Começou ontem, dia 4 de Agosto, e terá a duração de três dias, o primeiro Congresso do Fatah realizado nos últimos 20 anos e o primeiro que tem lugar em solo palestino, em Belém, na Cisjordânia. O último Congresso efectuara-se em Tunis em 1989.
Reunindo cerca de 2.200 delegados, muitos vindos do exílio no Líbano e na Síria, esta reunião magna do partido fundado por Yasser Arafat, a única força secular com representatividade na Palestina, tem por objectivo a revisão do seu programa político e a eleição de novos dirigentes, embora não esteja prevista a alteração da Carta fundadora do movimento.
O novo programa apelará a novas formas de resistência, como a desobediência civil contra a expansão dos colonatos judaicos e contra o famigerado muro de separação na Cisjordânia cuja construção tem servido para Israel se apoderar progressivamente de terras palestinas. Não será, contudo, eliminada do actual programa a opção pela “luta armada” e a declaração unilateral de independência (no território incluindo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza), caso as conversações com Israel voltem a fracassar ou se mantenham indefinidamente num impasse. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, declarou que as negociações com o Estado Judaico, interrompidas há meses, só poderão recomeçar caso o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu proceda ao congelamento dos colonatos, como aliás é exigido no Plano de Paz do Quarteto (Nações Unidas, Estados Unidos, União Europeia e Rússia). Deverá ficar ainda consignado nas deliberações deste Congresso que um Acordo de Paz com Israel será obrigatoriamente sujeito a referendo popular.
No seu discurso de abertura, Abbas condenou os métodos do Hamas e referiu que o Fatah pretende concretizar as iniciativas de paz que assinou nas últimas décadas, frisando, no entanto, que embora a paz seja a sua escolha o movimento se reserva o direito de resistência, legitimado à luz da lei internacional.
O Hamas, o partido islamista que venceu as últimas eleições legislativas na Palestina e que, após 18 meses de difícil coabitação, tomou pela força, em 2007, o controlo da Faixa de Gaza, não autorizou a deslocação a Belém de cerca de 400 delegados eleitos pelo Fatah em Gaza, se não fossem libertados os seus militantes que estão detidos na Cisjordânia, exigência a que Abbas não cedeu.
Este Congresso pretende, com a eleição de elementos mais jovens para o Comité Central e outros órgãos, injectar um sangue novo na liderança do Fatah, durante anos acusado de ineficácia e corrupção, a fim de recuperar a sua popularidade e influência junto do povo palestino e contrabalançar a ascendência alcançada pelo Hamas nos últimos anos, não só em Gaza mas na própria Cisjordânia.
Não sendo crível que a actual situação na Palestina, que dura há mais de meio século, se possa prolongar indefinidamente, o resultado desta assembleia dos palestinos do “interior” e do “exterior” é aguardado com expectativa em Israel que, como potência ocupante, autorizou a entrada de delegados vindos de outros países, alguns dos quais, antes do seu exílio, haviam cumprido pena de prisão por actos considerados terroristas pelo Estado Judaico.
2 comentários:
Aprecio a secção conclusiva do seu post. Realmente o Fatah bem precisava de renovação,refrescamento,limpeza ética,o que lhe queiram chamar,sobretudo tendo em vista o impulso " obamístico" que se espera para as intermináveis negociações.Se se avançasse para qualquer entendimento com o Hamas,ainda melhor.Talvez a Síria possa finalmente dar a esperada contribuição. O modelo de solução está,como se sabe,concebido já há muito tempo,quase desde o trabalho do malogrado Conde Folke Bernardotte. Mas sempre tem faltado isto ou aquilo,principalmente a coragem e a vontade política,apesar de até haver mártires pelo caminho político (Rabin,Sadat,etc.). O problema da Palestina tem envenenado as relações internacionais há décadas,e contribuido para a lamentável menorização dos valores da Liberdade e dos Direitos Humanos,que deveriam ser universais e parecem sê-lo cada vez menos. Independentemente da ideologia do autor do blogue,que pelo que tenho lido não será a minha,faz bem em chamar a atenção para a relevância destas questões,perdidos que andam os nossos media com as listas da dra.Manuela,o roubo da farmácia em Alguidares de Baixo,e a transferência milionária do futebolista do Burkina Fasso. Prossiga.
Cá volto eu ao blogue para felicitar o autor pelo seu post acerca do Foucault.
Tenha cuidado, pois tenho vindo a notar, eu e outras pessoas que leem os seus posts, que o "Anónimo persegue-o ferozmente!!!!!!!
Outro dia, permitiu-se do alto da sua verdade UNICA tecer comentários acerca da ideologia do autor do blogue. Nem lhe ocorre à iluminada cabecinha que o referido autor além de abrangente nas matérias que trata pode também ser, como convém, provocador e fazer saltar a discussão??? Pensava que estes exemplares da verdade UNICA, tal como a sua (dele) UNICA Tosca, já tivessem desaparecido como os dinossauros, mas pelos vistos enganei-me. Aqui para nós que nimguém nos vê, lê ou escuta, eu acho, acho mesmo, que é uma paixoneta mal resolvida.
Ele há gostos para tudo!!!!!!!!!!!!
Saudações do etéreas e bloguistas
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