segunda-feira, 5 de setembro de 2011

QUEM MANDA?

Pela sua oportunidade, tomamos a liberdade de transcrever o post "Ao serviço de quem?", publicado hoje no blogue CLASSE POLÍTICA:

Ao serviço de quem?


Os líderes europeus parecem estar de algum modo surpreendidos com o agravamento dos juros da dívida soberana da Espanha e da Itália. Depois da cimeira de 21 de Julho e das medidas ali adoptadas, terão considerado que o seu “esforço” na procura de “soluções” para a crise da dívida seria apreciado pelos “mercados” e assim, sem preocupações de maior, partiriam descansados para férias. Na verdade, as tréguas dos “mercados” foram demasiado curtas o que veio lançar um novo e grande sobressalto entre eles. As “soluções”, afinal, não eram soluções, o que tem levado um sem número de antigos líderes europeus, economistas e comentadores políticos da área do poder, a insurgirem-se contra a “liderança” europeia, queixando-se mesmo da falta de uma liderança europeia capaz de uma solução clara e definitiva para a actual crise das dívidas e do próprio euro.

Uma vez mais estamos perante uma grande mistificação.

Na verdade, os actuais líderes europeus não são mais, que a emanação política do domínio financeiro e económico dos “mercados”, o mesmo é dizer das oligarquias financeiras. Foram as oligarquias financeiras que se apropriaram, mercê da falta de regulação, da criação de ofshores e da sua não contribuição para a receita pública, porque gozam de isenção de impostos dos rendimentos (deste modo acumulados) que agora emprestam aos países, a juros cada vez mais altos. Como imaginar então ser possível, que os líderes europeus, que desenharam e continuam a desenhar, todo este ambiente indispensável à acumulação de rendimentos, toda esta política europeia visando a satisfação dos interesses exclusivos do capital financeiro, dos mercados, das oligarquias financeiras, encontrar “soluções” contrárias aos interesses destas oligarquias?

É um contra -senso. Poderão lançar algumas lágrimas de crocodilo, desfazerem-se em queixumes, mas jamais serão capazes de alterar as causas profundas da crise das dívidas soberanas e ultrapassá-las eficazmente.

Os governantes dos vários países da união europeia não estão ao serviço das suas populações mas exclusivamente ao serviço das oligarquias financeiras. As medidas de austeridade sobre os cidadãos, diminuição de salários e pensões, redução do papel social do Estado, aumento de impostos sobre o trabalho, que atingem mais de 80% dos cidadãos de cada país, são a demonstração clara das opções dos governantes. Em vez de procurarem receita, de modo a manter o estado social, taxando as operações financeiras, extinguindo os ofshores e aplicando impostos ao capital, preferem sacrificar os seus povos, numa regressão social sem memória.

Os povos nada têm a esperar destes governantes. A sua manutenção no poder apenas agravará todos os problemas e dificuldades já existentes. Ou os cidadãos encontram rapidamente alternativas políticas capazes de inverter este rumo sem futuro, ou então, uma longa noite sombria e miserável se abaterá sobre os povos europeus.

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