quinta-feira, 24 de março de 2011

A QUEDA



Não me refiro à queda do governo mas a A Queda, de Albert Camus, que estou a reler. Trata-se de um livro notável, como aliás toda a obra de Camus, um dos grandes escritores universais do século XX. Este livro, juntamente com O Estrangeiro e A Peste, constituem uma trilogia do que melhor e mais bem pensado se escreveu em França em meados do século passado.

Quanto à queda do governo propriamente dito, de que soube há pouco, não tendo ouvido até o momento qualquer debate em rádio ou televisão, penso que se tratou de uma excelente encenação de José Sócrates, que é um político hábil e não brinca em serviço. Só é pena que seja um mau governante e que a forma como interpreta os interesses nacionais se confunda com a forma como interpreta os seus próprios interesses.

Todavia, não ficaria espantado se, presumindo que o presidente da República dissolve o Parlamento e convoca eleições legislativas antecipadas, o Partido Socialista (sob a batuta de Sócrates) voltasse a obter uma maioria relativa. Os políticos portugueses actuais são, salvo as costumadas e honrosas excepções, confessadamente maus; mas é o povo que os elege, umas vezes à falta de melhor (já que a possibilidade de escolha é escassa), outras porque se deixa iludir, outras por espírito clubístico (partidário), outras ainda porque não sabe o que quer, ou até não sabe o que não quer. Acaba, assim, por não saber para onde vai.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sócrates talvez tente imitar Salazar com a sua determinação, melhor dizendo teimosia. Mas não sabe verdadeiramente o que quer para o país, só sabe o que quer ou julga querer para si. E também não sabe, não faz a mínima ideia para onde vai

ZÉ DOS ANZÓIS disse...

Não são só os governantes portugueses que são maus, todos os governantes dos países ditos democráticos são maus. Porque sacrificam os interesses nacionais aos cálculos eleitoralistas. Além do que são cada vez mais medíocres e incompetentes. Os governantes de regimes ditatoriais também são maus porque embora não sujeitos ao escrutínio popular, permitem a corrupção das classes dirigentes que os mantêm no poder.

Não há volta a dar. E os salvadores de pátrias só aparecem de largos em largos tempos.