Afirmou o Patriarca de Lisboa, no Casino da Figueira da Foz, que as raparigas portuguesas se deveriam acautelar quanto ao casamento com rapazes muçulmanos. Começo por salientar que os locais públicos estão a ter frequências estranhas: os futebolistas reúnem-se na Ópera de Zurique, o Patriarca de Lisboa faz afirmações num casino, enfim.
Mas o mais importante são as afirmações de D. José Policarpo, quanto ao teor e à oportunidade. Para o que o Cardeal deveria alertar, em primeiro lugar, era para o perigo dos casamentos, quaisquer que fossem, se atendermos ao número sempre crescente de divórcios e de separações. Se uma rapariga portuguesa, católica ou ateia, se apaixonar por um jovem muçulmano, ela lá terá razões para isso, e tal não significa que vá sujeitar-se a uma submissão diferente de muitas outras que existem em Portugal. Depende, antes de mais, se fica a viver no nosso país ou se vai viver para o país do marido e, no segundo caso, ter-se-á já informado de algumas regras vigentes em alguns países islâmicos, cada vez menos, diga-se em boa verdade.
Os muçulmanos, especialmente os árabes, sempre tiveram artes de seduzir, reconheça-se isso, e não é por acaso que o turismo para o norte de África cresce de ano para ano, desde há décadas. Mas não se vislumbra a razão desta súbita inquietação do Patriarca. Para mais, encontramo-nos num período de guerra na Palestina, em que as opiniões se extremam, em Portugal e no Mundo,
e as declarações do eminentíssimo prelado só podem servir para agudizar tensões. Já se tinham verificado incidentes quando o Papa fez considerações menos simpáticas para Maomé, na alocução de Ratisbona. Será que D. José Policarpo pretende imitar Bento XVI? É que este viu-se na necessidade de se corrigir, pelo menos parcialmente, e até fez a seguir uma viagem à Turquia. Será que o Cardeal-Patriarca vai emendar a mão e propor-se viajar até um país muçulmano? O futuro o dirá!
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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