segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A MACHADADA FINAL



Em declarações ao jornal "i", Bagão Félix, antigo ministro (da área do CDS-PP) e conselheiro de Estado afirma que "foi dada «a machadada final» no regime previdencial", em consequência das medidas anunciadas por Passos Coelho na passada sexta-feira.

Dada a importância destas declarações, que se somam a muitas outras no mesmo sentido, proferidas por políticos relevantes da esfera dos partidos do Governo, transcrevemos a notícia:


O antigo governante Bagão Félix considera que, com a decisão do Executivo de promover o aumento da contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social, quando há uma redução dos benefícios existentes, foi dada "a machadada final" no regime previdencial.

"Acho que se deu a machadada final no regime previdencial. Não estou a dizer na Segurança Social, estou a dizer no regime previdencial, que é aquele em que há uma relação direta entre o esforço que os trabalhadores fazem e os benefícios que têm", afirmou hoje à agência Lusa o conselheiro de Estado, apontando o caso das pensões e dos subsídios de desemprego e doença, que têm vindo a ser reduzidos.

"E porquê? Porque os benefícios decrescem, mas há um aumento de sete pontos percentuais no desconto do trabalhador", justificou.

Na sua opinião, o desconto feito pelos trabalhadores para a Segurança Social, "no fundo, não é uma taxa. É um verdadeiro imposto. Deixou de ser uma contribuição [para um seguro] social para ser um imposto único".

Quanto à descida dos encargos das empresas para a Segurança Social, o antigo ministro das Finanças e da Solidariedade Social realçou que a mesma "já estava prevista no memorando de entendimento com a 'troika'", mas entende que a diminuição de 23,75 por cento para 18 por cento "não vai trazer grandes benefícios ao nível da geração de emprego" em Portugal.

"Não é por causa desta diminuição que vai haver um aumento de contratações. O que vai acontecer é que estas medidas, que diminuem o rendimento disponível das famílias, vão diminuir o consumo e, diminuindo o consumo, provavelmente é atacada a saúde das empresas e o desemprego tenderá a subir", concluiu.
Passos Coelho anunciou na sexta-feira um aumento de 11 para 18 por cento da contribuição para a Segurança Social dos trabalhadores dos setores público e privado e a redução de 23,75 para 18 por cento da contribuição das empresas.

Com as novas medidas de austeridade os funcionários públicos continuam a perder o equivalente ao subsídio de natal e de férias, cuja suspensão tinha sido considerada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional.

Para os funcionários do setor privado, o aumento da comparticipação para a Segurança Social equivalerá à perda de um salário por ano. Os pensionistas continuaram sem subsídios de natal e férias.

O primeiro-ministro falava numa declaração ao país a partir da residência oficial em São Bento, numa altura em que a quinta avaliação pela 'troika' do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) se encontra perto do fim.

*Este artigo foi escrito ao  abrigo do novo acordo ortográfico

2 comentários:

Anónimo disse...

Tudo uma perfeita falácia. Alexandre Relvas, empresário e ex-dirigente do PSD, afirma em entrevista à Rádio Renascença - uma verdade à La Palisse - que o experimentalismo social a mando da troika é condenável e inaceitável. Mais,a decisão da redução da TSU para as empresas e o aumento para os trabalhadores não terá qualquer impacto estrutural nem sobre o emprego nem sobre as exportações.Só um profundo desconhecimento da realidade empresarial levaria a estas medidas. E ele sabe do que fala, pois é empresário.
Inacreditável!
Marquis

Anónimo disse...

Para Bagão Félix dizer o que disse é porque as coisas estão muito mal. Bagão Félix é um homem da direita, cristão, mas já tem alguma idade, que os rapazolas deste governo não têm.

Por isso deve estar preocupado com a situação que se avizinha. Este governo é de uma impreparação e de um auto-convencimento que provocam susto. Aguarda-se uma declaração de Paulo Portas.