domingo, 31 de julho de 2011

HAMA - OUTRA VEZ

Vista da cidade

As quatro noras no rio Orontes

As quatro noras no rio Orontes

Museu Nacional

Museu Nacional

Grande Mesquita

Grande Mesquita

Igreja Ortodoxa
Restaurante Al-Bishriyat, sobre o rio Orontes

A cidade de Hama, que hoje foi palco de sangrentos acontecimentos, remonta ao Neolítico, e foi capital de um reino aramaico que manteve relações comerciais com Israel no tempo dos reis David e Salomão (c. 1000 AC). Foi depois ocupada pelos assírios e juntou-se a Damasco, numa revolta contra Shalmanazar. Submetida novamente em 722 AC por Sargão II, foi destruída e os seus cidadãos deportados. Reconstruída no tempo dos Seleucidas, foi cristianizada e integrou depois os impérios romano e bizantino. 

Conquistada pelos árabes em 637, prosperou sob a dinastia Ayyubida (descendentes de Saladino). Manteve conflitos com as dinastias rivais de Damasco e Alepo, mas sob a égide dos mamelucos, o grande poeta árabe Abu Al-Fida (1273-1331), cujo túmulo se encontra na Grande Mesquita, foi designado sultão.

Em Fevereiro de 1982, já em plena república da Síria, o presidente Hafez Al-Assad esmagou uma revolta da população, liderada pelos Irmãos Muçulmanos, que se saldou pela morte de cerca de 30.000 civis e mais de 1.000 soldados e pela destruição parcial da cidade. As tropas que então bombardearam Hama por terra e por ar eram comandadas pelo seu próprio irmão Rifaat Al-Assad.

Embora de menores proporções, o episódio repetiu-se hoje, quando esta manhã os tanques cercaram novamente Hama e provocaram mais de 100 mortos e dezenas de feridos, numa repressão contra a manifestação de contestação ao regime do presidente Bashar Al-Assad, que reuniu meio milhão de pessoas.

Já escrevi aqui que a situação na Síria está a assumir uma dimensão trágica. Ao contrário da Tunísia e do Egipto, o regime na Síria não se mostra disposto a ser derrubado e a sua queda, a verificar-se, provocará o caos no país. Também não se vislumbra, nem se deseja, a intervenção estrangeira, cujos resultados na Líbia demonstram a impertinência da invasão da NATO. 

A oposição dos sírios a Al-Assad, confiantes no triunfo das outras revoluções árabes, foi demasiado precipitada e violenta e à medida que os mortos aumentam mais difícil se torna um recuo na contestação. E a demora na adopção de medidas reais por parte do presidente Bashar Al-Assad um erro. Por outro lado,  a intensidade da repressão foi desde o início desproporcionada face às manifestações de oposição ao regime.

Não sei o que o futuro reserva aos Sírios, mas quero expressar aqui a minha sentida solidariedade.

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