quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A TUNÍSIA EM ESTADO DE SÍTIO




A agitação na Tunísia, desencadeada no passado dia 27 de Dezembro com a imolação pelo fogo de um licenciado desempregado que vendia legumes na rua, alastrou às regiões vizinhas, depois às grandes cidades e finalmente à capital, Tunis, onde foi decretado o recolher obrigatório. As universidades e escolas foram encerradas sine die e o exército foi chamado a intervir, inclusive na capital, onde tomou posições, protegendo nomeadamente os edifícios governamentais, a televisão e as embaixadas, em especial a de França (antigo palácio do Residente Geral), situada na Praça da Independência, frente à Catedral de São Vicente de Paulo. Uma parte das lojas foi encerrada, tendo algumas sido saqueadas.

O presidente Zine El Abidine Ben Ali falou à nação, substituiu o ministro do Interior, criou uma comissão para investigar a corrupção e prometeu a criação de 300.000 novos empregos em dois anos. Em Tunis e arredores há notícia de veículos incendiados, lojas pilhadas e bancos assaltados e continuam a registar-se em todo o país graves confrontos entre os manifestantes e a polícia.

A União Europeia e o Departamento de Estado norte-americano manifestaram a sua preocupação pela violência desproporcionada da repressão policial sobre os manifestantes, que terá causado já mais de 50 mortos. Entretanto, o primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi anunciou a libertação de todas as pessoas presas em consequência dos protestos contra o aumento do custo de vida, a corrupção e o desemprego.

Os distúrbios dos últimos dias são os mais graves nos 23 anos de governo do presidente Ben Ali, cuja renúncia é igualmente pedida pelos manifestantes.

A intervenção do exército para tentar restabelecer a ordem pública, tarefa já impossível para a polícia, é uma medida perigosa para o regime, uma vez que se ignora até que ponto as forças armadas estão interessadas na manutenção da actual situação política. Existem, por isso, os maiores receios da eclosão de um golpe de Estado.

1 comentário:

Anónimo disse...

E a Tunísia aqui tão perto. E a imprensa portuguesa quase não fala do que se passa... Apesar de milhares de portugueses visitarem o país todos os anos.