domingo, 1 de novembro de 2009

MARCELO DULCAMARA

Perfila-se no horizonte a hipótese de Marcelo Rebelo de Sousa, dito "o professor", voltar a ocupar a presidência do PSD. Considera-se Marcelo, e consideram-no alguns, um homem extraordinariamente importante, mestre insigne de Direito, preclaro comentador político, notável analista da situação nacional e internacional, tendo chegado mesmo a arrogar-se dar notas às prestações dos portugueses que, nos diversos quadrantes, melhor ou pior, intervêm na vida pública.


Sobre qualquer matéria, as mais diversas, Marcelo tem uma opinião, e por vezes também a contrária, consoantes as semanas e os dias. É omnisciente, quase omnipresente e gostaria de ser, mas não é, omnipotente. Já foi presidente do partido e, presume-se, gostaria de regressar ao lugar, através de uma "vaga de fundo", que não sei bem se já surgiu ou não. Esquece-se, contudo, da velha máxima de que não se deve ocupar duas vezes o mesmo lugar. Aliás, que me lembre, nada ele provou a bem dos portugueses que justifique esta ora negada ora afirmada ambição. Ignoro, é claro, quais os cálculos políticos que se possam ocultar por detrás de tão súbita disponibilidade, ou sacrifício, para reocupar um posto tão invejado por alguns e tão repelido por outros.

É minha convicção, embora possa estar errado, que Marcelo nunca diz aquilo que realmente pensa, se é que pensa realmente alguma coisa , mas só aquilo que pessoalmente lhe convém, ou que, no momento, pensa que lhe convém. Por isso, há tempos, em comentário a um post do blogue "Portual dos Pequeninos" o comparei ao enciclopédico Doutor Dulcamara, o consagrado charlatão da ópera L'Elisir d'Amore de Donizetti, propagandista do célebre elixir para tudo e a qualquer preço.

Porque a famosa cavatina "Udite, udite, o rustici" desta ópera é uma notável peça do belcanto, aqui se deixa a mesma, na interpretação de Simón Orfila, no Gran Teatro del Liceo, de Barcelona, em 20 de Abril de 2004.




1 comentário:

Anónimo disse...

Pois,pois,mas os outros? Que se saiba,só Passos Coelho se apresentou como candidato,e para esse, desafio o autor do blog a encontrar personagem operática que lhe corresponda,a não ser alguns figurantes simpáticos e mudos que aparecem frequentemente "para compor" o palco.Se analisar bem,verá que toda a política,em todos os regimes,está cheia de Dulcamaras,uns mais histriónicos do que outros. Aliás,o próprio até acabou por simpàticamente contribuir para a felicidade de Adina e Nemorino.
O PSD actual não se distingue por dispor de linhas programáticas claras,alem das talvez justificadas poupanças nos gastos propostas por Ferreira Leite. Aguardemos que os candidatos se definam. E se só aparecerem estes dois,sempre preferiria o intelectual Marcelo ao plástico Passos.