sexta-feira, 15 de abril de 2016

AS IGREJAS DE VIENA (IV)



Continuando a visita às igrejas de Viena, encontramos dois templos muito próximos do Hofburg: um, integrando o próprio palácio imperial, a Augustinerkirche (Igreja de Santo Agostinho); o outro, na praça (Michaelerplatz) em frente a uma das entradas do palácio, a Michaelerkirche (Igreja de São Miguel).








A Igreja de São Miguel, dedicada a São Miguel Arcanjo, foi outrora a igreja paroquial da Corte. É uma das mais antigas igrejas de Viena, sendo do século XIII as partes mais antigas, que revelam um românico tardio e o alvorecer do gótico. O templo sofreu numerosas modificações ao longo dos séculos. A fachada neoclássica é de 1792 e o pórtico é encimado pela estátua de São Miguel vencendo o demónio.



Os frescos renascentistas do interior são apreciáveis e o órgão de 1714 deve-se a Johann David Sieber. É o maior órgão barroco de Viena e nele tocou, apenas com 17 anos, Joseph Haydn. Foi também nesta igreja que foi executado pela primeira vez o Requiem, de Mozart, no serviço religioso em memória do compositor, em 10 de Dezembro de 1791, sendo tocadas apenas as partes concluídas uma vez que Mozart ainda não havia terminado a obra quando morreu. Um dos assistentes a esta cerimónia fúnebre foi Emanuel Schikaneder, autor do libretto de A Flauta Mágica.




O altar-mor (1782) exibe um notável estuque de alabastro representando a "Queda dos Anjos", da autoria de Karl Georg Melville. A peça central do altar é um ícone bizantino da Virgem Maria, Maria Candida, pertencendo à escola cretense de hagiografia. A capela norte, cujo altar representa "A Adoração do Menino", é de Anton Maulbertsch (1755) e do lado de fora desta encontra-se a entrada para a cripta. Nos séculos XVII e XVIII os paroquianos eram geralmente ali sepultados mas o imperador José II proibiu esse costume em 1783. Dadas as condições climáticas da cripta, ainda hoje se podem observar cadáveres bem conservados com o vestuário com que foram sepultados. A capela sul, Nikolauskapelle, permaneceu sem alterações e mantém o seu aspecto medieval, mostrando esculturas góticas de pedra sob um baldaquino (Santa Catarina e São Nicolau) e um crucifixo de madeira de Hans Schlais.



Entre os mortos ilustres sepultados na igreja conta-se Pietro Metastasio, o mais notável libretista do período barroco.







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A entrada para a Augustinerkirche faz-se por uma porta discreta na Josefsplatz, encontrando-se a igreja ligada ao Hofburg, do lado direito e sobre a Augustinerstrasse, do lado esquerdo. Construída no século XIV (foi consagrada em 1349), serviu como igreja paroquial da Corte Imperial dos Habsburg a partir de 1634.




Nela foram celebrados importantes eventos religiosos da Corte como o casamento da arquiduquesa Maria Teresa (futura imperatriz) com o duque Francisco de Lorena (1736), o casamento da arquiduquesa Maria Luísa com Napoleão Bonaparte (1810) e o do imperador Francisco José com a duquesa Elisabeth da Baviera (1854).



A igreja sofreu várias transformações com o correr dos séculos, especialmente o interior gótico no século XVIII, altura em que por decisão do imperador José II foram removidos 18 altares laterais (1784). Em 2004, foi acrescentado um altar dedicado ao último imperador da Áustria, Carlos I, altura da sua beatificação pelo papa João Paulo II.


À direita do altar-mor encontra.se a Capela do Loreto (infelizmente fechada no dia da minha visita), onde se encontram depositados, em urnas de prata, os corações dos imperadores Habsburg. 




Entre os monumentos do templo distingue-se o cenotáfio da arquiduquesa Maria Cristina, da autoria do escultor Antonio Canova.


A igreja possui dois órgãos: o órgão de Rieger e o órgão de Bach.

Órgão de Rieger

Órgão de Bach


Na parede exterior sobre a Augustinerstrasse existe uma placa evocativa do rei Jan III Sobieski da Polónia, que combateu os turcos na batalha de Viena de 1683.


Na igreja realizam-se regularmente concertos de música religiosa, especialmente dedicados a Mozart, Haydn, Schubert e Beethoven. 


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