terça-feira, 5 de maio de 2009

SEXUALIDADE

No livro La sexualité des gens heureux, acabado de publicar, Pascal de Sutter mostra que a tão falada emancipação sexual está longe de se converter numa realidade, que a sociedade é muito mais conservadora nos costumes do que proclama e que a juntar-se ao tradicional puritanismo da direita surge agora, surpreendentemente, um neopuritanismo de esquerda.

Transcreve-se um parágrafo da obra, para elucidação do leitor:

Si le discours sur la sexualité a considérablement évolué en cinquante ans, les moeurs sexuelles n'ont pas changé de façon aussi radicale qu'on le pense. Les filles de 14 ans portent aujourd'hui des strings, mais rares sont celles qui osent se promener seins nus sur les plages (comme c'était le cas de leurs mères). Les adolescents connaissent des mots et des pratiques que leurs parents ne découvraient qu'avec la maturité, mais passent-ils plus à l'acte ? Si l'enseignement de la sexologie s'est banalisé, il est beaucoup plus sage qu'il y a vingt ans : Master et Johnson, qui proposaient des partenaires de remplacement à leurs patients célibataires dans les années 1960, seraient aujourd'hui poursuivis pour proxénétisme. Alfred Kinsey, qui demandait à ses étudiants de raconter dans les détails leur vie sexuelle en 1958, perdrait actuellement sa place de professeur d'université pour harcèlement sexuel. La fellation est devenue une pratique plus courante chez les jeunes, mais l'âge du premier rapport sexuel n'a pratiquement pas changé en cinquante ans. Le Club Med, temple du libertinage des années 1970, s'est reconverti dans les vacances familiales.


Verifica-se, pois, um retrocesso numa área que, segundo todos os especialistas, é essencial para a felicidade humana. Não admira, por isso, este mal-estar na civilização (de que, noutros termos, já falava Freud) a que acresce, hoje em dia, o mal-estar económico decorrente da insânia do neo-liberalismo desenfreado que nos assolou e assola. Aguardam-se, com curiosidade, os tempos por vir.


1 comentário:

Anónimo disse...

Faz bem em colocar à discussão um problema social complicado.Como nada é simples,tem que se reconhecer que houve em muitos países progressos legislativos e sociais, vide a situação espanhola quanto ao casamento gay,tanto no plano legal como no sociológico,dados impensáveis no tempo do franquismo,por exemplo.Nessa área,ainda, há hoje clubes e associações gays nos liceus e universidades americanas,o que tambem seria impensável há uns anos. Mas concordo que tem simultaneamente avançado um puritanismo militante,nalguns casos apoiado por ligas da virtude americanas com muitos milhões de dólares para difundir as suas mensagens e mesmo pressionar governos,como os asiáticos. Muito haveria para comentar,investigar,comparar,e é pena que este blogue não tenha a repercussão blogosférica e mediática que indiscutivelmente merece. Voltando ao tema,diria (o que é pouco) que há avanços e recuos,e que haveria que os estudar a sério e analisar com profissionalismo,o que não sei se é feito pelo autor do livro que cita,e que não conheço. Mas é um princípio de debate,o que já é alguma coisa.