O filósofo búlgaro, naturalizado francês, Tzvetan Todorov (1939-2017), autor de vastíssima obra não só filosófica, mas literária, política, linguística, e abrangendo ainda outros domínios, professor da École Pratique des Hautes Études e da Universidade de Yale, director do CNRS de Paris, etc., publicou em 2012 o seu último livro, intitulado Les Ennemis intimes de la démocratie. Possuo na minha biblioteca alguns dos principais títulos de Todorov, mas na altura não comprei este volume, ou por distracção, ou pelo facto de já ter muitos livros de sua autoria. Ora a obra foi reeditada, em livre de poche, em 2016, e então apressei-me a adquiri-la, mas só agora, devido a outros afazeres, tive tempo para lê-la.
Acontece que Les Ennemis intimes de la démocratie é um livro indispensável, absolutamente extraordinário, cuja leitura deveria ser obrigatória para todos quantos se interessem pela ciência política e pelo mundo actual. A importância das suas cerca de 300 páginas justificaria que eu aqui procedesse à transcrição integral da obra, tarefa manifestamente impossível. Tentarei, contudo, transmitir uma imagem, ainda que pálida, da realidade tão clara e magnificentemente retratada pelo autor.
Por uma questão de orientação, indicarei os títulos dos sete capítulos do livro e, para lá de algumas considerações, empenhar-me-ei na reprodução de algumas passagens essenciais.
Seguem-se os capítulos:
1. Malaise dans la démocratie
2. Une ancienne controverse
3- Le messianisme politique
4. La tyrannie des individus
5. Les effets du néolibéralisme
6. Populisme et xénophobie
7. L'avenir de la démocratie
Passemos ao texto.
O autor começa por uma evocação da sua juventude em Sofia e da sua ida para Paris, onde passaria a residir, e procede a algumas reflexões sobre os paradoxos da liberdade.
«Nous sommes fiers du principe d'égalité de droits entre les individus et entre les peuples; en même temps, nous voyons bien que, si tous les habitants de la Terre alignaient leur consommation de biens sur celle des populations occidentales, notre planète se retrouverait rapidement à court des ressources. Nous affirmons haute et fort que tout être humain a le même droit à la vie, nous nous réjouissons donc des progrès de la médecine préventive qui réduit la mortalité infantile; nous savons pourtant que l'accroissement illimité de la population terrestre serait une catastrophe.» (p. 15)
«Les dangers inhérents à l'idée démocratique elle-même proviennent de ce que l'on isole et favorise exclusivement l'un de ses ingrédients. Ce qui réunit ces divers dangers est la présence d'une forme de démesure. Le peuple, la liberté, le progrès sont des éléments constitutifs de la démocratie, mais si l'un d'eux s'émancipe de ses rapports avec les autres, échappant ainsi à toute tentative de limitation et s'érigeant en principe unique, ils se transforment en dangers: populisme, ultralibéralisme, messianisme, ces ennemis intimes de la démocratie.» (p. 19)
Antes de entrar verdadeiramente no tema, Todorov recorda uma antiga controvérsia. No século IV, a religião cristã começou a aproximar-se do poder político. Conversão do imperador Constantino, proclamação do cristianismo como religião oficial do Império e proibição dos ritos pagãos por Teodósio. Roma tornou-se um lugar de debates entre os defensores de diferentes interpretações do dogma. Entre eles, Pelágio (n. 350), nascido nas Ilhas Britânicas, que nas suas pregações fustiga os costumes dissolutos dos romanos ricos, pedindo-lhes para renunciar aos prazeres da carne e distribuir as suas riquezas pelos pobres. Com os ataques ao Império dos povos do Norte, Pelágio viaja para Cartago e depois para a cidade vizinha de Hipona, onde encontra um bispo cristão chamado Agostinho, quatro anos mais novo, natural da África do Norte e que também fora a Itália, onde se convertera ao cristianismo. Autor prolífico, dominando tanto a cultura clássica como a nova teologia, Agostinho envolveu-se em numerosas controvérsias com os pensadores cristãos concorrentes. E no final do século escreveu e publicou um livro profundamente original, as Confissões, onde conta a sua vida e a sua fé cristã. Pelágio ouvira falar de Agostinho em Roma, não aprovando todas as suas ideias. Em particular, ficou indignado ao constatar que o bispo tinha falta de confiança nas suas forças preferindo entregar-se à vontade de Deus. Agostinho ignorou as reticências de Pelágio, mas já tivera conhecimento delas e não gostara; assim, recusou polidamente um encontro: os dois homens nunca se verão.
Ao fim de um ano, Pelágio deixou África e dirigiu-se à Palestina, onde se reuniam numerosos refugiados romanos apaixonados pelas questões da fé. Pelágio e os seus discípulos participam activamente nas controvérsias religiosas. Em 411, um concílio condena a sua interpretação do cristianismo, o que não impede Pelágio de continuar a publicar os seus escritos. Em 415, um sínodo absolve-o de toda a acusação de heresia. Informado, Agostinho resolve entrar na disputa, e escreve um tratado anti-pelagiano, intitulado A Natureza e a Graça. A controvérsia pelagiana vai ocupá-lo até à sua morte em 430. É este um dos conflitos mais importantes da história do cristianismo, e, segundo Todorov, as suas repercussões permanecem vivas entre nós.
