Porque me encontrava no estrangeiro, só hoje tive conhecimento, através de um amigo, da deslocação à Síria do pretendente ao trono de Portugal, D. Duarte de Bragança, e das suas declarações à Agência Lusa, publicadas pelo jornal "i", em 7 do corrente. Passo a transcrever:
«O presidente da Síria, Bashar al-Assad, é "um homem muito bem intencionado", afirmou hoje o duque de Bragança, D. Duarte, que se encontra na capital síria para contactos com elementos do regime, à Agência Lusa.
Em declarações telefónicas a partir de Damasco, D. Duarte justificou a sua deslocação ao país: "O presidente da República [síria, Al-Assad] convidou-me para vir cá e, por um lado, conhecendo-o, [sei que] é uma pessoa com um fundo muito bom e um homem muito bem intencionado e, por outro lado, a instabilidade nesta região é, de facto, muito perigosa. Por isso, achei que devia aceitar e tentar ver se a minha intervenção pode ser útil".
A repressão do movimento de contestação, que eclodiu a 15 de Março, na Síria, já provocou a morte a mais de 1.300 civis e milhares de refugiados, segundo várias organizações não-governamentais. A comunidade internacional tem apelado a Al-Assad para que reforme ou renuncie.
Reconhecendo que o anterior presidente, Hafez Al-Assad dirigia um “regime de força bastante violento”, D. Duarte defende que o actual presidente, filho do antecessor, é “um médico muito estimado por toda a gente” e que, “desde que assumiu o poder, tem tentado democratizar e humanizar a política, e já conseguiu grandes avanços”.
Considera que “a alternativa” a Bashar al-Assad é “o movimento islamista e a possibilidade de um grande caos local”, semelhante ao que se passa na Líbia.
D. Duarte afirma que está “pessoalmente convencido de que a intenção [de Al-Assad] de copiar o modelo marroquino é muito sincera”, acrescentando que, em Marrocos, “se transformou um Estado que era pouco democrático num Estado inteiramente democrático”.
De acordo com o duque de Bragança, “o ambiente é completamente calmo” na capital do país, Damasco, e “não há qualquer tipo de situação desagradável”, embora se assista a uma “situação bastante explosiva” em várias cidades sírias junto à fronteira com a Turquia.
Referindo-se às reuniões que teve com os membros do governo sírio, o duque de Bragança afirma que “há a nítida sensação de que as forças armadas não estão preparadas para lidar com este tipo de situação”, assegurando ainda que “mais de uma centena de militares e de polícias foram degolados pelos grupos de oposição militante”.
Adiantou também que existem “dois tipos de oposição”: por um lado, “os irmãos muçulmanos, que são islamistas e já fizeram noutros países revoluções violentas” e “a oposição que quer a democracia”.
Pela sua parte, esclarece que se tem “encontrado com o governo e com o presidente” para colaborar na criação da futura Constituição da Síria, “muito semelhante à marroquina”, que garante a liberdade de imprensa, política e religiosa.
D. Duarte esteve hoje reunido com o presidente, com o primeiro-ministro, Adel Safar, bem como com “individualidades da oposição moderada”, e pretende “aproveitar as boas relações pessoais” que tem com Al-Assad e outras pessoas na região para “tentar ajudar a que se encontre uma solução”.
Em Damasco há três dias, o duque de Bragança disse à Agência Lusa que o seu regresso não está marcado e “depende de quando achar que já não vale a pena continuar no país”.
A sua agenda está também “muito dependente das oportunidades de contacto” que surgirem mas, para já, não estão previstas deslocações a outras cidades do país.»
Em declarações telefónicas a partir de Damasco, D. Duarte justificou a sua deslocação ao país: "O presidente da República [síria, Al-Assad] convidou-me para vir cá e, por um lado, conhecendo-o, [sei que] é uma pessoa com um fundo muito bom e um homem muito bem intencionado e, por outro lado, a instabilidade nesta região é, de facto, muito perigosa. Por isso, achei que devia aceitar e tentar ver se a minha intervenção pode ser útil".
A repressão do movimento de contestação, que eclodiu a 15 de Março, na Síria, já provocou a morte a mais de 1.300 civis e milhares de refugiados, segundo várias organizações não-governamentais. A comunidade internacional tem apelado a Al-Assad para que reforme ou renuncie.
Reconhecendo que o anterior presidente, Hafez Al-Assad dirigia um “regime de força bastante violento”, D. Duarte defende que o actual presidente, filho do antecessor, é “um médico muito estimado por toda a gente” e que, “desde que assumiu o poder, tem tentado democratizar e humanizar a política, e já conseguiu grandes avanços”.
Considera que “a alternativa” a Bashar al-Assad é “o movimento islamista e a possibilidade de um grande caos local”, semelhante ao que se passa na Líbia.
D. Duarte afirma que está “pessoalmente convencido de que a intenção [de Al-Assad] de copiar o modelo marroquino é muito sincera”, acrescentando que, em Marrocos, “se transformou um Estado que era pouco democrático num Estado inteiramente democrático”.
De acordo com o duque de Bragança, “o ambiente é completamente calmo” na capital do país, Damasco, e “não há qualquer tipo de situação desagradável”, embora se assista a uma “situação bastante explosiva” em várias cidades sírias junto à fronteira com a Turquia.
Referindo-se às reuniões que teve com os membros do governo sírio, o duque de Bragança afirma que “há a nítida sensação de que as forças armadas não estão preparadas para lidar com este tipo de situação”, assegurando ainda que “mais de uma centena de militares e de polícias foram degolados pelos grupos de oposição militante”.
Adiantou também que existem “dois tipos de oposição”: por um lado, “os irmãos muçulmanos, que são islamistas e já fizeram noutros países revoluções violentas” e “a oposição que quer a democracia”.
Pela sua parte, esclarece que se tem “encontrado com o governo e com o presidente” para colaborar na criação da futura Constituição da Síria, “muito semelhante à marroquina”, que garante a liberdade de imprensa, política e religiosa.
D. Duarte esteve hoje reunido com o presidente, com o primeiro-ministro, Adel Safar, bem como com “individualidades da oposição moderada”, e pretende “aproveitar as boas relações pessoais” que tem com Al-Assad e outras pessoas na região para “tentar ajudar a que se encontre uma solução”.
Em Damasco há três dias, o duque de Bragança disse à Agência Lusa que o seu regresso não está marcado e “depende de quando achar que já não vale a pena continuar no país”.
A sua agenda está também “muito dependente das oportunidades de contacto” que surgirem mas, para já, não estão previstas deslocações a outras cidades do país.»
Jamais imaginaria este encontro entre D. Duarte e Bashar Al-Assad, mas a política tem razões que a razão desconhece. Escrevi já algumas vezes neste blogue sobre a situação na Síria, preocupante para esse país, para o Médio Oriente e para o mundo em geral. Considero lamentável a repressão levada a cabo pelo regime sírio, que provocou até agora mais de mil mortos, entre civis e militares, e creio que teria sido possível encontrar uma solução de compromisso, através de uma via efectivamente reformista. Agora, é difícil o recuo de qualquer das partes.
Não acho que D. Duarte esteja suficientemente informado da situação, embora concorde com os seus receios quanto ao futuro do país. Talvez a ida de D. Duarte a Damasco se deva à intervenção do rei de Marrocos, igualmente a braços com uma contestação interna que pretende ultrapassar pela outorga de uma nova Constituição. O problema é que a Síria é uma república e Marrocos uma monarquia, e os revoltosos sírios pretendem não só a queda do governo mas a substituição de Al-Assad. Numa coisa D. Duarte terá certamente razão: a queda do actual regime sírio lançará o país no caos, tal como o derrube de Saddam Hussein, pelas forças anglo-americanas, provocou a destruição do Iraque, com mais de cinco milhões de mortos, feridos, estropiados, desalojados, emigrados, etc., além da devastação do inestimável património cultural mesopotâmico de que o país era o herdeiro. Depois da interminável guerra civil no Líbano (provisoriamente suspensa), da destruição e permanente insegurança do Iraque, da eternização do conflito israelo-palestiniano, um conflito de longa duração na Síria seria a cereja no cimo do bolo.
É certo que os negociantes de armamento precisam de fomentar revoltas e guerras para vender armas. Mas sugere-se um pouco de moderação!
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