domingo, 3 de março de 2019

ESCONDIDOS NO ARMÁRIO






O investigador e jornalista francês Frédéric Martel acabou de publicar, simultaneamente em oito línguas e vinte países, um livro sobre a HOMOSSEXUALIDADE no Vaticano, intitulado no original francês Sodoma, e na versão em língua portuguesa Os Armários do Vaticano. Por mera coincidência, ou talvez não, o livro, grosso de cerca de 700 páginas repletas de texto, foi lançado, poderíamos dizer urbi et orbi, no mesmo dia em que o papa Francisco inaugurou no Vaticano uma Cimeira das Conferências Episcopais de todos os países, sobre a questão dos abusos sexuais na Igreja Católica.

Segundo o autor, o livro baseia-se num grande número de fontes, a investigação prolongou-se por mais de quatro anos, e foram inquiridas mais de 1500 pessoas, no Vaticano e em trinta países: 41 cardeais, 52 bispos e monsenhores, 45 núncios apostólicos e embaixadores estrangeiros e mais de duzentos padres e seminaristas e ainda guardas suíços. Martel teve, para este trabalho, uma equipa de 80 investigadores, correspondentes, conselheiros, intermediários e tradutores, e explica a forma como foram realizadas e registadas as entrevistas e indica a natureza da informação complementar.

A fim de não engrossar ainda mais a espessura do livro, o autor organizou um códex de 300 páginas, incluindo as fontes, as notas, a equipa de investigação, e três capítulos inéditos demasiado longos para figurarem no livro. O códex está disponível online em www.sodoma.fr (a que não consegui aceder); e nele serão publicadas actualizações.

Encontra-se a obra dividida em quatro partes, correspondentes aos pontificados de quatro papas: 1) Francisco; 2) Paulo; 3) João Paulo; 4) Bento. Lamenta-se as omissões do papa João XXIII, do qual haveria algo a dizer-se, e do papa João Paulo I, que apesar de ter morrido supostamente assassinado (veja-se o livro de David Yallop, Em Nome de Deus), ainda reinou 33 dias.

É indiscutível que o livro de Frédéric Martel constitui um extraordinário furo editorial, na medida em que os “escândalos sexuais” na Igreja Católica vêm desde há anos alimentando a imprensa, confundindo abuso sexual de crianças, relações com “menores” que já não são crianças, relações consentidas entre adultos, prostituição masculina, etc., notícias que só o são devido à facilidade de circulação da informação nos nossos dias, graças às novas tecnologias, e também devido a uma agenda política, pseudo-progressista, que se revela, na sua essência, mais perigosa do que todos os totalitarismos.

As revelações que agora nos confidencia Frédéric Martel não constituem verdadeiramente uma novidade para as pessoas mais bem informadas, que desde sempre souberam que na Igreja Católica havia uma prevalência de homossexuais (praticantes ou não), desde seminaristas a padres, bispos, cardeais e até papas. A novidade será talvez o detalhe com que Martel nos descreve as situações e as personagens, e também a conexão que estabelece entre a prática da homossexualidade e a sua eventual ligação com assuntos políticos, financeiros, e mesmo militares.

Concluída a sua obra, e logo no início disso nos adverte, a percentagem de homossexuais no Vaticano não será inferior a 80%, o que, convenhamos, é elevado para os ministros de uma instituição que prega a castidades e condena a homossexualidade, mas poderá perguntar-se, e voltaremos ao assunto, se poderia ser de outra forma. A generalização homófila na Santa Sé é tão abrangente que os clérigos criaram uma palavra-passe de reconhecimento: ser ou não ser “da paróquia”, um delicioso eufemismo no seio da Igreja.

Afirmava alguém, há muitos anos, que a “saída profissional” conveniente para os homossexuais consistia no ingresso no Ensino, nas Forças Armadas ou na Igreja. Nunca me esqueci dessa frase. De facto, o convívio diário numa comunidade só de homens constituiria o ideal para quem prefere a companhia do mesmo sexo à do sexo oposto. É claro que a partir da criação das escolas mistas o Ensino, muito propício a denúncias por abuso sexual (uma praga política do século XXI), é agora um caminho a evitar. As Forças Armadas perderam o seu encanto, e acabarão por perder a sua eficiência, desde que as fileiras foram abertas aos dois sexos. E se ainda prevalece o elemento masculino, com o fim do serviço militar obrigatório na maior parte dos países (pelo menos no Ocidente) a mística castrense desfaleceu. Restou, assim, a Igreja Católica. Escreve Frédéric Martel, avisadamente, que muitos rapazes, com inclinações homófilas, viam na entrada para o seminário uma carreira com futuro, onde poderiam encontrar companhias das suas preferências, deixando de ter de responder sistematicamente aos pais e amigos que ainda não tinham namorada nem noiva, nem pensavam casar tão cedo. E assim sossegavam também a inquietação das famílias e livravam-se da troça dos camaradas. Por isso, a peregrina questão de saber como resolver o problema das relações homossexuais do clero nada tem a ver com o celibato obrigatório dos padres, porque a quebra da castidade não se processa com o sexo oposto, mas, na generalidade dos casos, com o mesmo sexo. São percentualmente despiciendos os casos de relações heterossexuais do clero: há uns deslizes de abades das aldeias que vivem com uma prima ou uma sobrinha, ou uma empregada, ou uns percalços de padres que frequentam prostitutas, como o cardeal Jean Daniélou, académico, teólogo e bispo titular de Taormina (et pour cause), que morreu subitamente em Paris em casa de uma meretriz, o que provocou um escândalo que a Igreja se apressou a abafar.

