Stéphane Hessel, alemão, judeu, resistente na Segunda Guerra Mundial, deportado em Buchenwald, apoiante do general De Gaulle, naturalizado francês, embaixador de Paris nas Nações Unidas (no mandato de Giscard d'Estaing), defensor da causa palestiniana, hoje com 93 anos, lançou há semanas um veemente apelo à INDIGNAÇÃO. Ao publicar o seu "manifesto" Indignez-vous!, já na 13ª edição em França, em Janeiro de 2011, traduzido em várias línguas (creio que já em português) e com uma tiragem de vários MILHÕES de exemplares, pretende Hessel provocar um verdadeiro sobressalto cívico, num momento em que o planeta, acometido de uma crise de ganância material única na história da Humanidade, parece sucumbir (haverá certamente quem nisso esteja interessado) ao poder do dinheiro, de todo o dinheiro, mas só do dinheiro (para parafrasear uma expressão do antigo Patriarca de Lisboa, o cardeal Cerejeira).
Num opúsculo de 14 páginas, com um texto medianamente estruturado e quiçá sofrivelmente redigido, Hessel lança um GRITO de alma sobre os destinos da sociedade contemporânea. Não é preciso boa literatura para exprimir a indignação que o possui. Este livrinho é um apelo à resistência, à luta contra a indiferença e à insurreição pacífica. Considera Hessel que as razões para a indignação no mundo de hoje são mais complexas que as do tempo do nazismo. Mas que se encontrarão se forem procuradas: o crescente fosso entre os mais ricos e os mais pobres, o estado do planeta, o tratamento dado aos sem-papéis, aos imigrantes, a corrida ao "sempre mais", a competição desenfreada, a ditadura dos mercados financeiros, o desmantelamento dos direitos adquiridos (as reformas, a segurança social).
No final do livro, uma citação de Albert Camus:
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