O autor disserta depois sobre estas duas visões do cristianismo, e do mundo, das quais daremos apenas um breve apontamento. Para Pelágio, a natureza do homem não poderia ser inteiramente má. E para isso, invoca textos bíblicos. Como a vontade divina não conhece limites, a vontade do homem pode ultrapassar todos os obstáculos. "A fonte do pecado do homem não está na sua natureza mas na sua vontade". Se sabemos antecipadamente que estamos condenados ao pecado, então desaparece qualquer esforço de acção e aceitamos o destino. E é precisamente isto que Pelágio reprova na doutrina de Agostinho. Qualquer criminoso pode pedir desculpa do seu crime sob o pretexto de que sofreu a pressão do pecado original. "A primeira qualidade exigida aos humanos não é a submissão - ao dogma da Igreja - mas o controlo de si e a força de carácter". Agostinho dedicou a sua vida à Igreja. Vendo que Pelágio não reserva a esta qualquer lugar especial e que recomenda aos ricos que distribuam os seus bens directamente aos pobres em vez de os confiar aos representantes de Deus sobre a terra, o bispo de Hipona só pode desconfiar desta interpretação. Por isso, consagrará os últimos anos da sua vida à refutação sistemática do pelagianismo. "O Deus do monoteísmo tem uma particularidade que o distingue radicalmente dos deuses das religiões pagãs: não encontra um universo já existente no qual introduziria a ordem, é ele mesmo o criador do universo; este é o resultado de um acto livre da sua vontade. O homem de Pelágio assemelha-se mais a ele do que o de Agostinho". Na sequência da sua exposição, Todorov recorre à Bíblia, a Lutero, a Pascal, a Calvino, a Pico della Mirandola, a Montaigne, a Voltaire, a Rousseau, a Diderot, a Montesquieu, mas o espaço não permite o detalhe. Transcrevemos o final deste capítulo: «En pratique, ces penseurs des Lumières acceptent l'imperfection du monde et des êtres, sans pour autant renoncer à les améliorer; toutefois, plutôt que d'attendre la grâce divine, ils préfèrent en appeler aux humains pour qu'ils s'en chargent eux-mêmes. Ils optent donc pour une voie moyenne, qui refuse tant le fatalisme conservateur que le rêve d'une maîtrise intégrale. L'humanisme proprement dit a cette double caractéristique qu'il participe simultanément du volontarisme et de la modération: le mieux est possible, mais le bien est hors de notre portée.» (p. 45)
Como se disse no princípio, tudo o que Todorov escreve é relevante. Na impossibilidade de o relatar, procederemos, pois, apenas à transcrição de algumas frases que se nos afiguram mais significativas, ao longo dos capítulos 3 a 7.
«Condorcet, qui avait combattu l'ancienne religion, est effrayé par le résultat auquel a abouti le processus qu'il a contribué à enclencher, ce qu'il appelle "une espèce de religion politique". La fusion du pouvoir temporel et du pouvoir spirituel rêvée par la Révolution suscitera en réaction, quelques années plus tard, des projets symétriques de théocratie contre-révolutionnaire (ce qui n'était pas l'État français d'avant 1789). L'avenir montrera que Condorcet n'avait pas tort d'avoir peur.» (p. 52)
«Dans l'histoire européenne, le messianisme politique (ou séculier) connaîtra plusieurs phases bien distinctes.» (p. 52). O autor enuncia depois três vagas. A primeira é a das guerras revolucionárias e coloniais; a segunda vaga é o projecto comunista e a sua outra face, o nazismo. «Imaginer un idéal au nom duquel on tente de transformer le réel, concevoir une transcendance qui permet de critiquer le monde existant afin de l'améliorer est sans doute un trait commun à toute l'espèce humaine; cela ne suffit pas pour produire un messianisme. Ce qui caractérise plus spécifiquement ce dernier est la forme que prend le penchant au perfectionnement: tous les aspects de la vie d'un peuple sont concernés. Non content de modifier les institutions, l'on aspire à transformer les êtres humains eux-mêmes; et pour ce faire on n’hésite pas à recourir aux armes. Ce qui distingue le projet totalitaire, enfin, c'est à la fois le contenu de l'idéal proposé et la stratégie choisie pour l'imposer: contrôle intégral de la société, élimination de catégories entières de la population. Par cette dernière caractéristique, le messianisme totalitaire se distingue radicalement tant de son prédécesseur que de ses successeurs, alors qu'ils sont tout nés de la même matrice: les préceptes pélagiens, ranimés à l'époque des Lumières et transformés en programme d'action collective. Quelle que soit la version particulière du totalitarisme, cette destruction systématique sera toujours à l'œuvre, alors qu'elle est absente ailleurs: il en va ainsi de l'extermination des koulaks comme classe en Union soviétique, des juifs en Allemagne nazie, de la bourgeoisie dans la Chine de Mao, des citadins dans le régime communiste de Pol Pot.» (pp. 66-7)
A terceira vaga mencionada pelo autor é a da imposição da democracia pelas bombas. «Ainsi, plusieurs "néoconservateurs" américains (un terme déroutant, car il ne s'agit pas de conservateurs), idéologues de l'intervention militaire légitimée par la défense des droits de l'homme, proviennent des milieux de l'intelligentsia anciennement procommuniste, convertie entre-temps à l'antistalinisme (dans une perspective d'abord trotskiste, ensuite démocratique). En France, les mêmes individus auront parfois parcouru les trois étapes: adeptes de la religion communiste avant ou peu après 1968, souvent dans une de ses variantes d'extrême gauche, ils sont devenus radicalement anticommunistes et antitotalitaires quelques années plus tard, à la suite de la diffusion d'informations plus amples sur la réalité du goulag (ils se sont appelés alors "nouveaux philosophes"), avant d'apparaître, ces dernières années, comme les partisans de la guerre "démocratique" ou "humanitaire" en Irak, en Afghanistan ou en Libye. Dans les pays de l'Europe de l'Est, on retrouve cette même continuité (non chez tout, bien sûr). Le parcours typique serait celui du jeune communiste "idéaliste" des débuts (phase I), qui, déçu par la réalité dissimulée derrière les slogans, se mue en dissident courageux (phase II), pour devenir, après la chute du régime, un zélateur actif des "bombes humanitaires" déversées sur Belgrade au moment de la guerre du Kosovo, ou de la défense de l'Occident pendant les guerres d'Irak ou de l'Afghanistan (phase III). La première manifestation de cette nouvelle forme de messianisme a été l'intervention de l'OTAN, organe militaire des pays occidentaux, dans le conflit qui, en Yougoslavie en 1999, a opposé le pouvoir central de Belgrade à la province albanophone du Kosovo. Ce n'est pas un hasard si la confrontation a eu lieu après la fin de la guerre froide: l'Union soviétique n'était plus là pour l'empêcher. Les pays occidentaux qui l'ont initiée n'ont pas cherché davantage d'obtenir l'autorisation d'organismes internationaux, telle l'ONU, qui de toute façon ne dispose pas d'un bras armé propre. Cette intervention a été fondée sur une doctrine formulée à cette même époque, après le génocide rwandais de 1994, dans plusieurs pays occidentaux, et notamment en France: le "droit d'ingérence". (pp.69-70-71)
