domingo, 7 de abril de 2013

NOVOS CONFRONTOS NO EGIPTO


 


Verificaram-se hoje novos confrontos no Cairo, entre cristãos e fundamentalistas islâmicos, junto à catedral copta de S. Marcos, na zona de Abbassiya, aquando do funeral de quatro coptas mortos nos incidentes da passada sexta-feira, em Al-Khusus, a norte da capital. Dos incidentes de hoje resultaram pelo menos um morto e mais de 20 feridos. A polícia interveio com gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

O papa copta Tawadros II apelou à calma e o presidente Mohamed Morsi declarou que qualquer ataque à catedral era como "um ataque a ele mesmo". No entanto, desde a queda do anterior regime que aumentou exponencialmente a violência contra os coptas, que representam entre 10 a 15% da população egípcia. As relações entre as duas comunidades foram geralmente pacíficas nos últimos séculos, mas com a tomada do poder pelos Irmãos Muçulmanos e pelos extremistas do partido Al-Nur, os elementos fundamentalistas têm-se empenhado em provocar confrontos, na prossecução da política djihadista de regressar às "origens da religião muçulmana e à estrita interpretação do Corão" e, eventualmente, de restabelecer o Califado.




O Egipto, com a desagregação que se seguiu à demissão, julgamento e prisão do presidente Mubarak e, depois, à eleição de Morsi para a presidência da República, encontra-se numa situação caótica e à beira da bancarrota, tanto mais que o turismo, uma das fontes de receita do país, está praticamente extinto.

O novo presidente tem-se mostrado incapaz de governar eficazmente a nação, não só porque não quer desagradar à sua própria organização, a Irmandade Muçulmana, como não alcançou ainda os empréstimos internacionais, indispensáveis para a sobrevivência de uma economia  à beira da catástrofe e cuja concessão depende da aplicação de medidas que mergulhariam indubitavelmente o país em aberta guerra civil, como o corte da concessão de subsídios aos géneros alimentícios de que depende a vida de uma larguíssima fatia dos 80 milhões de habitantes.

São cada vez mais frequentes as interpretações de personalidades de várias nacionalidades, e de que a net e alguma imprensa se faz eco, de que a "primavera árabe" foi concebida nas chancelarias ocidentais para uma recolonização do mundo árabe, após terem obtido a destruição das instituições desses países que, embora mal, ainda funcionavam. O caso da Líbia, especialmente protagonizado por Sarkozy e pelo seu fiel acólito, o pseudo-filósofo Bernard-Henri Levy e o caso da Síria são, a esse propósito, emblemáticos. Demonstrada assim a impossibilidade dos países em questão poderem viver em democracia, só restaria o recurso a novas ditaduras, mas desta vez mais dóceis aos interesses ocidentais.

Os incidentes prosseguem no momento em que escrevemos este post.


1 comentário:

Anónimo disse...

Uma desgraça, eventualmente previsível.