terça-feira, 2 de agosto de 2016

A NOVA MESQUITA DE LISBOA



Projecto da mesquita da Mouraria

Confesso que não estou preocupado com a construção de uma nova mesquita em Lisboa, no caso concreto, a ser edificada na Mouraria. Para além da intervenção no espaço urbano (isso sim, preocupa-me, basta ver as obras que decorrem por toda a cidade), matéria que não vi discutida, o que tem motivado debate público e aceradas críticas é o facto de se construir uma mesquita no local.

Como é sabido, existe uma mesquita (central) em Lisboa, nas proximidades da Praça de Espanha, cujo nível de frequência actualmente desconheço. A ideia da construção de uma nova mesquita na Mouraria deveu-se ao facto de existir uma numerosa comunidade muçulmana na zona, servida por um templo exíguo para os fiéis, o que levava a que fossem utilizados para as orações outros espaços inapropriados.

Tem-se associado recentemente a prática de actos terroristas à existência de mesquitas, o que me parece injustificado. Os autores de tais actos não frequentavam habitualmente mesquitas, pelo menos a maioria, e a radicalização dos indivíduos, a verificar-se, terá mais a ver com os pregadores do que propriamente com os locais de culto. Assim, o que importa assegurar é a idoneidade de quem realiza as prédicas semanais. A mesquita central de Lisboa foi inaugurada em 1985 e não consta que o seu imam, desde há muitos anos o sheikh David Munir, tenha incitado alguém à prática de actos terroristas.

Aliás, é sobejamente conhecido que o grande financiador de mesquitas por esse mundo é a Arábia Saudita, que exporta também pregadores encarregados de difundir a "ideologia" wahhabita, credo oficial do reino. E isso nunca impediu de serem os Estados Unidos o país protector dos sauditas e do presidente francês François Hollande ser um grande amigo de sauditas, qataris, etc. Ainda há muito pouco tempo, Hollande condecorou com a Legião de Honra o ministro do Interior saudita e herdeiro do trono, o príncipe Mohammed ben Nayef. Quando os negócios se sobrepõem aos valores, os resultados acabam por se revelar nefastos.

Suponho, assm, que é mais conveniente, sob todos os pontos de vista, que os muçulmanos da Mouraria possam rezar num templo adequado, de preferência a terem de fazê-lo em casas particulares ou até na rua.

Como tenho escrito várias vezes, o terrorismo dito islâmico tem mais a ver com a islamização de radicais do que com a radicalização do islão. E contra as acções dos radicais que a sociedade segrega não há ausência de mesquitas que nos salve. 


3 comentários:

Anónimo disse...

Mesquitas há de sobra em França e Bélgica , em Portugal não são necessárias mais, estão a um salto de Marrocos, ou vamos importar os problemas ja existentes nos Países atrás mencionados ? ate andam de burca e véu nos centros
comerciais, chega ,se formos aos países árabes somos obrigados as leis deles,
em Portugal temos de nos cingir aos direitos que eles nos querem impor?
não Obrigado !

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Para o Anónimo das 13:29

Não estou a ver os muçulmanos da Mouraria deslocarem-se facilmente, às sextas-feiras, para irem rezar a França, Bélgica ou Marrocos.

A existência de mesquitas nada tem a ver com burkas ou véus. A maioria das mulheres muçulmanas não usa burka, nem sequer niqab ou hijab.Anda de cabelo ao ar.

Não sei quais são as leis dos países árabes que os europeus têm de respeitar que sejam diferentes das europeias. Excluo evidentemente a Arábia Saudita e os países do Golfo.

Anónimo disse...

Mui pior são Mesquitas clandestinas de vão de escada ....

Experiência já feita na estranja.