«Je n'entrerai pas ici dans le détail de cet épisode de l'histoire récente. Je rappelle seulement que l'intervention militaire de l'OTAN en Yougoslavie s'est terminée, faut-il s'en étonner, par la victoire militaire de l'Alliance; le Kosovo a acquis une indépendance politique sans devenir tout à fait un État de droit, restant en proie à des groupes mafieux; la discrimination ethnique, dont les albanophones étaient victimes de la part des Serbes, s'exerce à présent contre la minorité serbe de la part des Kosovars... Il serait difficile de prétendre que, à la suite de l'intervention, la démocratie a fait dans cette région un grand pas en avant.» (p.72)
«Comme l'écrivait Charles Péguy au début du XXe siècle: "Il y a dans la Déclaration des droits de l'homme de quoi faire la guerre à tout le monde pendant la durée de tout le monde! (L'Argent suite)» (p. 74)
«Ainsi, une publication officielle du gouvernement américain, datée d'avril 2009, a révélé la réglementation incroyablement tatillonne de la torture, formulée dans les manuels de la CIA et reprise à leur compte par les responsables juridiques du gouvernement. Car telle est la nouveauté: la torture n'est plus représentée comme une infraction, regrettable mais excusable, à la norme, elle est la norme même. On pouvait s'imaginer jusque-là que les pratiques de torture relevaient de ce qu'on appelle des bavures, dépassements involontaires des limites, provoquées par l'urgence du moment. On s'est aperçu au contraire qu'il s'agissait de procédures fixées dans les moindres détails, au centimètre et a la seconde près.» (pp.76-7)
«Dans le même esprit, Obama envisage ouvertement l'utilité de la guerre "au-delà de l'autodéfense ou de la défense d'une nation contre un agresseur", ainsi pour protéger une population contre son propre gouvernement, ou pour arrêter une guerre civile; bref, "l'usage de la force sera justifié par des raisons humanitaires". De telles interventions, précise-t-il, peuvent être amenées de manière préventive. C'est à ce point précis que la politique américaine bascule du principe universel du droit à l'autodéfense au messianisme qui conduit ce pays à se croire chargé de sauver l'humanité. Obama trouve nécessaire de nous assurer que "le mal existe dans le monde"» (p. 86)
«La dernière en date des interventions occidentales destinées à apporter le bien aux autres pays de la planète a été la guerre de Libye, déclenchée en mars 2011 et conduite à une fin victorieuse en août de la même année. Une différence apparente entre cette guerre et celles que l'ont précédée, en Irak et en Afghanistan, a été l'existence, cette fois, d'une résolution du Conseil de sécurité de l'ONU autorisant l'intervention, alors qu'il n'y en avait pas dans les cas précédents. De plus, cette résolution a été justifiée par un principe nouveau, résumé par la formule "responsabilité de protéger".» (p.88)
«Quant on voit aujourd'hui les journaux titrer "Le sort de la Libye se décide entre Londres et Paris", on pourrait croire être revenu cent trente ans en arrière, lorsque la Grande-Bretagne et la France, grandes puissances coloniales, régnaient effectivement sur l'Afrique et l'Asie et choisissaient les gouvernants des pays soumis à leur tutelle.» (p. 92)
«Les massacres commis au nom de la démocratie ne sont pas plus doux à vivre que ceux causés par la fidélité à Dieu ou à Allah, au Guide ou au Parti. Les uns et les autres conduisent aux mêmes désastres de la guerre.» (p. 105)
«La troisième phase du messianisme politique est un effet paradoxal de cet événement réjouissant qui clôt l'histoire du XXe siècle: la chute du mur de Berlin, l’effondrement des régimes communistes, la fin de l’épisode totalitaire. Auparavant, l’équilibre entre les deux superpuissances – un équilibre de la terreur – assurait la relative stabilité du monde; chacune des deux pouvait “faire le ménage” dans sa sphère d’influence et dominer ses satellites, mais chacune exerçait aussi pour l’autre le rôle de frein. Depuis que subsiste une seule superpuissance le danger de la démesure est apparu sous une nouvelle forme, car plus rien ne s’oppose à l’extension de son action. Les États-Unis sont tentés de devenir le gendarme planétaire, d’imposer leur volonté par la force – présentée, faut-il s’en étonner, sous les couleurs du bien.» (p. 105)
«Au cours de l’histoire, de nombreuses interventions militaires se sont réclamées de cette posture quasi morale, mais elles semblent caractériser plus particulièrement le messianisme politique occidental. Le schéma est le même: au moment de l’action, on annonce ces vises universelles et morales – il s’agit d’améliorer le sort de l’humanité, ou d’une de ses parties -, ce qui provoque un mouvement d’enthousiasme et, par là, facilite la réalisation du projet. On se persuade que, par le simple effet de la volonté collective, on peut atteindre n’importe quel but et avancer indéfiniment sur la voie du progrès. Quelque temps plus tard – un an, un siècle – on s’aperçoit que l’objectif prétendument universel n’en était pas un, qu’il correspondait plutôt aux intérêts particuliers de ceux qui l’avaient formulé. On se jure alors qu’on ne se laissera plus prendre au piège – sauf si les circonstances nouvelles sont vraiment exceptionnelles…» (p. 106)
Efeitos negativos das guerras:
«La première [raison] est que la violence des moyens annule la noblesse des fins. Il n’existe pas de bombes humanitaires ni de guerres miséricordieuses, les populations qui les subissent comptent les cadavres et ignorent les objectifs sublimes (dignité! liberté! droits de l’homme! civilisation!). (p. 107)
«La seconde raison est que, puisqu’il faut imposer aux autres le bien par la force, au lieu de seulement le leur proposer, on postule au départ qu’ils sont incapables de se diriger eux-mêmes et que, pour être libérés, ils doivent d’abord se soumettre.» (p. 107)
