sábado, 11 de junho de 2011

A AGITAÇÃO NA GRÉCIA

Parlamento

A contestação na Grécia, especialmente em Atenas, às medidas impostas pela "troika", vem assumindo progressivamente maior expressão. Diariamente, na Praça da Constituição (Syntagma), frente ao edifício do Parlamento (Vouli), dezenas de milhar de pessoas, de todas as idades, sexos e categorias sociais contestam as imposições drásticas de instituições não eleitas, que atingem em particular, como em toda a parte, as classes mais desfavorecidas da população.


Especialmente à noite, centenas de bandeiras, na maioria gregas, mas também de muitos outros países, entre os quais Portugal, são agitadas frente àquele órgão de soberania, guardado por poderoso dispositivo de segurança. Gritam-se palavras de ordem e há assobios, apitos, mas igualmente música. Aliás, todos os locais nevrálgicos do centro de Atenas estão ocupados pela polícia civil e pela polícia militar, devidamente equipadas, sendo de notar a cordialidade mantida entre polícias (na maioria jovens) e manifestantes.


A praça, onde permanecem acampadas em tendas centenas de pessoas, apresenta os mais diversos dísticos contra os políticos que, nos últimos anos, saquearam ou desgovernaram o país. Há mesmo afixados, por toda a cidade, cartazes com as fotografias de cerca de 300 pessoas que os gregos consideram responsáveis pelo presente desastre financeiro, a quem acusam de ladrões e traidores e que exigem sejam julgados pelos seus actos.


Os protestos, que duram há já várias semanas, têm sido na generalidade pacíficos, havendo a registar-se contudo greves alternadas, especialmente nos meios de transporte, mas que nem por isso têm afugentado os turistas que, talvez em menor número do que em anos anteriores, acorrem à velha Hélada, nossa mãe espiritual.
Embaixada de Portugal

Os gregos aguardam as medidas que serão tomadas nas próximas semanas,  nomeadamente a reestruturação da dívida, e há expectativa quanto ao evoluir da situação. Sabe-se que a tomada de posições violentas afastará o turismo, uma das fontes de receita do país. Os gregos não quererão enveredar por uma situação como a que hoje se verifica na Tunísia e no Egipto, onde a quebra de rendimentos do turismo é quase total. Mas também não se vergarão, estou certo, a todas as imposições de uma "troika" que, lá como cá, pretende governar o país.  É que, e o futuro o dirá, há mais vida para além de instituições forjadas à margem e à revelia das populações.
(Clique na foto para ver melhor)

É possível que os gregos, independentemente do falseamento das contas de governos anteriores, tenham vivido acima das possibilidades. Não conheço suficientemente o problema. Mas corrija-se a situação em termos justos, sem cedências à especulação internacional.


Ao centro, a bandeira portuguesa


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