quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
ESTRANGEIRO, OU ESTRANHO?
Acabei de rever em DVD Lo straniero, de Visconti, a cuja projecção assistira no cinema, há já muitos anos. Não é a obra máxima do notável realizador italiano, talvez o maior cineasta de sempre, mas é um filme magnífico.
Trata-se da adaptação do romance L'Étranger, de Albert Camus, uma obra-prima da literatura francesa e universal.
Quando li o livro, em jovem, apercebi-me de como Camus captara os sentimentos mais íntimos do protagonista, Mersault, e os expusera à contemplação dos leitores. Mersault incarna o "homem absurdo" teorizado em Le Mythe de Sisyphe e evocado mais tarde em L'Homme révolté. Não é alguém que se "suicida" e não é também o "assassino" que mata o argelino. É alguém que não se conforma com as regras da moral social, que deixa transparecer uma aparente indiferença pela morte da mãe, e que acaba por ser condenado mais por essa "falta" aos costumes do que pelo homicídio consumado, ainda que inexplicado.
Em Situations I, Sartre discorreu sobre a obra ao considerar que a existência humana não tem sentido. E o próprio Camus escreveu em 1955: « J’ai résumé L’Étranger, il y a longtemps, par une phrase dont je reconnais qu’elle est très paradoxale : “Dans notre société tout homme qui ne pleure pas à l’enterrement de sa mère risque d’être condamné à mort.” Je voulais dire seulement que le héros du livre est condamné parce qu’il ne joue pas le jeu. En ce sens, il est étranger à la société où il vit, où il erre, en marge, dans les faubourgs de la vie privée, solitaire, sensuelle. Et c’est pourquoi des lecteurs ont été tentés de le considérer comme une épave. On aura cependant une idée plus exacte du personnage, plus conforme en tout cas aux intentions de son auteur, si l’on se demande en quoi Meursault ne joue pas le jeu. La réponse est simple : il refuse de mentir. » […].
Um livro a reler.
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1 comentário:
O Estrangeiro em livro é uma obra prima e em filme uma obra quase prima.
Mas o melhor do Visconti é O Leopardo
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