«Condorcet sera l’un de ces esprits lucides. Il s’apercevra que ses contemporains ont une exigence de liberté que leurs ancêtres ignoraient, la liberté de choisir leur religion, de chercher sans entraves la vérité, d’organiser leur vie privée comme bon leur semble. Quelques années plus tard, alors que Napoléon a pris le pouvoir en France, un autre auteur formulera avec force ce qu’il appelle le “second principe de la politique”. Il s’agit de Benjamin Constant qui, en 1806, rédige son grand traité intitulé Principes de politique. Cet ouvrage ne sera pas publié dans son intégralité de son vivant, mais Constant en fait paraître divers fragments. Dans l’un d’entre eux, il écrit: “La souveraineté n’existe que d’une manière limitée et relative. Au point où commence l’indépendance de l’existence individuelle s’arrête la juridiction de cette souveraineté”. (Principes de politique applicables à tous les gouvernements) » (p. 116)
«C’est au XVIIIe siècle que s’est produit ce que Louis Dumont appelle “une innovation sans précédent: la séparation radicale des aspects économiques du tissu sociale et leur construction en un domaine autonome” (Homo aequalis). Cette séparation trouve son aboutissement dans La Richesse des Nations, d’Adam Smith (1776), mais elle a été préparée par les travaux de nombreux savants et philosophes. Dans les sociétés traditionnelles, l’économique n’est qu’une dimension parmi d’autres du monde social; en France et en Angleterre, au XVIIIe siècle, l’économie commence à être pensée comme une activité à part, séparée de la politique, de la morale et de la religion, une activité qui, pour cette raison, échappe progressivement à tout jugement de valeur: la prospérité de l’économie devient un but en soi.» (p. 118)
«L’action de l’État, pense Constant (et il sera suivi en cela par les néolibéraux), doit se limiter essentiellement à assurer la sécurité des citoyens, à l’aide de la justice et de la police à l’intérieur, de l’armée pour ce qu’il concerne les menaces extérieures, à quoi s’ajoute la collecte des impôts nécessaires à l’entretien de ces services. Sinon, il doit laisser agir les individus comme ils l’entendent. Dans le dernier exposé systématique de sa doctrine, Commentaire sur l’ouvrage de Filangieri (1822-1824), repris et résumée des ses textes précédents, Constant est catégorique: l’action de l’État doit être réduite au minimum, à savoir le maintien de l’ordre public. “Tout est usurpation par-delà cette borne”, “tout le reste doit rester libre”.» (p. 122)
«”Le remède, c’est la concurrence.” Ici se situe la seconde contribution de Constant à la théorie économique (il est à cet égard bien plus radical qu’Adam Smith): la prospérité économique est due à la seule action des individus, toute intervention de l’État est à prohiber. Son livre se termine sur cette conclusion générale: “Pour la pensée, pour l’éducation, pour l’industrie, la devise des gouvernements doit être: Laisser faire, laissez passer. (idem) (p. 123)
«La nature est bonne et nous conduit vers le bien, à moins que la volonté, ignorante ou maligne, ne l’empêche, postulaient déjà les penseurs économiques du XVIIIe siècle, de Mandeville à Smith, adeptes de la théorie d’une “main invisible” dirigeant le déroulement des affaires humaines. Constant participe par là à l’esprit scientiste apparu à son époque, esprit qui sera également à l’œuvre chez Marx.» (p. 123)
«En même temps, comme Condorcet et Constant, qui avaient par ailleurs mis l’histoire à la place de Dieu, Bastiat a l’ambition de fonder ses conclusions sur la science. Il pense se distinguer ainsi de ses contemporains socialistes qu’il accuse de se perdre en fantasmes et vaines rêveries (eux croient exactement le contraire). Il peut donc produire cette formule paradoxale: “Je crois (…) d’une fois scientifique et raisonnée” que “le Mal aboutit au bien et le provoque”, formule qui rappelle le sous-titre provocateur de la Fable des abeilles de Mandeville: “Vices privés, bénéfices publiques”.» (p. 125-6)
«À trop favoriser la solidarité entre tous, on risque d’affaiblir la responsabilité de chacun et de tuer l’esprit d’entreprise. Pélage recommandait de ne pas compter sur la grâce divine et de s’appuyer sur l’effort personnel. Bastiat abonde dans le même sens, sauf que chez lui la protection sociale apparaît à la place de la miséricorde divine; pour Bastiat comme pour Pélage, en créant l’homme libre et le monde pas vraiment mauvais, Dieu a terminé son travail.» (p. 126)
«Le communisme, je l’ai rappelé, passé de l’état de projet à celui de réalité en Russie à partir de 1917. Cet événement donne à son tour un coup d’accélérateur aux penseurs libéraux, qui voient dans les pratiques communistes l’incarnation de leurs pires craintes: la soumission intégrale de l’individu à l’État, avec en même temps la réduction de l’économie à l’application d’un plan décidé à l’avance par un organe central. À partir de ce moment, on entre dans une nouvelle phase de l’évolution du libéralisme, qui justifie qu’on parle de néolibéralisme. La doctrine se formule maintenant en opposition assumée avec le monde totalitaire en construction: en partant de certains principes promus par la pensée libérale classique, mais en les radicalisant et en les durcissant, les néolibéraux élaborent leurs idées dans le contexte créé par la révolution d’Octobre en Russie et la montée du nazisme en Allemagne. L’un des livres de Ludwig von Mises, leur premier grand représentant au XXe siècle, s’intitule Le Socialisme (1922) et il prédit l’échec qui menace l’économie étatiste de la Russie soviétique.» (p. 127)
«De même pour prendre un autre exemple emblématique, le manifeste néolibéral de Fridrich A. Hayek, La Route de la servitude, paru en pleine guerre (en 1944), se présente avant tout comme une mise en garde contre tout ce qui pourrait ressembler aux pratiques totalitaires: en premier lieu l’ennemi nazi, mais aussi – car pour Hayek la parenté des deux est patente – l’ami socialiste, l’Union soviétique.» (p. 128)
«On dirait que, tel Dieu, le marché ne peut mal faire. De ce point de vue, le néolibéralisme, qui présente ses objectifs comme entièrement “naturels”, ne s’oppose pas vraiment à la théorie communiste, dont les “propositions théoriques” sont censées être, on l’a vu, “l’expression générale des rapports effectifs”. Et puisque l’homme obéit aux lois de la nature, il suffit de les connaître pour savoir dans quelle direction aller. Au “socialisme scientifique” de Marx et Engels vient donc s’adjoindre le libéralisme “scientifique”: les deux partagent les mêmes prémisses scientistes.» (p.130)
«Les réformes imposées à la fin du XXe siècle par les dirigeants politiques comme Thatcher, Reagan ou Pinochet dans leurs États respectifs sont là pour témoigner de cette attitude volontariste. Il en va de même de la fameuse “thérapie de choc”, appliquée dans les pays d’Europe de l’Est au lendemain de la chute du Mur; ou encore des interventions des États occidentaux au moment de la crise financière de 2008-2009 dans le sauvetage des banques privées.» (pp. 131-2)
