sábado, 9 de outubro de 2010

IVO ANDRIC


Há 118 anos, nascia em Dolac (perto de Travnik), na Bósnia-Herzegovina, então parte do Império Otomano sob controlo austro-húngaro, o escritor Ivo Andric, que viria a receber o Prémio Nobel da Literatura em 1961.


Por morte do pai, quando tinha dois anos foi levado para casa de familiares em Visegrad, onde habitou na margem do rio Drina, cuja ponte haveria de imortalizar numa das suas obras mais famosas. Frequentou o ensino primário em Visegrad e o liceal em Sarajevo. Mais tarde estudaria nas universidades de Zagreb, Viena, Cracóvia e Graz (onde se doutorou em 1924).


Envolvido em actividades políticas, foi preso em 1914, por pertencer à organização revolucionária juvenil pró-jugoslava responsável pelo atentado que vitimou em Sarajevo, nesse ano, o arquiduque herdeiro do Império Austro-Húngaro Francisco Fernando e sua mulher. Amnistiado em 1917, ingressou no exército, prestando serviço no hospital militar de Zenica. Em 1919, foi nomeado funcionário do Ministério da Religião do novo Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, mais tarde Reino da Jugoslávia, e em 1920 ingressou no serviço diplomático. O Vaticano foi o seu primeiro posto, seguindo-se Roma, Bucareste, Graz, Marselha, Paris, Madrid, Bruxelas e Genebra. Em 1933, já conselheiro, foi colocado no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Belgrado. Em 1939, foi nomeado embaixador em Berlim, apresentando credenciais a Adolfo Hitler em 19 de Abril. Ainda nesse ano foi eleito membro efectivo da Real Academia Sérvia. Por ter pedido a demissão, não terá estado presente na assinatura da adesão da Jugoslávia ao Pacto Tripartido em Viena, em 1941. Com a invasão do seu país pelas tropas do Reich volta a Belgrado com os restantes membros da embaixada.  A sua carreira diplomática terminara, e o Reino da Jugoslávia também.


Após o seu regresso a Belgrado, vive no apartamento de um seu amigo, na rua Prizrenska, nº 8 e continua a escrever, agora com mais disponibilidade de tempo. Em 1958, já com 67 anos, casa-se com a figurinista do Teatro Nacional de Belgrado, Milica Babic, e muda-se para o primeiro andar da rua Proleterskih Brigada, nº 2a, hoje o nº 8 da rua Andricev venac, um prédio em frente das traseiras do edifício da presidência da República Sérvia e igualmente voltado para o Parque dos Pioneiros, aonde vive até à sua morte, em 13 de Março de 1975.


Ivo Andric conviveu com os mais importantes intelectuais não só do mundo comunista como do Ocidente e foi membro da Associação de Escritores da Jugoslávia, da Assembleia Nacional da República Popular Federal da Jugoslávia, da Assembleia Nacional da República Popular da Bósnia-Herzegovina, da Aliança Socialista dos Trabalhadores da Jugoslávia e do Partido Comunista da Jugoslávia.


Escreveu as suas obras em servo-croata, primeiro na versão dita croata e mais tarde na chamada versão sérvia. Defensor convicto do pan-eslavismo, considerou-se sempre como um escritor sérvio.


Entre as suas obras mais importantes, distinguem-se:

A Ponte sobre o Drina (1945) - (Na Drini cúprija)
Os Dias dos Cônsules: Crónicas de Travnik (1945) - (Travnicka hronica)
O Pátio Maldito (1954) - (Prokleta avlija)
Omer Pasha Latas (1977, publicado postumamente)


Quando, em 1962, as Publicações Europa-América editaram A Ponte sobre o Drina, que tem o sub-título Crónica de Visegrad, recordo-me de ter lido o livro quase sem interrupções. Apaixonadamente. Já passaram  quarenta e oito anos, mas foi uma das obras que mais me impressionou até àquela data. Um fascínio que ainda hoje se mantém.



Nota: De acordo com um segundo inventário da sua biblioteca, efectuado em 1985 (e que incluía já as obras próprias e respectivas traduções) Ivo Andric possuía 4.502 livros.

Sem comentários: