domingo, 21 de junho de 2009

ELEIÇÕES NO IRÃO IV

Mir Hussein Musavi

A situação no Irão permanece muito tensa em consequência da reeleição de Mahmud Ahmadinejad. As manifestações de ontem provocaram mais de dez mortos e dezenas de feridos só em Teerão e o clima está muito perturbado nas principais cidades do país. O apelo à calma de Khamenei não surtiu efeito e o mais importante candidato derrotado, Mir Hussein Musavi, desvalorizou a recontagem dos votos e insiste na anulação das eleições e na convocação de um novo escrutínio.

Assiste-se, assim, à primeira grande confrontação na República Islâmica, trinta anos após a revolução que derrubou a Monarquia. Insiste Ahmadinejad em acusar potências estrangeiras de interferência nos assuntos internos do Irão, o que não constitui propriamente uma surpresa (quer a acusação, quer a interferência) mas é um facto o mal-estar que se instalou no país.

Não pode o Regime convocar novas eleições, não só por uma questão jurídica (mera formalidade facilmente ultrapassável) mas porque seria a sua própria desautorização e fim. Nem se espera que a recontagem dos votos, mais ou menos significativa, possa alterar o resultado eleitoral.

Espera-se, contudo, uma progressiva alteração de algumas políticas, na ordem interna e mesmo na externa, que reduza o presente clima de hostilidade e possibilite uma abertura que os iranianos, especialmente os jovens, desejam e exigem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não pretendendo formular citações tão eruditas como a shakespeareana (Ricardo II) de um dos comentadores de um blogue vizinho, talvez me permita apenas notar que se adensam sinais de um desejável final de regime no império dos Ayatollahs, ou pelo menos da tendência mais asfixiante daquela execrável teocracia. Pena o Shahinshah não ter sabido conduzir uma modernização competente e respeitadora das tradições. Estaríamos todos melhor. Os iranianos certamente,e nós "ocidentais" se possivel ainda mais. Ao menos serviu de lição para o rei Hassan II,que muito aprendeu com a tragédia do Shah,e conduziu astutamente a sua modernização,até mais dificil porque com menos meios económicos.