Escreve Carlos Vaz Marques (CVM) na introdução à entrevista a Graça Morais, publicada no nº 103 de Oeiras em revista: "Onde hoje está a colecção de arte de Manuel de Brito, ia a pintora - então professora de educação visual - levar a filha, ainda criança, para as aulas de ballet. Algés ainda era um lugar triste e suburbano..."
Talvez CVM não tenha conhecido Algés no passado, isto é, há uns 40 ou 50 anos, para não dizer mais. Mas então deveria ter-se informado, a menos que a sua colaboração com a Câmara Municipal de Oeiras o leve a ignorar o que então Algés representava de animação, para exaltar a "nova" Algés de Isaltino Morais. Algés um lugar triste e suburbano...? Que dislate. Algés nos anos 40 e até ao começo da destruição dos pavilhões na grande esplanada sobre a Marginal, era o local aonde de dia e à noite, especialmente de Verão, se deslocavam os lisboetas para fruir o seu verdadeiro passeio público, que nada tem a ver com o actual passeio marítimo dos festivais de música rock. Milhares de pessoas se distraiam à noite em Algés, nos citados pavilhões, o Cristal, o Verde, mais tarde o Catavento, o Caravela (o único que subsiste, mas totalmente transformado), o Ribamar (hoje uma coisa híbrida chamada Jardim do Marquês). E esses pavilhões tinham espectáculos nocturnos de variedades ao ar livre (ainda me recordo, era miúdo, dos espectáculos do pavilhão Verde, aonde está hoje o Restaurante e Café Caravela).
Os pavilhões e os inúmeros cafés espalhados por Algés estavam abertos até à meia-noite, por vezes até às duas da manhã. A Tá-Mar, a Elite, a Nortenha (antiga), tantos outros. Hoje, não existe em Algés um único café aberto à noite.
Se há coisa que Algés fosse era um lugar alegre, com gente permanentemente a transitar. Nos dias que correm, a partir das 10 da noite quase não se vê vivalma nas ruas.
Deve, pois CVM documentar-se sobre Algés antes de escrever textos que subvertem a verdade histórica. Que CVM seja colaborador assíduo da actual Câmara Municipal é um problema dele. Mas que seja honesto. Hoje, é que Algés é um lugar triste e suburbano.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
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5 comentários:
Muito bem. Quem vê Algés e quem viu. Hoje é uma localidade dormitório sem qual quer interesse. Sei que os tempos mudaram mas também nada se faz para animar a vila, ou aldeia, ou que for, que à noite mais parece um cemitério. Com um presidente de câmara como o Isaltino, para quem só o dinheiro conta, também não haveria que esperar melhor.
Nada voltará a ser como era. mas a destruição do jardim e das esplanadas de Algés foi um crime. Ao menos podiam passá-las para o chamado passeio marítimo mas isso é só para dar festivais pop e rock ou qualquer merda assim. Quando é que despedem o Isaltino de vez?
Meu caro, a referência que é feita ao que Algés foi, é - como se deve depreender do texto, dado tratar-se de uma entrevista - paráfrase de uma opinião expressa pela entrevistada. A deselegância da referência à minha colaboração com a revista e com as Bibliotecas de Oeiras não merece comentários. Cumprimentos.
Não posso estar mais de acordo com o texto de base. Nascido em 42 e crescido entre Algés e Dafundo e noctívago do Cristal das duas outras esplanadas que vi nascer, sempre considerei um verdadeiro atentado paisagístico e ambiental o ultimo mamarracho construído e subsequentemente tranformado em supermercado - que sempreconsiderei que deveria ser liminarmente demolido e substituído - ou por um sdequado ajardinamento, quando não mesmo, por um Cristal reconstruído: Considero,com efeito, que o Cristal deveria ter sido classificado como um verdadeiro forum de Lisboa. Com os dinheiros dos autarcas e da APL que desfiguraram ali (também) a zona ribeirinha de Algés e assassinaram a sua histórica praia até à Cruz quebrada.
Francisco José Soares Alves, arqueólogo aposentado
PARA FRANCISCO JOSÉ SOARES ALVES:
Meu caro Chico,
É com prazer que publico o teu comentário. Não te vejo há muitos anos, mais exactamente desde quando foste para França. Estive em Paris um ano depois, contactei-te e ainda te deixei uma mensagem em casa, se a memória não me falha, na rua Gay-Lussac. Estava eu em casa do Manuel Cargaleiro. Desencontrámo-nos no dia combinado e não mais voltei a ver-te. O Madeira Luís ainda me deu notícias uma vez ou outra. Foi tudo.
Terei muito gosto em tornar a encontrar-te um dia destes.
Abraço do
Júlio
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