sábado, 28 de janeiro de 2012

O PROTECTORADO GREGO


Segundo informa o PÙBLICO, a Alemanha, acompanhada de alguns outros países, pretenderá estabelecer um controlo permanente sobre o orçamento da Grécia, o que transferiria para a União Europeia a soberania grega nessa matéria. O governo grego declarou já que rejeita a nomeação de um comissário europeu (alemão?) para administrar as finanças gregas.

É um facto que os países começaram a ceder "voluntariamente" parcelas da sua soberania à União Europeia, tratado após tratado. Não consta, após um breve período de euforia, et pour cause, que tenham melhorado a situação das suas populações. Porém, existem limites. Ao contrário dos Estados Unidos da América, que puderam, por razões que não vêm aqui para o caso, estabelecer um estado, os países da Europa, com civilizações bimilenares, não são susceptíveis de se fundir num amalgamado heterogéneo de culturas diferentes. Da letra dos tratados á realidade dos povos vai uma distância que só espíritos menos esclarecidos ou dotados de sinistros propósitos foram capazes de ignorar.

A Europa é grande na sua diversidade, e para lá de algumas harmonizações no plano económico deverá permanecer distinta nos seus mais profundos usos e costumes. A União Europeia, ao estado a que chegou, é uma aberração jurídica e um desastre humanitário.

Parece que foram as instituições financeiras internacionais que facilitaram a entrada da Grécia no euro, possivelmente com o propósito oculto de virem agora cobrar "a cem por um". Importa que a Grécia equilibre as suas contas, mas com condições decentes. Até porque muitos outros estados da União se encontram, basta consultar as estatísticas, em circunstâncias nada invejáveis.

É sabido que a criação das comunidades europeias primeiro e da União (política) depois tinha em vista evitar novas confrontações no Velho Continente. Esforços inúteis. Ao pretender estabelecer um protectorado na Grécia (financeiro agora, com outras características mais tarde) a Alemanha só evoca fantasmas ainda não longínquos. Foi com a criação do protectorado da Boémia e da Morávia que começou a Segunda Guerra Mundial.

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