O escritor francês Olivier Steiner (n. 1976) publicou há dois meses La vie privée, o seu segundo romance.
Para prevenção do leitor, transcrevemos da contracapa:
Huis clos dans une maison de bord de mer. Tandis que la dépouille d'Émile repose dans une chambre à l'étage, le narrateur attend le dominateur. Une voiture se gare, c'est lui, le voilà dans l'embrasure de la porte, pile à l'heure, et sa ponctualité est déjà une forme de sévérité. Se joue alors la scène primitive, danse d'Éros et Thanatos, entre ombres et lumières, "sexe et effroi". Poussés au derniers retranchements de la chair et de l'esprit, les corps exultent, souffrent et jouissent, livrent leur essence même. Avec La vie privée, Olivier Steiner signe un voyage sans retour, magnifique oraison funèbre, expérience de lecture rare où se dévoile notre humanité dans ce qu'elle a de plus noir et de plus cru.
Ao longo de centena e meia de páginas, o narrador, um jovem que fora acolhido pelo octogenário que agora jaz no salão, enuncia um monólogo entre o real e o onírico, aludindo ao seu relacionamento sexual ante e post-mortem com o defunto. Espíritos puritanos serão tentados a considerar o livro obsceno e abjecto, e até ridículo (sobre o ridículo das situações conferir p. 56), tais os pormenores com que o autor nos brinda. Puro engano. Ao evocar com precisão o passado, e o presente, e reflectindo sobre a condição humana, Olivier Steiner desenvolve uma narrativa certamente cruel mas de uma autenticidade profunda. Onde uns verão apenas uma imaginação delirante, e doentia, encontrarão outros uma meditação acerca dos arcanos do corpo e do espírito.
Uma imagem que poderia figurar no livro, se este fosse ilustrado |
Realmente, La vie privée é menos uma obra abominável do que um insondável percurso místico.
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