O seu amor pelas bibliotecas vem de onde? Da sua juventude, quando lia Borges (que era uma espécie de biblioteca ambulante e anotada), da biblioteca da casa do seu pai em Buenos Aires, onde se escondia para ler?
Não. A minha relação começou quando tinha três, quatro anos. Por um lado, é uma relação fetichista - o objecto-livro apaixona-me - e por outro, é uma relação de conhecimento do mundo. O conhecimento do mundo vem-me, em primeiro lugar, dos livros.
Para Borges, o conhecimento do mundo também passava pelos livros, mas ele não tinha qualquer relação fetichista com os livros. Não estava interessado em guardar livros - oferecia-os, tinha poucos livros. Eu ofereço muitos livros, mas compro livros para oferecer. Por vezes, ofereço livros da minha biblioteca - mas o que nunca faço é emprestar livros, porque isso é um apelo ao roubo.
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