Em 30 de Novembro de 1935, há precisamente 75 anos, morria em Lisboa Fernando Pessoa. Porque muito se escreveu já sobre Pessoa, a partir especialmente do centenário do nascimento e do cinquentenário da morte, proporcionando estudos e juízos sérios e também oportunismos de vária ordem, a maior parte estéreis, como se adivinha, nada mais pretendemos com esta evocação senão registar que, ao longo destes 75 anos, se tornou evidente ser Fernando Pessoa uma das figuras mais lúcidas não só da poesia como do pensamento português contemporâneo.
Recordemos o
SONETO JÁ ANTIGO
- Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás de
- dizer aos meus amigos aí de Londres,
- embora não o sintas, que tu escondes
- a grande dor da minha morte. Irás de
- Londres p'ra Iorque, onde nasceste (dizes...
- que eu nada que tu digas acredito),
- contar àquele pobre rapazito
- que me deu tantas horas tão felizes,
- Embora não o saibas, que morri...
- mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
- nada se importará... Depois vai dar
- a notícia a essa estranha Cecily
- que acreditava que eu seria grande...
- Raios partam a vida e quem lá ande!
1 comentário:
Belo poema,e excelente escolha comemorativa. Já agora,para o caso remoto de isso interessar a alguns dos seus leitores,acrescentaria, em jeito de nota de pé de página,que este soneto de Álvaro de Campos foi publicado na "Contemporânea",no nº6,de Dezembro de 1922. O manuscrito contem a curiosa anotação:"A bordo do navio em que se embarcou para o Oriente;uns 4 meses antes do Opiário".
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