Resumindo, eles vão para o seminário e seguem a carreira eclesiástica porque são homossexuais. Não se tornam (salvo excepções) homossexuais lá dentro.

Poderia recordar-se, aqui, a célebre pergunta que o Doutor Salazar, quando foi ministro dos Negócios Estrangeiros (1936-1947) acumulando com a presidência do Conselho de Ministros, fez ao então secretário-geral do Ministério, o embaixador Teixeira de Sampayo, a propósito do elevado número de homossexuais na Carreira Diplomática (nos outros países é idêntico): «Eles são assim porque vieram para cá, ou vieram para cá por serem assim?»

Uma das críticas recorrentes de Frédéric Martel à Igreja é a sua hipocrisia em relação à homossexualidade. Ora as tendências homófilas e as práticas homossexuais existem desde que o mundo é mundo. Encontramo-las nas mais antigas civilizações, incluindo, no presente, os povos a que impropriamente se chama “os primitivos actuais”. A percentagem de indivíduos que praticam actos sexuais com outros do mesmo sexo é elevada. Alfred Kinsey, no célebre estudo que desenvolveu nos Estados Unidos e que depois publicou, o “Relatório Kinsey” (1948) estima que é superior a 10%. Estudos mais recentes apontam uma percentagem maior e a ciência tem demonstrado que sendo os sexos biológicos normalmente diferenciados (as situações de hermafroditismo são raras), a nível mental o ser humano é largamente ambivalente, o que não significa deixar de ter uma tendência preferencial pelo sexo oposto ou pelo mesmo sexo. Assim, mediante as circunstâncias, uma percentagem bastante superior de homens, muito mais de 50% (a experiência demonstra-o), é capaz de manter relações homossexuais, ainda que esporádicas.
Coloca-se então a pergunta: porque razão não legaliza a Igreja a homossexualidade no seu seio? Porque não pode. Poderia suprimir o celibato dos padres, já que este só é obrigatório na Igreja Católica, no seu rito latino. Os padres católicos de rito oriental podem casar-se. Mas tal não resolveria a questão que se encontra sobre a mesa, porque a infracção à castidade é, em geral, de natureza homossexual. E aí há uma linha vermelha na Igreja Católica.

As religiões reveladas, isto é, as religiões do Livro, leia-se, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão, são religiões dependentes de um Livro Sagrado que contém os princípios fundamentais em que cada uma assenta. Esses livros são muito antigos: para o Judaísmo, a Torah, uns milhares de anos. Para o Cristianismo, a Bíblia (que, ainda por cima, inclui o Antigo Testamento), dois mil anos. Para o Islão, o Corão, mil e trezentos anos. Ao longo dos séculos, as sociedades foram evoluindo, a ciência e a técnica desenvolveram-se, as humanidades floresceram. Face a tudo isso, as religiões reveladas foram-se adaptando, tant bien que mal, por vezes com contorcionismos espectaculares. Mas não vale tudo. A Igreja Cristã foi a primeira a cindir-se: Igreja Católica de Roma e Igreja Ortodoxa de Constantinopla, no século XI. Depois, no século XVI, os movimentos contestatários haveriam de constituir as diversas igrejas protestantes, pulverizadas pelo mundo e sem direcção central. A Igreja Ortodoxa ficaria autocéfala por países, ainda que reconhecendo a primazia do patriarca de Constantinopla.

Para garantir a unidade da fé e da disciplina eclesiástica, a Igreja Católica convocou um Concílio Ecuménico, que se realizou em Trento, de 1545 a 1563, respondendo assim aos protestos de Lutero, Calvino e outros, e que ficou conhecido como o concílio da Contra-Reforma. Foi reordenado o Cânone e estabeleceram-se os princípios que desde então têm regido a Igreja, e que só sofreram ténue modificação pelo Concílio Ecuménico do Vaticano II (1962-1965). Foi um aggiornamento, mas pequeno. É que a Igreja Católica já tinha tido dissabores quando no século XVII o Santo Ofício condenou Galileu por afirmar a sua teoria heliocêntrica, isto é, que era a Terra que se movia à volta do Sol. Mais tarde, a Igreja retractou-se, afirmando que sobre a matéria o papa (Urbano VIII) não se pronunciara ex-cathedra, e por isso a doutrina da infalibilidade papal não ficara comprometida.

