segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O CASO MENTAL DE ISRAEL

O Estado de Israel, proclamado em 1948, nunca respeitou as fronteiras que lhe haviam sido fixadas pela Resolução 181, das Nações Unidas, de 29 de Novembro de 1947. Foi-se alargando, sempre, à custa do território previsto para o Estado Palestiniano, nomeadamente com a criação dos colonatos na Cisjordânia. Todavia, essa expansão não se deveu apenas à necessidade de aumentar o seu espaço, fosse por razões de natureza económica, política ou militar. Não! O que se constata, e começa agora a ser estudado, é a existência de uma patologia mental do povo israelita (ou pelo menos da sua maior parte) que pode ter explicação nas perseguições sofridas pelos judeus ao longo da História, desde a Diáspora, e nomeadamente das levadas a cabo pelo regime nazi.

Verifica-se, e a recente invasão e destruição da Faixa de Gaza é disso um clamoroso exemplo, uma alienação global dos judeus israelitas e da maioria dos judeus espalhados pelo mundo, resultante quer da condição, que reivindicam, de "povo eleito", quer da permanente invocação e evocação do "holocausto". A "memória das vítimas" tem servido para justificar as piores atrocidades e isso só é perceptível através de um mecanismo de transferência que Freud, que até era judeu, saberia explicar brilhantemente mas que alguns analistas começam a estudar.

O trauma sofrido na Segunda Guerra Mundial, em que os judeus se deixaram perseguir sem resistência, transformou os oprimidos em opressores e permite aos israelitas agirem sem problemas de consciência relativamente aos palestinianos que subjugam há mais de seis décadas. Sem estados de espírito, o Estado de Israel esmaga impiedosamente o povo que habitava as terras onde se implantou. E não só o faz como não lhe reconhece o direito de resistência que, por razões pouco explicadas, anteriormente não usou. É isto o imperialismo sionista em todo o seu esplendor.

Ora este comportamento, para lá das múltiplas razões que possam ser aduzidas, não deve considerar-se normal. Tem sido avançada, como razão primeira do ataque a Gaza, a luta política de Barak, Livni e Netanyahou para vencer as próximas eleições legislativas. E também para mostrar que o governo "de gestão" de Olmert tinha a coragem de desencadear uma acção de força para reabilitar a derrota de T sahal no Líbano. Só que a destruição levada a cabo pelas forças armadas israelitas, por ordem do governo e com o apoio esmagador da população, não é coisa de pessoas normais. Manifesta-se uma alienação colectiva: se o Estado de Israel é para os judeus uma pátria, então a pátria está doente!

É por isso que se julga aconselhável, mesmo imperioso, que nas próximas negociações de paz que terá de haver, se sentem à mesa não apenas políticos e militares, mas também, psiquiatras e psicanalistas que tentem reconduzir o processo a dimensões humanas, racionais.

Os judeus em Israel, e em parte por todo o mundo, têm alimentado uma paranóia que pode servir interesses imediatos mas que é também o caminho seguro para um novo desastre de proporções inimagináveis. Os judeus, que beneficiaram do apoio e do carinho dos outros povos na sequência das perseguições a que foram sujeitos na Segunda Guerra Mundial, congregam hoje a aversão, para não dizer o ódio, da maioria dos habitantes do planeta que habitamos. Não só dos árabes e muçulmanos mas de todos, independentemente de raça ou religião. É tempo, enquanto é tempo, de fazerem um exame de consciência, de arrepiarem caminho, de procurarem a Paz. Porque devem saber que as guerras que travam há mais de meio século nunca conduzirão a uma vitória definitiva, que de vitória em vitória caminharão até à derrota final.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gadaffi, que está na moda (foi agora eleito líder da União Africana, e quer ser Presidente de uns "Estados Unidos de África" !!!), escreveu um op-ed para o NYT em que advogava para Israel e a Palestina a solução do único estado como única solução sustentável para a região.

Ele até é capaz de ter razão. Mas esta solução, apesar de lógica, para o imbróglio que os ingleses deixaram no seu protectorado é uma solução impossível, porque o ódio mútuo entre judeus e palestinianos já não tem qualquer hipótese de ser curado.

A verdade é que não há solução nenhuma para o conflito. Vai continuar a existir para sempre e vai ser uma maldição permanente.

O próximo acto da tragédia vai ser quando os árabes de nacionalidade israelita, que pelos vistos estão a fazer filhos a uma velocidade muito superior aos judeus, se tornarem não uma maioria no país (embora isso até possa vir a acontecer), mas uma força política com votos suficientes para pôr em causa modificações constitucionais (e a crescer)...

Os israelitas vão conceder a nacionalidade a todos os judeus, onde quer que vivam no mundo e vão-lhes dar o direito de voto à distância, mesmo sem nunca terem posto os pés em Israel. Mesmo assim, se esta manobra não for suficiente, o que é que vai acontecer?