sábado, 17 de setembro de 2011

A PALESTINA À PORTA DA ONU


A Palestina vai apresentar na próxima semana às Nações Unidas o seu pedido de reconhecimento como estado membro de pleno direito. É a decisão transmitida pelo presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas. Como se esperava, os Estados Unidos e Israel têm-se desdobrado em esforços para dissuadir os palestinianos de tal propósito. Inclusive, muitos palestinianos mantêm dúvidas quanto à oportunidade do gesto.A diplomacia joga as suas cartas em todo o mundo e a hipocrisia também. A União Europeia, que deveria falar a uma só voz, neste como na maior parte dos casos, não alcança um consenso.

A aprovação pelo Conselho de Segurança está praticamente fora de questão, devido à mais do que provável oposição dos EUA, cujo voto negativo equivale a um veto, independentemente da votação dos outros membros permanentes ou não.

Já se o pedido for endereçado à Assembleia Geral o caso muda de figura, pois a probabilidade de uma votação favorável é elevada. A Palestina não obteria o estatuto que reivindica mas ficaria como observador, situação idêntica à do Vaticano, que, para todos os efeitos, é um estado internacionalmente reconhecido.

Em qualquer caso, esta atitude é bastante incómoda para Israel, pois, de algum modo, "internacionaliza" o conflito israelo-palestiniano, que dura há mais de 60 anos. E é incómoda para os países ocidentais, Estados Unidos à cabeça, pois os votos negativos obrigam-nos a retirar a última máscara que ainda afivelam em relação ao problema. O mundo será confrontado pela primeira vez, no fórum mundial por excelência que é a ONU, com o mais antigo conflito permanente da História contemporânea.

Se a ameaça, eu diria a chantagem, do corte de fundos à Autoridade Palestiniana por parte do chamado Ocidente e também a ameaça de graves represálias por parte de Israel não levarem a uma desistência de última hora, a próxima semana será crucial para o desenvolvimento do processo de realinhamento geoestratégico do Médio Oriente, depois da queda de Qaddafi e atendendo ao aumento da conflitualidade na Síria.

Nisto tudo, há uma verdade incontornável: Israel, apesar do apoio permanente e quase incondicional dos EUA, está cada vez mais isolado. Perdido o seu grande aliado no mundo árabe, o Egipto, e face ao progressivo endurecimento da atitude da Turquia, que ambiciona estender a sua influência a toda a zona que integrou o Império Otomano, Israel, que acabará por alienar alguma "compreensão" dos reinos da Península Arábica, acabará por ficar só na região. E se os judeus não incomodam a Turquia, como nunca incomodaram na vigência do Império Otomano, o Estado de Israel não convém aos novos senhores de Ancara, os actuais ou os futuros.

1 comentário:

lawrence disse...

Não tenho simpatia especial por Israelitas ou Palestinianos até porque me parecem muito feitos uns para os outros.
Mas que deve existir um estado Palestiniano não tenho dúvidas.
Se será auto-suficiente ou não tenho dúvidas olhando para o caso do Iemen.
Mas pelo menos que sejam os países da região que os ajudem porque tem dinheiro para isso.
Em vez de andar o resto do mundo a manter uma população que se acostumou a viver do dinheiro alheio e ainda o usar para comprar armamento.
Se há países ocidentais com culpas no cartório devido à divisão dos territórios no pós-guerra, eles que se aguentem também à bronca mas encontrem uma solução para o problema ou a coisa nunca mais acaba!