A questão da homossexualidade é mais complexa para a Igreja do que o reconhecimento da translacção terrestre. Este movimento relevava da ciência. A homossexualidade é matéria de fé e de costumes. E é precisamente neste ponto que se situa a linha vermelha da Igreja. Durante toda a sua existência, a Igreja considerou a homossexualidade (pelo menos a sua prática) um pecado mortal, brandindo para isso o Antigo e o Novo Testamento. Se viesse agora desdizer-se em matéria tão sensível, e apesar de todos os seus contorcionismos, quem continuaria a acreditar na autenticidade dos seus outros mandamentos? Quem não duvidaria de que aquilo que hoje é pecado poderia amanhã ser virtude? É este o problema, gravíssimo, das religiões que exibem um Livro como fonte de verdade. Correm o risco de ficar separadas do mundo se alterarem os seus dogmas; correm o mesmo risco se persistirem em verdades e comportamentos em que ninguém já acredita. Creio que foi este o verdadeiro motivo que levou à resignação de Bento XVI.

Também o Islão se debate com o mesmo problema fundamental. Embora não exista uma igreja muçulmana unificada (já nem sequer há califa), e estando os muçulmanos também divididos, como os cristãos, em ramos principais, sunitas (a maioria) e xiitas, e diversos sub-ramos, mantém-se um elo de ligação, o Corão, que prescreve, no seu conjunto, coisas por vezes contraditórias e outras tão datadas que se tornam inverosímeis. E cuja interpretação fica à responsabilidade de imames iluminados que se recusam a ver para além da palavra escrita, o que neste caso seria até mais fácil, atendendo à disparidade das normas consagradas. Assim, no Islão tem sido tentada uma fuga para a frente, mas através de um retrocesso, que tornará mais difícil o aggiornamento indispensável quando chegar a hora da verdade. Mas será essa actualização possível sem mudar a sociedade? Não será! E conseguirão os muçulmanos provocar uma alteração radical da sociedade para harmonizá-la com o Corão? Não conseguirão!

Quanto à religião judaica o problema coloca-se com menos acuidade, já que o número de judeus no mundo é reduzido e a maioria deles são ateus. De facto, o que os une é a raça e não a religião, acreditam mais no dinheiro do que em Deus, e também não existe propriamente uma Igreja judaica.

Uma questão que tem agitado a Igreja, e a Sociedade, e que tem ligação com o tema do livro é a situação da Família. O Vaticano e as correntes políticas mais conservadoras continuam a defender intransigentemente o papel da Família tradicional, os seus valores, a sua existência como célula fundamental da sociedade humana. Sustentam, assim, a sua imutabilidade e muitas das decisões canónicas apontam nesse sentido. Relações sexuais apenas destinadas à procriação, condenação do aborto, interdição do uso do preservativo, reprovação das práticas homossexuais, etc. Quando eu era jovem, mesmo a masturbação própria, já nem falo da alheia, era considerada um pecado mortal. A Igreja Católica continua a terçar armas em defesa do conceito da Família como ela foi entendida ao longo dos séculos. E, procedendo assim, está evidentemente a ser coerente com a sua doutrina multissecular. Só que o mundo mudou, a Família tradicional foi destruída na sua essência e não voltará a recompor-se a menos que venha a eclodir uma contra-revolução que anule a revolução “feminista” iniciada o século passado. Um grande historiador francês, não me recordo neste momento se Georges Duby ou Jacques Le Goff, afirmou que a grande revolução do século XX não fora a revolução comunista mas a “emancipação da mulher”. Uma verdade de meridiana clareza. O acesso das mulheres a (quase) todas as funções antes exclusivamente desempenhadas por homens, operou o golpe de misericórdia na família organizada segundo o conceito cristão e ocidental. Não sendo esta situação admissivelmente reversível, é este outro dos pontos cruciais para a Igreja, que se empenhou sempre na manutenção desse conceito de família, erigido em exemplo com a Sagrada Família de Nazareth.

Mas regressemos ao livro de Frédéric Martel, já que é esse o objecto deste comentário. Dividido em quatro partes, como se disse acima, a obra inclui 24 capítulos, distribuídos pelos pontificados mas com inevitáveis ligações entre si, o que implica numerosas repetições. Depois, havendo assuntos a que é dispensada a conveniente atenção, outros há em que o autor se compraz em longas e fastidiosas descrições e outros que, podendo ser motivo de uma mais detalhada exposição, são tratados apressadamente.

Refere o autor que investigou durante quatro anos em mais de trinta países e que registou todas as entrevistas (formais) embora grande parte da informação tenha sido obtida off-the-record. Por razões óbvias, nunca conseguiremos avaliar da fiabilidade da informação. Tanto mais que Martel raramente se arrisca a emitir juízos definitivos, apresentando quase sempre uma tese adequada aos seus propósitos a que contrapõe outra afirmação que a infirma. O soar das trombetas do Apocalipse é assim abafado pela ambiguidade de muitas revelações, mas é possível que nesta matéria seja impossível a apresentação de irrefutáveis provas. O que se pode, todavia, constatar é um elevado número de imprecisões, e até de contradições, ao longo do livro, mas não admira que o autor se tenha confundido em obra tão vasta, nem isso retira mérito e interesse ao essencial desta inédita investigação.

Para as pessoas menos precavidas ou mal informadas sobre o assunto, Martel procede a “revelações” sensacionais, o que implicará a adesão do leitor, mas existem trechos de profunda monotonia. E há capítulos do livro em que, para fundamentar as suas afirmações, o autor se empenha de tal forma na descrição dos locais, que ao fazer o outing (restrito) das suas personagens acaba por elaborar um roteiro gay.

Um capítulo extenso, mas curioso, é o nº 6 (Roma Termini), dedicado ao engate de prostitutos na Stazione Termini, a estação central ferroviária de Roma. Lugar bem conhecido, é nas suas imediações que se oferecem os taxy-boys, italianos e, com os fluxos migratórios, das mais diversas nacionalidades. Segundo Martel, é muito frequentada pelo pessoal do Vaticano e foi precisamente aí que Pier Paolo Pasolini conheceu, na noite de 1 de Novembro de 1975, Giuseppe “Pino” Pelosi, o rapaz que horas mais tarde iria assassiná-lo próximo da praia de Óstia, um homicídio sobre o qual subsistem muitas dúvidas.

Um capítulo de escassa informação é o nº 12 (Os guardas suíços), deixando entrever que estes, apesar de algumas vezes assediados, mantêm as suas distâncias com os clérigos, o que contradiz a opinião generalizada de que os guardas suíços, que são escolhidos a dedo, constituem uma das reservas privilegiadas dos prelados da Santa Sé.

Obviamente que não vou referir aqui os nomes dos visados no livro. Quem tiver interesse que leia a prosa de quase 700 páginas. Advirto, todavia, que o assunto poderia ser apresentado em muito menos páginas, bastava uma melhor organização dos dados compilados pelo autor. Também se pode tratar de uma técnica para editar um volume mais gordo, mas em qualquer caso o método de exposição não é famoso. Contudo, o livro está polvilhado de diversas citações cultas e referências literárias e artísticas, o que demonstra que o autor tem as suas leituras.

Nesta obra, Frédéric Martel nunca faz afirmações peremptórias sobre a homossexualidade dos últimos papas, mas sempre correram boatos sobre João XXIII e Paulo VI, para só falar dos mortos.

Acerca de João XXIII, tenho uma pequena história. Estando em Abril de 1969 (há precisamente 50 anos) a passar uns dias de férias em Paris, em casa do pintor Manuel Cargaleiro, que habitava então na Rue des Grands-Augustins, em pleno Quartier-Latin, ofereceu uma noite o meu anfitrião um jantar em que, além dos escultores Lagoa Henriques e Carlos Amado que viajavam comigo, estavam presentes algumas pessoas francesas das suas relações. Não sei a que propósito, veio à colação o nome de João XXIII. Então, um dos convivas, creio que alguém ligado aos meios oficiais (policiais ou outros, mas a esta distância já não me recordo) afirmou o que passo a descrever. Angelo Giuseppe Roncalli (mais tarde João XXIII) fora Núncio Apostólico em Paris de 1944 a 1953, depois de ter exercido funções diplomáticas como Delegado Apostólico na Bulgária, na Turquia e na Grécia. As suas “amizades particulares” eram bem conhecidas na capital francesa. Roncalli, ainda que razoavelmente comedido, não só recebia rapazes na Nunciatura Apostólica como os encontrava na rua (o que era perfeitamente fácil e normal na Paris desses tempos). Por esse motivo, e para evitar algum eventual dissabor ao representante do Papa, fora decidido, a alto nível, que um polícia à paisana seguisse discretamente o Núncio nas suas deambulações solitárias pelas ruas de Paris. Aconteceu que, em 1953, Roncalli foi elevado ao cardinalato e nomeado Patriarca de Veneza. E, em Outubro de 1958, eleito Papa, tendo assumido o nome de João XXIII. Também em Junho de 1958 o general De Gaulle fora designado presidente do Conselho de Ministros de França (o último da IV República) e, em Janeiro de 1959, assumiria a presidência da República Francesa. Tendo conhecimento do dossier que existia nos arquivos policiais, De Gaulle, após a eleição papal de João XXIII, ordenou que fossem destruídos todos os documentos relativos às actividades “extra-canónicas” do Núncio Apostólico.




