Informa a comunicação social que seis pessoas cegaram depois de uma intervenção cirúrgica no Hospital de Santa Maria. Parece que na origem, mas aguarda-se o habitual inquérito, estará um medicamento não especialmente indicado para o efeito. Todavia, esta manhã, na rádio, o director de oftalmologia do Hospital de São João, do Porto, afirmou que o medicamento oficialmente aconselhado custa 100 vezes mais do que o utilizado em Santa Maria e que, por isso, continuará a aplicar o primeiro nos seus serviços, uma vez que atribui o grave incidente agora ocorrido a outras razões que não o medicamento em causa.
Também esta manhã, no Fórum da Radiodifusão Portuguesa, Antena 1, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, teceu algumas considerações, inteligentes, sobre o assunto e discorreu sobre o facto de se estarem a impor condicionantes de natureza económica nos tratamentos hospitalares, susceptíveis de causar sérios danos aos pacientes. Estas restrições, que reportam aos últimos governos, e a burocratização dos hospitais elevada a níveis incompatíveis com a boa prática médica, virão a ter as mais graves consequências para os doentes. Cito de memória: pergunta-se a um médico quantos doentes examinou mas não como os examinou, quantas intervenções cirúrgicas realizou, mas não com que êxito. É evidente que urge evitar desperdícios e absentismos injustificados, mas a saúde não pode ser apenas uma questão de números. Os depoimentos ouvidos no citado programa foram pungentes e Pedro Nunes esforçou-se por transmitir a ideia de que os doentes são pessoas e não coisas e de que há uma componente afectiva no exercício da medicina. E de que esta não pode estar dependente de, por vezes estúpidas, restrições orçamentais.
Diz o Bastonário que o nosso Serviço Nacional de Saúde ainda é um dos melhores da Europa Comunitária e que importa mantê-lo e melhorá-lo, o que não é possível com as políticas actuais. Diz também que os mais importantes investimentos devem ser feitos na saúde (e eu acrescentaria na educação e na justiça) e não em grandes investimentos de rentabilidade (humana e material) duvidosa.
Como é possível não haver dinheiro suficiente para uma saúde minimamente decente e é possível construir aeroportos e TGV's que custam quantias fabulosas. Como é possível permitir que criminosos de delito comum se locupletem em bancos e empresas e no mais que Deus sabe e permaneçam impunes. Para onde foram os milhares de milhões de euros que Portugal recebeu da então CEE, desde que aderiu a essa organização? MISTÉRIO!
Sabemos, já Salazar dizia, que o funcionamento do sistema democrático é caro e que Portugal era um país de parcos recursos. Agora que esse sistema democrático tenha permitido (e isto não respeita só a Portugal mas um pouco a toda a Europa dita democrática) o roubo sistemático dos dinheiros públicos, a constituição de fabulosas fortunas da noite para o dia e a clamorosa impunidade dos ladrões, isso já é demais.
Por isso, que ninguém se admire se mais tarde ou mais cedo o Povo começar a reclamar pelo regresso à Ditadura!
quinta-feira, 23 de julho de 2009
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