quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O IRAQUE

 

Barack Obama anunciou ontem o fim oficial das missões de combate no Iraque, classificou a data como "um momento histórico" e disse que cabe agora aos iraquianos "liderar a segurança do seu país." Os neo-conservadores e os republicanos de extrema-direita pretendiam que ele mantivesse aberta a possibilidade de estender o envolvimento militar no Iraque, o que o presidente não fez.

Esta guerra, desencadeada com o pretexto de que «os iraquianos possuíam "armas de destruição massiva" e um arsenal nuclear operacional  que estavam prontos a utilizar»,  constituiu, na opinião de Jean Daniel, director do Nouvel Observateur (nº 2390), uma das maiores mentiras da História.

O Iraque está neste momento sem governo, por impossível entendimento dos partidos maioritários, parcialmente destruído, com mais de cinco milhões de iraquianos mortos, feridos, estropiados, deslocados, enlouquecidos, de incontáveis famílias desmembradas, além dos mortos e feridos da sinistra coligação que atacou e ocupou o país. 

As mentiras dos responsáveis americanos e britânicos inscreviam-se na enorme e desmedida ambição de "reconstrução do Médio Oriente", que se tornaria democrático por um efeito de contágio ou de dominó. Mas as verdadeiras razões tinham sobretudo a ver com o petróleo e com a situação geoestratégica do país. 

Após esta tragédia de contornos apocalípticos, vive-se hoje no Iraque, à parte um simulacro de democracia, muito pior, em geral, do que no tempo de Saddam Hussein. Não foram pedidas responsabilidades a George Bush, nem a Tony Blair, nem aos dirigentes internacionais que os acompanharam nessa maléfica aventura. Não houve ainda para esses criminosos de guerra um tribunal, como em Nuremberga para os dirigentes nazis, para os julgar e condenar.

Se esse julgamento jamais se realizar, como é de temer, ficará para nossa consolação, pelo menos, o julgamento da História.

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