Sobre Paulo VI, Frédéric Martel tece algumas considerações, mas certamente ignora o livro cuja capa reproduzo, Verbum Dei et Verbum Gay (1999), de Massimo Lacchei (parece que há uma edição mais recente), que não comentarei mas donde transcrevo uma pequena passagem: «Paolo VI, al secolo Montini Giovanni Battista, visse una straordinaria storia d’amore com uno uomo altrettanto valido e ricco di dotti artistiche che risponde al nome di Paolo Carlini, di venticinque anni più giovanne, che esordi a diciotto anni nel cinema e che fu protetto dall’allora Cardinale fino al 1963, quando Montini successe a Giovanni XXIII sul trono papale. Paolo Carlini allora fu liquidato dai messi del Papa che gli recapitarono due lussuosissimi smeraldi e una lettera di congedo, com la diffida a rivolgersi ulteriormente al santo padre. Carlini non si arrese e tentò di arrivare a Montini ma ricevette un avvertimento che non potè ignorare : fu investito da un’autovettura che tentò volontariamente di travolgero, ne uscì salvo e compresse che contro il “Verbum Dei” nulla poteve opporre. Morì esattamente un anno dopo il suo ex-amante, accompagnato da molti meno fasti di Giovanni Battista, che ha rappresentato per quindici anni la chiesa dei poveri in danari e dei poveri di spirito. In verità il papa non se arrese, nonostante la carica che ricopriva: ribelle com’era per natura e oppresso dagli obblighi sempre più contrari alla sua formazione culturale, si rifugiava spesso in amicizie particolari comme quella com il Renzo televisivo dei promessi Sposi…» (sic).

Frédéric Martel é um activista gay. E não é possível abstrair dessa condição lendo este livro. Ele mesmo afirma que não o poderia ter escrito se não fosse homossexual. Ao longo do texto, por entre suposições e certezas, Martel promove uma agenda gay que gostaria de ver implantada na Igreja Católica, porque o que parece incomodá-lo não é a homossexualidade dos clérigos mas sim a sua homofobia. Aliás, repete-o inúmeras vezes: os prelados são tanto mais homófobos quanto mais homófilos são.

É certo que esta investigação sobre a homossexualidade na Santa Sé é meritória, mas convinha igualmente analisar outras facetas menos curiais da Cúria, como a sua actividade no narcotráfico e na lavagem de dinheiro, assuntos que só muito superficialmente são abordados.

Refere o autor, embora de passagem, que João Paulo II teria recebido milhões de dólares dos Estados Unidos através do arcebispo americano Paul Marcinkus, também ele homossexual (o núcleo duro de João Paulo II era quase exclusivamente homossexual), e que foi presidente do Banco do Vaticano, guarda-costas do Papa e supostamente envolvido no assassinato de João Paulo I. Esse dinheiro voou para a Polónia com o fim de apoiar o sindicato Solidarinosc, dirigido pelo infame Lech Walesa e provocar a queda do regime comunista de Varsóvia. E mais tarde a queda do Muro de Berlim e o desintegração da União Soviética. Devido a graves suspeitas que sobre ele recaíam, nomeadamente o caso do Banco Ambrosiano e o corpo de um banqueiro que apareceu “suicidado” em Londres, foi emitido um mandado de captura internacional contra Marcinkus, que permaneceu encerrado na extra-territorialidade do Vaticano. João Paulo II tinha até a intenção de fazê-lo cardeal e o seu nome só foi apagado da lista de novos cardeais porque o consistório convocado para o efeito apenas teve lugar alguns dias depois da emissão do mandado de captura e evitou-se assim essa vergonha para a Igreja. Foi também João Paulo II (ferozmente anti-comunista) que de acordo com os Estados Unidos e a Alemanha promoveu a dissolução da Jugoslávia, fomentando uma guerra entre católicos, ortodoxos e muçulmanos. Infelizmente, Putin ainda não estava no Poder. Importa não esquecer que a Santa Sé foi com a Alemanha um dos primeiros estados a reconhecer a independência das repúblicas da Croácia e da Eslovénia (católicas). Assim acabou o Mundo Bipolar e foi aberto caminho às aventuras do Afeganistão e do Iraque, e seguintes, até à decisão inflexível da Rússia de se opor à entrega da Síria ao bando celerado que promoveu as “primaveras árabes”. Além disso, deve-se-lhe a maior campanha de sempre contra a utilização do preservativo, numa altura que a sida ceifava a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Um crime inominável. Hoje, beatificado por Bento XVI e canonizado por Francisco, a sua imagem figura sobre peanhas, mas o sangue que lhe escorre pelas mãos macula as toalhas dos altares.

