segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O PENTECOSTES E O EUROGRUPO




Segundo as notícias mais recentes, o Eurogrupo não chegou a acordo com o governo grego sobre as questões essenciais defendidas por Atenas. Parece até que havia um draft que acabou por não ser perfilhado por todos os componentes daquele templo europeísta, numa manobra que, em termos de clareza, muito deixa a desejar.

Havia a esperança de que o Divino Paráclito iluminasse as mais obtusas mentes reunidas em Bruxelas, tal como outrora, segundo as Escrituras, derramou a sabedoria, sob a forma de línguas de fogo, sobre Maria (neste caso Merkel não estava) e os apóstolos reunidos no cenáculo.

Não conheço os ministros  das Finanças da Zona Euro, salvo o abominável alemão Schäuble e um holandês com um nome impronunciável, caracolinhos na cabeça e cara de parvo que é, improvavelmente, o presidente do Eurogrupo. Mas admito que a maioria dos colegas enferme da mesma debilidade mental que os anteriormente citados. Eu sei que o Espírito sopra quando quer e onde quer (assim reza a Bíblia), mas, para evitar males maiores, teria convindo que lançasse alguma Luz sobre as cabeças empedernidas de medíocres contabilistas (nada tenho contra os contabilistas) arvorados em estadistas e de cujas decisões depende praticamente todo um Continente.

Ainda há uma esperança de que nas próximas horas se alcance um compromisso razoável ao contento das partes. Porque se o prazo se esgotar, então, como é de uso em muitas óperas italianas, nada mais restará depois do que gritar "È tardì". Só que, agora, não estamos numa cena de ópera mas no teatro do mundo.



Sem comentários: