terça-feira, 1 de março de 2011
AMORES SÁFICOS
Foi publicada há dias, o que acontece entre nós pela primeira vez, uma história da homossexualidade feminina em Portugal. O autor, Paulo Drumond Braga, traça-nos um percurso dos amores sáficos no nosso país, entre o século XIII e o século XX, recorrendo às mais variadas fontes, dos textos literários aos processos da Inquisição. O percurso histórico da homossexualidade feminina sempre foi mais difícil de tratar do que o da homossexualidade masculina, dada a menor visibilidade da primeira, embora ambas sempre fossem consideradas como pecado, como crime (punível com a pena de morte), como doença, etc. Recorde-se que a Rainha Vitória, por alturas do processo de Oscar Wilde, afirmou que o lesbianismo não existia.
A obra de Paulo Drumond Braga, com um considerável aparato bibliográfico, inicia-nos numa matéria pouco estudada entre nós, ainda que o autor tenha sido obrigado a recorrer a muitos dados específicos da homossexualidade masculina. Um pequeno livro, que abre portas a estudos mais profundos sobre o tema.
Lembremos aqui a notável tradução que Eugénio de Andrade realizou de alguns poemas da poetisa de Lesbos, publicada em Dezembro de 1974, bem como a tradução brasileira (do alemão) da obra de Marion Giebel, Sappho, um estudo publicado na Alemanha em 1980 e no Brasil em 1985..
Adenda: A Alice Moderno, largamente citada no livro Filhas de Safo, se refere o meu falecido amigo Breno de Vasconcellos no seu livro Paz Cinzenta... - Os Açores através de algumas figuras e episódios de uma época, editado em Lisboa em 1979.
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