A questão homossexual tornou-se de tal forma obsessiva para João Paulo II, e depois para Bento XVI, que após as polémicas sobre o preservativo, a contracepção e o aborto, a hipótese das uniões civis do mesmo sexo aterrorizou-os e quando se encarou o casamento civil o Vaticano entrou mesmo em pânico e os papas deram ordens para se exercerem pressões junto dos governos dos países ditos mais católicos a fim de evitar a legalização de tais “abominações”. Foi a época em que alguns episcopados promoveram, juntamente com as forças mais conservadoras da sociedade, manifestações públicas de grande envergadura, que tiveram a encabeçá-las em Espanha, o cardeal Rouco Varela, Arcebispo de Madrid, e em França, o cardeal Philippe Barbarin, Arcebispo de Lyon e Primaz das Gálias, agora a ser julgado pela justiça francesa por causa do encobrimento do padre Preynet, acusado de abuso sexual de menores. Deram então muito que falar as chamadas “manif pour tous”.

O autor reserva algumas páginas a Portugal e refere o episódio do afastamento do antigo bispo auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo. O caso foi muito falado à época (2013), devido a uma reportagem da revista “Visão”, em que um sacerdote denunciara D. Carlos Azevedo por assédio sexual nos anos oitenta, quando o padre era ainda seminarista. O bispo exercera funções de auxiliar do Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, entre 2005 e 2011, sendo depois, surpreendentemente, chamado a Roma para desempenhar o cargo de Delegado do Conselho Pontifício para a Cultura. Homem de grande sensibilidade e de grande erudição, estava indigitado in petto, pelo Papa Bento XVI, para suceder ao Cardeal Policarpo como Patriarca de Lisboa, quando este resignasse por motivo de idade. Não se duvida que D. Carlos Azevedo emprestaria à Sé de Lisboa o brilho dos tempos do Cardeal Cerejeira, que foi um dos prelados mais cultos do Portugal contemporâneo. Mas a delação do referido sacerdote, que já não era menor na altura dos pretensos factos, que D. Carlos persiste em negar, impediu a concretização do desígnio papal e travou a carreira do bispo. Parece que o sacerdote o terá denunciado, já decorridos mais de vinte anos sobre o eventual assédio, exactamente para evitar a ascensão de D. Carlos à púrpura. Após a renúncia do Cardeal Policarpo, o Papa Francisco nomeou para suceder-lhe (2013) o bispo do Porto, D. Manuel Clemente mas, quebrando uma tradição existente desde D. João V, não o criou cardeal no primeiro Consistório a seguir à sua designação (2014), mas apenas no segundo Consistório (2015), o que poderá ser traduzido como um incómodo da Santa Sé por ter sido obrigada a colocar em Lisboa um prelado medíocre em lugar do homem brilhante que as circunstâncias impediram de nomear.

Consagra também o autor um curioso capítulo dedicado à amizade do Papa Bento XVI com monsenhor Georg Gänswein, seu secretário particular desde há muitos anos e considerado um dos mais belos sacerdotes do Vaticano. Antes de resignar, em 2013, Bento XVI nomeou-o arcebispo (tendo sido sagrado pelo próprio Papa na Basílica de São Pedro) e Prefeito da Casa Pontifícia (2012). Depois da resignação papal, o novo Papa Francisco conservou-o naquelas funções, que acumula com as de secretário particular do Papa Emérito. Frédéric Martel debruça-se minuciosamente sobre a preocupação de Bento XVI com as suas roupas eclesiásticas e adereços, com a harmonia do conjunto do seu vestuário, com aquilo que considera a faceta efeminada do Papa, e com a protecção que sempre dispensou a Gänswein, mesmo quando se avolumaram no mundo os rumores de que entre ambos existiria uma relação íntima mais do que uma simples amizade, já que o prelado, então ainda muito jovem quando entrou no Vaticano pela mão de Ratzinger, causara a maior perturbação nos cardeais homófilos da Cúria, e também no pessoal do sexo feminino. Considera, todavia, o autor, que não existirá uma relação homossexual entre ambos (Martel é sempre muito prudente nas suas afirmações, especialmente quando se trata de aludir a pessoas vivas, a fim de não cair sob a alçada da justiça) mas apenas uma relação homófila sublimada por parte de Bento XVI, que considera, e é verdade, um papa de grande cultura e espiritualidade, um apaixonado da música, ainda que demasiado requintado e muito sensível aos luxos terrenos e às mundanidades eclesiais. Já de Gänswein, o autor não se coíbe de considerar que ele terá tido as suas aventuras no mundo gay. Este capítulo é um dos mais bem escritos do livro, que ao longo das suas incontáveis páginas é manifestamente irregular no estilo e na qualidade das descrições.
Deve acrescentar-se ainda que o rigor da Igreja não se fez sentir apenas na questão homossexual, mas também na ortodoxia rígida da doutrina, defendida por Paulo VI, levada a extremos pelo inefável João Paulo II e que Bento XVI incarnou a níveis inacreditáveis. Durante trinta anos, e sob um amável sorriso, Josef Ratzinger, enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, foi o grande inquisidor que criou um deserto ideológico à sua volta. Cito da página 573: «Ratzinger foi responsável pelo aniquilamento da liberdade de pensamento na Igreja e pelo empobrecimento impressionante do pensamento teológico católico nestes últimos quarenta anos – resume frei Bento Domingues. Este teólogo dominicano respeitado que interrogo em Lisboa é livre na sua palavra porque, aos oitenta e quatro anos, já se não deixa impressionar pelos autoritarismos. Acrescenta furioso: - Ratzinger foi de uma crueldade inimaginável com os seus opositores. Instaurou inclusive um processo canónico a um teólogo quando sabia que ele estava condenado por cancro.» Também, ao longo do livro, é evidenciado o combate persistente do Vaticano à “teologia da libertação” e a tudo o que se lhe assemelhe.