«Au lendemain des attentats du 11 septembre 2001, les États ayant adoptée cette idéologie, tels les États-Unis et la Grande-Bretagne, ont accru leur contrôle sur les libertés civiles, tout en laissant pleine liberté à des agents économiques individuels. À partir de ce moment, nous sommes entrés dans l’ultralibéralisme, troisième phase de l’évolution de cette doctrine.» (p. 132)
«Ce n’est pas un hasard si l’œuvre majeure du fondateur de ce courant de pensée, Ludwig von Mises, porte comme titre L’Action humaine et comme sous-titre « Traité de l’économie » (1949). » (pp.. 132-3)
«De nos jours, la globalisation, autre caractéristique de cette nouvelle période, fait que les auteurs de la vie économique échappent facilement au contrôle des gouvernements locaux : à la première entrave, l’entreprise multinationale déplace ses usines dans un pays plus accueillant. Ce sont les entrepreneurs qui, aujourd’hui, mettent en œuvre l’ancien slogan marxiste, en imposant l’unification de tous les pays…» (p. 134)
«De ce fait l’économie, devenue globale, n’est plus soumise au contrôle politique des États ; bien au contraire, ce sont les États qui se sont mis à son service. Ces derniers sont en effet tributaires des agences privées de notation, qui orientent leurs choix, tout en échappant elles-mêmes à tout contrôle politique. Ils n’ont plus d’une démocratie que le nom – ce n’est plus le peuple qui détient le pouvoir. Ils peuvent à la rigueur défendre leurs frontières – mais l’argent ne s’y arrête pas. » (p. 134)
«À l’intérieur de chaque pays, l’idéologie ultralibérale ne laisse pas davantage de place à l’action politique. La devise universelle ici est : hors du marché, point de salut. Tournant le dos aux équilibres qui pour Adam Smith et ses contemporains allaient de soi, ils traquent la moindre intervention de l’État qui risquerait de “fausser la libre concurrence”; ils y voient même la cause de la crise financière enclenchée en 2007: Ce faisant, ils négligent les transformations récentes de l’économie et oublient que tout les “produits” ne sont pas de même nature. La logique même de la consommation – “toujours plus!” – n’est jamais mise en question. Selon la nouvelle vulgate, l’État ne doit intervenir que pour favoriser le libre fonctionnement de la concurrence, mettre de l’huile dans les rouages d’une horloge naturelle (le marché), aplanir les conflits sociaux et maintenir l’ordre public: son rôle serait non de limiter, mais de faciliter le pouvoir économique.» (p. 135)
«Comme l’écrit le commentateur américain Benjamin Barber, “lorsqu’il s’agit des marchés dominant tout, de la publicité omniprésente et de la consommation comportant toujours une charia séculière bien à elle, nous appelons cette situation liberté.» (p. 137)
«La parenté secrète entre communisme et néolibéralisme permet de mieux comprendre l’impressionnante facilité avec laquelle, au lendemain de la chute du Mur, la nouvelle idéologie s’est mise à la place de l’ancienne dans les pays de l’Europe de l’Est. L’intérêt collectif y était frappé de suspicion : pour cacher ses turpitudes, le régime précédent l’avait invoqué si souvent que plus personne ne le prenait au sérieux, on n’y voyait qu’un masque hypocrite. […] Les anciens apparatchiks communistes ont donc pu revêtir rapidement les habits de l’ultralibéralisme.» (pp. 140-1)
«L’ultralibéralisme n’est pas seulement un ennemi du totalitarisme; il en est aussi, au moins par certains de ses aspects, un frère: une image inversée – et pourtant symétrique. Son projet nous fait passer d’un extrême à l’autre, du “tout État” totalitaire au “tout individu” ultralibéral, d’un régime liberticide à un autre sociocide, si l’on peut dire.» (p. 141)
« “Demandez à l’ouvrier s’il est libre d’abandonner le travail à l’aurore du jour qui lui commande le repos (…) Demandez à ces êtres flétris qui peuplent les cités de l’industrie, s’ils sont libres de sauver leur âme en soulageant leur corps. Demandez aux innombrables victimes de la cupidité personnelle et de la cupidité d’un maître, s’ils sont libres de devenir meilleurs.” Et il conclut par cette formule devenue célèbre: “Entre le forte et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.”» (Henri Lacordaire, La Liberté de la parole évangélique) (pp. 143-4)
«Tous les désirs humains ne proviennent pas des besoins économiques, pas plus que la société ne se réduit à une simple collection d’individus dont chacun se suffirait à lui-même. Hayek écarte comme des abstractions vides de sens des expressions telles que “bien commun”, “intérêt général” ou “justice sociale” – mais quoi de plus abstrait qui les individus qu’il évoque, dépourvus de toute dimension historique comme de toute appartenance sociale ?» (pp. 145-6)
«Le sociologue allemand Ulrich Beck a suggéré, dans les années quatre-vingt du XXe siècle, que les sociétés occidentales avaient quitté la “première modernité”, celle où l’on attendait de la science et de la technique qu’elles contribuent à la prospérité et au progrès, pour entrer dans une “seconde modernité”, ou une “société de risque”, où ces mêmes activités sont perçues comme des sources de danger. Les auxiliaires des hommes deviennent leurs pires ennemis. Auparavant, le mal venait de la nature, la volonté humaine appuyée sur la science était source de salut, aujourd’hui c’est le contraire: la science est perçue comme un risque, et c’est la nature qui apporte l’espoir. Faut-il en conclure que nous avons parcouru un cercle complet, et que Pélage doit de nouveau s’effacer devant Augustin, à ceci près qu’à la place de la volonté vient maintenant la nature, et non plus la grâce ?» (pp.155-6)
«La catastrophe de Fukushima et d’autres comme elle ne sont pas dues à l’aspiration humaine à mieux vivre, ni à celle de connaître les secrets de la matière, mais à la logique néolibérale qui regarde l’humanité comme une masse indifférenciée d’individus, eux-mêmes réduits à leurs seuls intérêts économiques.» (p. 158)
«Ce qui à son tour nous rappelle que la société ne se réduit pas à la somme des individus qui en font partie, contrairement à ce qui laissait entendre la formule souvent citée de l’ancien Premier ministre britannique, l’ultralibérale Margaret Thatcher: “La société n’existe pas”. Pour cette raison, nous disposons non seulement de droits provenant de notre appartenance au genre humain – ce que nous appelons les droits de l’homme, mais aussi (et surtout) de droits et de devoirs issus de notre appartenance à une société particulière.» (p. 160)
