segunda-feira, 28 de março de 2011

OS ESCRAVOS


Tenho estado a reler A Queda, de Albert Camus.

A certa altura, o escritor põe na boca do seu interlocutor imaginário algumas frases de oportunidade inquestionável:

«A escravatura, ah, isso não, nós somos contra! Que se seja constrangido a instalá-la em sua casa, ou nas fábricas, bom, está na ordem das coisas, mas gabar-se disso é o cúmulo. Sei bem que não se pode passar sem dominar ou ser-se servido. Todo o homem tem necessidade de escravos como de ar puro. Mandar é respirar, não é desta opinião? E até os mais deserdados chegam a respirar. O último na escala social tem ainda o cônjuge ou o filho. Se é celibatário, um cão. O essencial, em resumo, é uma pessoa poder zangar-se sem que outrem tenha o direito de responder.»

(A páginas 74/75 da tradução portuguesa de José Terra, editada (s/d) por Livros do Brasil)

1 comentário:

Anónimo disse...

De facto a escravidão continua. Não é preciso dizer mais nada. Ponto final.