Quase 150 anos depois de Marx ter publicado Das Kapital surgiu, em fins do ano passado, uma obra volumosa (cerca de 1.000 páginas) que estuda a evolução do capital desde o século XVIII até aos nossos dias: Le capital au XXIe siècle, de Thomas Piketty.
Especialista das desigualdades económicas, Thomas Piketty é doutorado em ciências económicas, com uma tese preparada na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) e na London School of Economics, e, entre numerosos cargos, foi fundador, professor e director da École d'Économie de Paris. Em 2013, recebeu o Prémio Yrjö Jahnsson, concedido pela European Economic Association.
O seu livro Les hauts revenus en France au XXe siècle. Inégalités et redistributions 1901-1998, editado em 2001, suscitara já um amplo debate, ampliado pela obra que agora apreciamos. Quando esta foi publicada, Piketty manifestou ao "Nouvel Observateur" (Nº 2548, de 5 de Setembro de 2013) a sua inquietação pelo crescimento das desigualdades económicas.
Desde então o seu trabalho tem sido desvalorizado por alguns actores e algumas revistas científicas, pretendendo, como afirmou o "Financial Times", que ele cometeu erros estatísticos. Claro que as críticas de certos quadrantes não causam surpresa. Não tendo ainda cessado o coro de vozes em desmerecimento de uma tão profunda investigação, porventura o livro mais importante sobre o capital desde o famoso Das Kapital, de Marx, e cujas conclusões acabam por ser evidentes aos olhos do comum dos mortais que não possuem formação científica, é oportuno apresentarmos o texto da sua entrevista à prestigiada revista francesa.
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Segundo Piketty, a lei fundamental do seu livro é a desigualdade r>g, onde r é a taxa de rendimento do capital (lucros, dividendos, juros, alugueres, etc.) e g a taxa de crescimento económico (o aumento anual do rendimento e da produção).
Considerando que é urgente repensar o capitalismo, Piketty propõe, a exemplo do imposto progressivo sobre o rendimento, criado no século XX, a instauração de um imposto progressivo sobre o capital, que, aliás, já existe, ainda que só parcialmente e apenas em alguns países. Para a sua completa eficácia, tal imposto deveria ser aplicado a nível mundial.
A falta de transparência no universo financeiro e a desregulação dos mercados que impera desde os anos fatídicos de Thatcher e Reagan, contribuíram decisivamente para a situação que se vive na Europa, e no Mundo, nos últimos anos, meses e mesmo dias.
Recomenda-se aos interessados, se tiverem tempo, a leitura do livro de Thomas Piketty ou, pelo menos, da esclarecedora entrevista que publicamos acima.
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