«La confiance que nous accordons à l’État (par exemple, à la valeur fixe de la monnaie, ou à la possibilité même d’en appeler à la loi) n’est pas plus rationnelle que la croyance en Dieu ; elle nous est imposée par la nécessité: pour que la société fonctionne, tous doivent croire que quelqu’un garantit les règles selon lesquelles on vit. Si le tiers garant venait à disparaître, nous serions ramenés au règne animal, ce que nous appelons improprement la “loi de la jungle”, état dans lequel seul compte la force.» (p. 160-1)
«À tout un autre niveau, on observe depuis quelques décennies dans les démocraties occidentales un changement qui consiste à élargir le domaine des contrats et à diminuer celui des lois, ce qui veut dire en même temps: restreindre le pouvoir du peuple et laisser libre cours à la volonté des individus. Cette mutation se manifeste en particulier dans le monde du travail, où les patrons se plaignent souvent de la pléthore de règlements qui entravent leur liberté d’action; ils préféreraient négocier directement un contrat avec les employés.» (p.163)
«Cette mutation a reçu un grand coup d’accélération avec la globalisation de l’économie. Idéalement, celle-ci ne relève d’aucun État ni d’aucune législation, elle utilise donc exclusivement les contrats. Peu lui importent les pays, elle a affaire, toujours et seulement, à des individus, tous semblables, tous mus par les mêmes intérêts matériels. La disproportion entre le pouvoir de l’un et l’autre partenaires est pourtant criante: la puissance multinationale et le chômeur en quête d’emploi n’entrent vraiment pas dans la même catégorie. À la place du Dieu garant, on ne trouve plus l’État, mais le marché, c’est-à-dire le mode d’échange lui-même, qui devient son propre fondement. Les formules de Lacordaire retrouvent ici toute leur pertinence.» (pp. 163-4)
«L’anthropologie sous-jacente à la doctrine néolibérale, selon laquelle l’économie domine la vie sociale et la rentabilité matérielle domine l’économie, exerce une forte influence sur le monde du travail. Celle-ci concerne aussi bien la place du travail parmi les autres activités humaines que la place dans le travail des bénéfices symboliques dont on vient de parler. L’exigence nouvelle d’imposer une plus grande “flexibilité” et “mobilité” au personnel de l’entreprise est un bon exemple des bouleversements subis par le travail lui-même.» (p. 165)
«Un des effets de la flexibilité est que se trouve affaibli le réseau social constitué jour après jour, et donc l’identité même de l’individu. On oublie qu’un travail n’est pas seulement une tâche abstraite à accomplir, mais aussi un milieu vivant, fait de rapports humains, de rites communs, d’obligations et d’interdits. Les effets de la mobilité, qui portent souvent par ailleurs des coups durs à la vie familiale, sont plus dévastateurs encore. Résultat, dans la même entreprise de France Télécom, on a pu dénombrer vingt-cinq suicides en vingt mois, sans parler des dépressions et autres défaillances. On voit en quoi le slogan “travailler plus pour gagner plus”, lancé par le président de la République français, est simpliste et déroutant: gagner plus c’est bien, mais si c’est au prix d’une vie familiale ruinée, d’un sentiment de perte de sens dans le travail, d’un manque de reconnaissance, on peut douter que le jeu en vaille la chandelle.» (p. 166)
«Un tel propos sous-entend que la femme que sacrifie une partie de sa carrière pour enrichir sa vie par d’autres formes d’épanouissement n’est pas vraiment émancipée, c’est-à-dire libre. On projette donc sur les femmes un modèle masculin déjà désuet, voire caricatural, où seule compte la réussite professionnelle, où la liberté est conçue comme une absence d’attachements, comme une vie affective déserte. Les femmes ne peuvent choisir de rester à la maison que par paresse ou veulerie, non parce qu’elles trouvent que le rapport aux enfants est un enrichissement de la vie. Enfin, l’épouvantail de “l’épouse au foyer” est là pour stigmatiser le fait de “s’occuper des enfants”: comme si cette dernière activité était une condamnation à la réclusion, et comme s’il s’agissait d’un “ou bien, ou bien” exclusif – alors que la majorité des femmes aujourd’hui souhaitent et travailler et profiter de leurs enfants.» (p. 167)
«On peut aussi constater à ce propos combien est pernicieux un autre slogan à la mode, celui qui suggère qu’il faut “gérer l’État comme une entreprise”. On entend par là qu’on doit traiter ses différents services dans la seule perspective de la rentabilité matérielle. Nous avons vu déjà que ce n’est là qu’un des versants de l’entreprise, l’autre étant les bénéfices symboliques qu’un tirent ceux qui y travaillent. Mais, de plus, l’État n’est pas juste un guichet de services, il possède une puissance symbolique propre, puisqu’il occupe la place de Dieu – non, il est vrai, comme objet de culte mais comme garant de la légalité et de la parole donnée. C’est lui, également, qui assure la continuité au sein d’une société: les hommes passent, l’État reste; lui qui peut se soucier de l’avenir plus lointain et des valeurs immatérielles.» (p. 168)
«Pour cette raison, la relation directe de supérieur à subordonné, de maître à élève tend à être remplacée par l’usage de tests où l’on peut cocher la bonne réponse, et par la réponse à des formulaires. Ce dernier mot indique bien l’objectif visé, celui d’imposer une grille uniforme à toutes les expériences. Du reste, à force de remplir des formulaires, les professeurs n’ont plus de temps de s’occuper individuellement des élèves; les infirmières, des malades.» (p. 172)
«Le modèle inconscient de la déshumanisation qui opère ici est celui de la machine, même s’il s’agit d’une machine très perfectionnée, à la différence des déshumanisations auxquelles nous avait habitué le totalitarisme: les nazis réduisaient leurs victimes a des sous-hommes, voire à des animaux, en s’en servant comme de cobayes pour des expériences médicales; les communistes traitaient les leurs comme des esclaves, en les faisant travailler jusqu’à l’épuisement. Mais ces pratiques peuvent aussi se superposer l’une à l’autre, puisque le résultat final est le même (on ne s’étonnera pas d’apprendre que Staline comptait parmi les admirateurs de Taylor).» (pp. 174-5)
«De nos jours, on aime évoquer les crimes contre l’humanité comme le degré supérieur dans l’échelle criminelle. Les pratiques de déshumanisation qui se répandent dans le monde du travail sont certes infiniment moins spectaculaires, elles n’aboutissent pas à des piles de cadavres. Elles sont cependant beaucoup plus fréquentes que ces crimes et tendent insidieusement à paralyser l’humanité même de ceux qu’elles concernent, en entravant leur besoin de liberté, de rapport immédiat à autrui, de souci pour le bien commun.» (pp. 177-8)