Quanto ao Papa Francisco, Martel, apesar de apreciar a sua vontade de operar uma “limpeza” na Igreja, não deixa de o criticar pela sua personalidade. «Apanhado pela armadilha da democratização, Francisco decide mostrar à sua oposição que é um monarca absoluto numa teocracia cesarista! – Francisco é rancoroso. É vingativo. É autoritário. É um jesuíta: nunca quer perder! – Resume um núncio que lhe é hostil.» (p. 125)

Importa concluir este post que, apesar de não pretender aludir a todos os aspectos do livro mas apenas discorrer sobre a matéria, acabou por ficar muito mais longo do que o inicialmente previsto. Confinei-me a uma crítica genérica da obra, tendo apenas referido um ou outro aspecto particular e introduzido dois episódios do meu conhecimento pessoal.

Correndo o risco de me repetir, até porque este texto não foi escrito continuadamente mas redigido durante vários dias, considero No Armário do Vaticano um livro com interesse, embora demasiado extenso para o fim a que se propõe. Não fornece a obra revelações propriamente sensacionais, já que a homossexualidade na Igreja é bem conhecida por todos os que tiveram ou têm com ela uma relação próxima, ou nem tanto. O que pode ter um carácter de novidade é a indicação explícita umas vezes, ambígua outra, dos nomes de tantos papas, cardeais, bispos e padres que são homossexuais (ainda que alguns não praticantes) no seio da Santa Sé (que o autor, por uma bizarria, entende escrever santa sé, com iniciais minúsculas). E também a forma como na prática, se desenvolve a actividade homossexual no Vaticano, e como ela favorece promoções e despedimentos, como eladearante o êxito ou o fracasso de uma carreira eclesiástica. Aliás, acontece o mesmo em outras organizações que nada têm a ver com qualquer religião. O que, principalmente, escandaliza Frédéric Martel é a hipocrisia demonstrada pela Igreja Católica em relação aos gays, sistematicamente condenados por ela, enquanto no seu seio são permitidas e encobertas as actividades homossexuais dos seus membros.

O livro está recheado de “bisbilhotices”, que certamente serão do agrado de muitos leitores, e contém inegavelmente alguns exageros e fantasias, mas sendo o seu autor assumidamente gay seria de estranhar a exclusão desses atractivos que amenizam a leitura de tão vasta obra, ainda que a tradução se afigure particularmente feliz. Martel não é, como Roger Peyrefitte, um especialista dos cerimoniais eclesiásticos e da orgânica da Cúria, mas ainda assim cumpre o essencial, não se notando significativos desvios da nomenclatura pontifícia. Confesso que ao iniciar a leitura do livro receei o pior. Noto, porém, ao concluí-la, que as minhas apreensões se desvaneceram. Não pode deixar de referir-se uma quase total ausência de datas, o que dificulta o enquadramento de muitos factos e a sua articulação entre si. Também a inexistência de um índice onomástico, numa obra desta envergadura, é uma flagrante lacuna, mas convenhamos que a pressa de publicar o livro a tempo da Cimeira dos Bispos sobre os abusos sexuais terá, eventualmente, dificultado este desideratum, se é que alguma vez existiu.

Ignoro, obviamente, se as afirmações ou insinuações de Frédéric Martel são todas correctas, verdadeiras, ou se terá generalizado algumas hipóteses para demonstrar a veracidade de uma tese. Mas não posso deixar de me interrogar como terá sido possível ao autor entrevistar tanta gente, durante quatro anos, a começar por alguns dos mais eminentes cardeais da Igreja, apresentando-se pessoalmente com a finalidade de inquiri-los, ainda que usando de alguma dissimulação, sobre a vexata quaestio por excelência da Veneranda Instituição, com a finalidade de publicar um livro. É que, por muito discreto que tenha sido, e não foi, tendo a Santa Madre Igreja uma rede universal de informações, mesmo que alguns prelados não alcançassem de imediato o objectivo do autor, haveria um alarme social e os sinos tocariam a rebate proclamando as intenções de um activista gay empenhado em atacar no âmago os costumes do Clero. Tal rumor poria imediatamente de sobreaviso todos os eventuais interlocutores de Frédéric Martel nos seus contactos futuros.

A menos que exista outra explicação, que os exegetas mais apressados classificarão imediatamente de teoria da conspiração. Consistiria ela no facto de este livro ter sido expressamente encomendado pela Santa Sé, maxime pelo Papa Francisco, num admirável exercício de estratégia, e de táctica, que ofereceria a este Papa a ocasião de se desembaraçar de colaboradores inoportunos, de se alcandorar ao lugar de guardião da Fé, e de amortecer o choque provocado pelas sucessivas e incessantes denúncias de assédios e abusos sexuais de clérigos, alguns mesmo exercidos sobre menores, apesar de se saber que a maioridade sexual não pode ser decretada pelo bilhete de identidade.

Só o futuro permitirá avaliar da bondade de tal tese, sendo que a sabedoria milenar da Igreja poderá convocar o próprio Diabo (se ele existe, como pareceu admitir Francisco na Cimeira do Vaticano sobre abusos sexuais) já que as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Et portæ inferi non prævalebunt adversus eam.



3 comentários:

Zephyrus disse...

Nas aldeias da provincia era comum entre muitas familias orientarem as criancas e os adolescentes para a Igreja quando se suspeitava de algo diferente. Normalmente eram as maes, tias e avos que faziam isso. Comecava com a catequese, o serem acolitos, mais tarde o seminario. Manhosos, muitos aceitavam pois era um excelente pretexto para justificar a ausencia de interesse pelo sexo oposto. Conheci um ou outro caso deste tipo.

Em varias culturas os sacerdotes ou xamas sao normalmente aquilo que se chama de homossexual ou bissexual no Ocidente. Ver ainda o que disse Aleister Crowley ou os misterios dos Templarios e de Francis Bacon...

A condenacao no Ocidente tem as suas raizes na federacao de tribos que deram origem ao judaismo. Na Mesopotamia a homossexualidade era muito comum e aceite como provam os textos presentes nas barras de argila. As tribos que tinham rejeitado a sedentarizacao consideravam estes costumes corruptos. Sera Sao Paulo, que era um judeu grego ortodoxo, que introduz algumas ideias do judaismo no Cristianismo. Importa no entanto notar que no judaismo e no islamismo nao ha a condenacao do acto sexual que encontramos no Cristianismo. Alias, sabemos que durante muitos seculos houve uma enorme cultura homossexual no mundo muculmano.

Zephyrus disse...

Mais um facto para pensar. Ao longo de dezenas de milhar de anos so uma minoria dos homens passou os seus genes. Poderemos entao concluir que as tribos durante um longo periodo da Historia tiveram verdadeiros machos alfa cuja funcao era procriar. Uma grande percentagem de homens ficava excluida desta funcao, e provavelmente eram enviados para a guerra onde a probabilidade de morrerem era elevada, ou assumiriam funcoes religiosas (curandeiros, xamas).

Anónimo disse...

Lamentavelmente o erudito bloguista gosta de salpicar os seus textos com considerações desnecessárias ao tratamento do tema em estudo,e por vezes mesmo aberrantes. É o caso. Mas entrando no "jogo" dos comentários,julgo dever marcar duas posições de principio,para esclarecimento de base.
1 - A frase de ironia anti-semitica quanto às supostas relações dos judeus com Deus e com o dinheiro é dispensável,alem de inverificável e evidentemente insultuosa. E o anti-.semitismo não é só condenável. É repelente.
2 - Apesar das advertências do Steiner sobre a incapacidade do Humanismo ser barreira contra a barbárie,continuo a ter dificuldade em aceitar a convivência da Cultura,ou mesmo só da erudição com agendas de totalitarismo e opressão,como as que caracterizaram os regimes da esfera soviética,que em boa hora tombaram de carcomidos e corruptos. Ora mais uma vez o bloguista vem lamentar o "fim do mundo bipolar",ou seja a queda do muro,de acordo com o seu idealizado Putin,que a considerou a "maior catástrofe do século XX". Para os interesses russos,provavelmente(mas não certamente). Não para quem considere a liberdade como bem supremo,e a veja tambem como indispensavel enquadramento para a vivência cultural.
Esclarecidas estas posições do comentador,manifesto a minha concordância com a maioria das apreciações do erudito bloguista sobre a tremenda questão das relações entre a homossexualidade e a Igreja católica. E tremenda porque põe a nu a profunda e extensa hipocrisia dos seus responsãveis,que pregam as virtudes da castidade e da "pureza" para os fieis incautos,para depois as enxovalharem na sua vida pessoal. O livro vem de facto trazer pormenores e confirmações de rumores todos assustadores. O resumo e o comentário do post estão geralmente certeiros. Nesse aspecto,parabens!