupos mais radicais voltou-se para Ocidente, especialmente após o bombardeamento dos Estado Unidos em 1986.



No Bahrain, a população, maioritariamente xiita, contrariando as ordens policiais, continuou a protestar, o que originou graves confrontos, com feridos e mortos. Os manifestantes já não só pedem a queda do governo, como o derrube da monarquia e a morte da família real. Entretanto, o monarca encarregou o príncipe real Sheikh Salman bin Hamad Al-Khalifa de estabelecer um diálogo nacional com todas as partes. Os Estados Unidos seguem a situação com muita atenção, já que o Bahrain é a base naval da Quinta Esquadra norte-americana, elemento essencial para o controle do Irão e da navegação no Golfo Pérsico.




No Iémen, os protestos continuam ininterruptamente pelo oitavo dia consecutivo, pedindo a queda do governo e a resignação do presidente Ali Abdullah Saleh, há 32 anos no poder. Dezenas de milhar de manifestantes, em Sanaa, em Aden, em Taiz exigem a satisfação das suas reivindicações, entrando por vezes em confronto com outras manifestações menores de apoiantes do regime.

Algumas figuras religiosas de prestígio pedem um governo de unidade nacional de transição, incluindo figuras da oposição, e eleições gerais dentro de seis meses, a fim de evitar-se que o país mergulhe no caos.

A revolução egípcia, influenciada pela tunisina e que alastrou já a outras países, está a ressuscitar no mundo árabe o sonho de um pan-arabismo, já não exactamente o do coronel Gamal Abdel Nasser, em luta contra o colonialismo, a dominação ocidental e o Estado de Israel, mas um pan-arabismo baseado na luta pela justiça social e a liberdade.

Os protestos intensificam-se por toda a parte: Jordânia, Kuwait, Djibuti, Palestina, etc. Em Marrocos anuncia-se uma grande manifestação para domingo. Afinal, parece que a procissão ainda vai no adro. Esperemos para ver.

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