quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CLAUDE LÉVI-STRAUSS


Claude Lévi-Strauss, antropólogo e etnólogo famoso, nascido em Bruxelas em 28 de Novembro de 1908, morreu na madrugada de sábado para domingo, segundo comunicado da École des Hautes Études en Sciences Sociales, com 100 anos de idade.

Autor de uma obra notável, de que se destaca Tristes Trópicos, professor do Collège de France e membro da Academia Francesa, Lévi-Strauss disse numa entrevista em 2005: " Estamos num mundo a que já não pertenço. Aquele que conheci, aquele de que gostei, tinha 1500 milhões de habitantes. O mundo actual tem seis mil milhões de humanos. Já não é o meu".

Esta afirmação encerra todo um pensamento. Não é apenas a questão da quantidade, é especialmente o resto. Como eu o compreendo, como tantos de nós o compreendemos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando estava no liceu,li uma tradução de um fragmento de um texto de um escriba egípcio aí de uns 2000 anos antes de Cristo,com extraordinários queixumes sobre o seu tempo em comparação com o antigo,e sobre os males infinitos que se avizinhavam depois de qualquer mudança de Faraó,ou de invasão de Hititas. A partir daí,sempre vi com reservas os lamentos sobre as decadências do "nosso tempo",reservas consolidadas com alguma formação histórica de uma velha Faculdade não tão má como isso,geradora de um útil relativismo e cepticismo,avesso às certezas inabaláveis dos radicais de várias cores. Claro que é estèticamente impressionante a frase tão citada de Talleyrand "Celui qui n'a pas vécu pendant les vingt ans qui ont précédé la Revolution n'a pas connu la douceur de vivre". Claro,mas a História não é linear,e é difícil não concordar que a maioria da população mundial vive hoje melhor do que no tempo do Talleyrand,e que os progressos da medicina,da distribuição mundial de alimentos,a condenação em vez da exaltação das soluções guerreiras,a universalização das comunicações e informações,têm contribuido para um maior bem-estar geral. Mas o Lévi-Strauss,tambem tem razão quanto ao excesso de população mundial,que põe em causa muito do progresso possivel. Felizmente os últimos dados demográficos,que ele já não terá conhecido(veja-se o último número do Economist)já vão sendo positivos.
Numa perspectiva de Talleyrand,claro que uma cidade como Lisboa era aparentemente mais agradável de viver nos anos 50 e até 60 do que hoje,menos carros,mais jardins e limpeza,mais "douceur de vivre". Mas para quem,e para quantos? Se saísse das Avenidas Novas ou da Lapa,o que via? Como se vivia nos bairros? As "confusões" políticas,sociais,educativas,culturais,são talvez um preço inevitável a pagar para um acesso mais geral a melhores condições de vida. A vida é em geral injusta e os homens imperfeitos,e temos de viver com isso,tentando melhorar aqui e ali. E as "soluções" radicais só têm conduzido a desastres radicais. Pois é.