«Je prends un exemple tiré de l’actualité. Le journal News of the World, hebdomadaire à sensation paraissant à Londres et appartenant à l’empire médiatique de Rupert Murdoch, a provoqué un scandale par ses méthodes d’investigation et a fait l’objet d’une enquête de police. A cette occasion, on a appris à quel point pouvoir politique et pouvoir médiatique étaient entrelacés. L’actuel chef du gouvernement britannique, David Cameron, passait ses vacances sur le yacht de Murdoch; son directeur de communication est l’ancien rédacteur en chef du journal incriminé aujourd’hui. Ses journalistes ont versé des dizaines de milliers de livres sterling aux policiers de Scotland Yard, ce qui leur a assuré l’accès à des informations confidentielles, mais aussi une certaine protection pour leurs enquêtes à la limite de la légalité. Au moment des élections, tous les médias du groupe, qui possède aussi des chaînes de télévision, ont concentré leurs tirs sur les adversaires travaillistes; la victoire du camp conservateur leur a été grandement redevable.» (pp. 188-9)
«En octobre 2010, un ensemble de documents a été rendu public par une source indépendante du gouvernement américain: l’équipe de WikiLeaks. On y a appris combien, au cours de l’occupation de l’Irak, les violences de toutes sortes, meurtres, viols, tortures, brimades ont été quotidiennes et combien elles ont suscité peu de réactions de la part des autorités civiles et militaires américaines, qui pourtant ne les ignoraient pas. La réaction du gouvernement américain à ces révélations a été singulière: il a concentré tous ses efforts pour découvrir l’origine des fuites et l’identité de ceux qui les ont diffusées, afin de les traîner en justice. Le soldat Bradley Manning, source supposée, a été arrêté et traité en criminel dangereux, à la manière des terroristes enfermés à Guantánamo: il a subi harcèlement, humiliations, torture psychologique. En revanche, aucun mot de regret n’a été proféré pour les actes criminels accomplis par les forces américaines d’occupation; aucun de leurs responsables n’a été mis en accusation à la suite des révélations. Contrairement à ce qu’on a pu dire à cette occasion, les “fuites” de WikiLeaks n’avaient rien de “totalitaire”: les régimes communistes rendaient transparente la vie de faibles individu, non celle de l’État.» (pp. 191-2)
«Messianisme politique et néolibéralisme relèvent, à première vue, de deux tendances opposées: le premier témoigne de la capacité d’intervention de l’État, le second de son effacement progressif. Tout se passe comme si la force de l’un venait compenser, ou dissimuler, la faiblesse de l’autre: à la marche triomphale des armées à l’étranger s’oppose l’impuissance de l’État sur son propre territoire. On a l’impression que, pour le président américain Obama, il est beaucoup plus facile de bombarder la Libye que de faire accepter une amélioration de la Sécurité sociale dans son pays.» (pp. 193-4)
«De même pour la globalisation: l’économie prospère lorsque les capitaux circulent et que les échanges se multiplient, mais l’économie n’est pas le sens dernier de la vie humaine. C’est à la société dans son ensemble qu’il revient de la soumettre aux exigences politiques et sociales, décidées en commun. Il ne s’agit pas d’empêcher la globalisation, mais d’en prévenir les effets pervers. De ce point de vue, on peut observer un certain parallélisme entre la défense des droits humains et l’économie de marché: les deux sont nécessaires, en même temps les deux doivent être équilibrées par d’autres formes d’intervention.» (pp. 195-6)
«Les régimes modérés, eux, opèrent toujours une répartition entre libertés et contraintes, qui fournit par ailleurs une clé pour identifier parmi eux ceux qui penchent à gauche et ceux qui se reconnaissent dans la droite. En effet, pour les premiers, il faut accorder une liberté maximale aux comportements; la censure, les tabous, la morale même sont malvenus. En revanche, les libertés économiques devraient être restreintes par l’intervention de l’État. Pour les seconds, c’est l’inverse: volontiers conservateurs sur le plan des mœurs, les gouvernements de droite préfèrent accorder une pleine liberté aux activités économiques individuelles; c’est aussi ce que préconise la doctrine néolibérale. La gauche est favorable à la libre circulation des personnes; la droite à celle des capitaux. Mais, significativement, aucune ne réclame simultanément les deux, comme si les interdits sur un plan étaient nécessaires pour compenser les libertés sur l’autre. Cette approche différenciée crée aussi des difficultés pour ceux qui la pratiquent: il n’est pas toujours facile de justifier l’absence de libertés dans un domaine, alors qu’on s’en fait le promoteur dans le domaine voisin.» (p. 197)
«L’expérience des pays communistes a apporté la preuve qu’une économie entièrement contrôlée par l’État apporte stagnation et pénurie. La récente crise bancaire et financière qui a frappé les pays occidentaux a fourni l’illustration d’une vérité complémentaire: laissé à lui-même, le marché ne produit pas le bien-être commun.» (p. 197)
«La doctrine communiste interprète l’existence humaine comme une lutte des classes inévitable et impitoyable, dont le résultat, inscrit dans les lois de l’histoire, sera la société sans classes et l’épanouissement de tous. La doctrine néolibérale conteste la première affirmation, elle postule l’harmonie des intérêts à la place du conflit, mais adhère à la seconde, puisqu’elle compte à son tour sur les lois naturelles du marché. La volonté collective d’un côté, les volontés individuelles de l’autre, contribuent à la réalisation de ces desseins inscrits au programme, sans que leur soit opposée aucune limite intérieure. Si l’on choisit d’abandonner ces visions providentialistes de l’histoire, on peut encourager la liberté des volontés, comme le voulait Pélage, tout en leur imposant une borne, comme le faisait Augustin, sauf que celle-ci ne relève plus de la fatalité du péché originel, mais de l’intérêt commun, propre à la société dans laquelle on vit. Il est temps de sortir de l’alternative stérile du tout ou rien.» (pp. 198-9)
«Lorsque le président de la République affirme, enfin, que “la communauté française ne veut pas changer son mode de vie, son style de vie”, on peut se demander si son opinion reflète vraiment celle de la population. Le mode de vie des Français a changé de manière spectaculaire au cours de ces cent dernières années, sous la pression de nombreux facteurs, tels que le recul de l’agriculture et la montée de l’urbanisation, l’émancipation des femmes et le contrôle des naissances, les révolutions technologiques et l’organisation du travail. Le contact avec les populations étrangères est à cet égard un facteur plutôt marginal, et la culture de loin la plus influente en France est celle des États-Unis d’Amérique…» (p. 224)
«On a vu ainsi les controverses publiques aux États-Unis se concentrer sur les problèmes de mœurs, tels l’avortement ou le mariage homosexuel, plutôt que sur le chômage ou les prêts bancaires irresponsables. Le débat autour du multiculturalisme, après celui sur l’identité nationale, apparaît à son tour comme un moyen pour détourner l’attention d’autres problèmes bien réels (sociaux et économiques), mais plus difficiles à résoudre. Il est vrai que, de cette manière, on s’assure à peu de frais la fidélité d’une frange de la population, qui trouve en la personne des immigrés un bouc émissaire commode. C’est la démocratie qui, une fois de plus, en pâtit.» (pp. 229-230)
«La xénophobie est condamnable; il ne s’ensuit pas pour autant que la xénophilie est souhaitable. Il faut même commencer par admettre que la présence d’étrangers dans une communauté peut – aussi – créer des problèmes. Ce n’est pas parce qu’ils sont “arabes” ou “africains” ou “musulmans” ou “maghrébins”; mais parce qu’ils sont, justement, des étrangers. Tout un chacun a besoin de recevoir une certaine reconnaissance sociale pour pouvoir se sentir exister; quand il ne la trouve pas, la violence peut apparaître comme un moyen de l’obtenir. Or l’étranger a beaucoup plus de mal que l’autochtone à se procurer cette reconnaissance sociale (à moins qu’il ne s’adresse à ses propres compatriotes, exilés comme lui dans le nouveau pays); souvent, il connaît mal la langue comme les codes culturels du pays d’adoption; il subit de surcroît l’animosité des autochtones qui trouvent ses manières bizarres. Il ne faut pas s’étonner ensuite si la criminalité est plus élevée parmi ces étrangers désavantagés (tous les étrangers, faut-il le préciser, ne se trouvant pas dans cette situation).» (p. 240)
«Les barbares sont ceux qui considèrent que les autres, parce qu’ils ne leur ressemblent pas, relèvent d’une humanité inférieure et méritent d’être traités avec mépris ou condescendance. Être civilisé ne signifie pas avoir fait des études supérieures, ou avoir lu beaucoup de livres, donc posséder un grand savoir: l’on sait bien que de tels acquis n’ont pas empêché des actes parfaitement barbares. Être civilisé signifie qu’on est capable de reconnaître pleinement l’humanité des autres, même quand ils ont des visages et des mœurs différents des nôtres; qu’on sait aussi se mettre à leur place pour nous voir nous-mêmes comme du dehors.» (p. 246)
«Ainsi, assurer le bien-être matériel de la population est un résultat désirable, mais si cet objectif est poursuivi à l’exclusion de tout autre, on finit par vivre dans un monde voué au culte de l’argent, de la consommation et des divertissements. La richesse globale du pays peut aussi signifier qu’une minorité riche devient de plus en plus riche, alors même que le nombre des laissés-pour-compte s’accroît. On oublie dans ce cas que la prospérité d’un pays est un moyen, non un but.» (p. 256)
«Les intentions pacifiques des États démocratiques, hautement proclamées, offriraient un bel exemple à suivre si ces mêmes pays ne menaient pas au loin des guerres justifiées par l’idée d’y apporter le progrès et de défendre les valeurs universelles, identifiées aujourd’hui aux droits de l’homme. Or, pour les populations qui subissent l’invasion, les valeurs sublimes en question apparaissent souvent comme un simple masque, censé dissimuler les véritables intérêts des belligérants, et ces guerres ont des conséquences non moins désastreuses que les entreprises de conquête, destinées à procurer aux vainqueurs plus de prestige, pouvoir et richesses.» (p. 256)
«Aucune illusion n’est plus difficile à débusquer que celle qui nous fait croire que notre mode de vie est préférable à celui des gens qui vivent ailleurs ou qui ont vécu autrefois. Nous ne croyons pas aujourd’hui à l’idée d’un progrès linéaire et continu, ce qui ne nous empêche pas d’espérer que nous avançons dans la bonne direction; on a vu que cette perspective était inhérente au projet démocratique. Pourtant, à en croire certains observateurs, loin d’être marquée par un processus de civilisation, notre époque illustre un état de brutalisation croissante, à preuve le cruel XXe siècle…» (p. 258)
«Les guerres “humanitaires” suscitent peu de résistances dans les pays qui les mènent et jouissent même d’une bonne réputation, devenant la norme des interventions militaires occidentales, alors même qu’elles représentent une résurgence du messianisme politique. Malgré les crises qu’elle provoque, l’idéologie ultralibérale domine toujours les cercles gouvernementaux de nombreux pays. La globalisation économique prive les peuples de leur pouvoir politique, la logique du management, qui aboutit au formatage des esprits, se répand partout. Le populisme et la xénophobie croissent, assurant le succès des partis extrémistes.» (pp. 259-260)
«La démocratie est malade de sa démesure, la liberté y devient tyrannie, le peuple se transforme en masse manipulable, le désir de promouvoir le progrès se mue en esprit de croisade. L’économie, l’État et le droit cessent d’être des moyens en vue de l’épanouissement de tous, et participent désormais d’un processus de déshumanisation. Certains jours, ce processus me semble irréversible.» (p. 260)
«Vivre dans une démocratie reste toujours préférable à la soumission dans un État totalitaire, une dictature militaire ou un régime féodal obscurantiste. Mais, rongée ainsi par ses ennemis intimes, engendrés par elle-même, la démocratie n’est plus à la hauteur de ses promesses. Ces ennemis ont une apparence moins effrayante que ceux d’hier qui l’attaquaient du dehors, ils ne projettent pas d’instaurer la dictature du prolétariat, ne préparent pas un coup d’État militaire, ne commettent pas des attentas suicides au nom d’un dieu impitoyable. Ils portent les habits de la démocratie, et peuvent pour cette raison passer inaperçus. Ils ne représentent pas moins un véritable danger: si on ne leur oppose aucune résistance, ils finiront un jour par vider ce régime politique de sa substance. Ils conduiront à une dépossession des êtres et une déshumanisation de leur vie.» (p. 260)
* * * * *
Como dissemos, a melhor forma de transmitir alguns aspectos essenciais do livro de Todorov era proceder à transcrição de parte das suas afirmações. Trabalho árduo, e mais longo de que era inicialmente suposto. Está feito. Que a leitura do texto aproveite a todos os que se interessam pelos aspectos políticos, sociais e económicos das sociedades contemporâneas.
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